'A ideia de tempo', de Bergson, ganha reimpressão

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segunda-feira, 25 de março de 2024

Conjunto de 19 encontros analisa de maneira direta a temática central do pensamento bergsoniano

“Abordaremos dois problemas: o do tempo e o do conhecimento conceitual”, explica Bergson na abertura de A ideia de tempo: Curso no Collège de France (1901-1902), conjunto de aulas proferidas durante aquele ano universitário, em texto inédito do filósofo que acaba de ganhar nova impressão. “Eles [os problemas] são, como mostraremos, intimamente solidários. Nosso principal objetivo é determinar e analisar a duração e, de outro lado, estudar os conceitos e as ideias. Do estudo da duração, vamos deduzir a inteligência conceitual”, continua.

“Dando seguimento ao curso sobre A ideia de causa, o curso sobre A ideia de tempo tem como traço notável o fato de que aborda de maneira direta, portanto sem o desvio pela exposição e resolução de problemáticas acessórias, aquilo que parece ser a temática central de seu pensamento”, anota o organizador da obra, Gabriel Meyer-Bisch, na apresentação.

“Ao dedicar um curso à ideia de tempo, Bergson não intencionava propor exclusivamente uma espécie de resumo de teses filosóficas que sustentavam as obras já publicadas: tratava-se precisamente de enfrentar outro problema filosófico, ao qual as reflexões sobre a causalidade, expostas entre 1900 e 1901, o conduziram, o que está de acordo, nesse ponto, com o percurso filosófico bergsoniano, que deseja que a resolução de uma dificuldade filosófica anuncie o surgimento da seguinte. A condição de resolução do problema da causalidade, presente desde Matéria e memória e que consiste em dizer que a noção tradicional da causalidade supõe a fragmentação artificial de uma realidade indivisa, conduz Bergson, em 1901-1902, a realizar um estudo da ideia de tempo em si mesma”, complementa.

Ao longo de 19 aulas, o filósofo trabalha sobre os pilares de duas questões centrais: qual é a natureza da duração e qual é a natureza do pensamento conceitual. “Ora, se essas duas questões estão ligadas, não é apenas porque a primazia do conceito sobre o real em filosofia arrisca sufocar a intuição, cujo sentido propriamente bergsoniano parece surgir nessa época, mas também porque a atividade de fragmentação da inteligência supõe a duração em sua continuidade indivisa, sobre a qual ela deve exercer-se”, assinala Meyer-Bisch.

Diferentemente de outros cursos publicados, somente a segunda metade de A ideia de tempo foi datilografada. A primeira parte é uma transcrição de anotações manuscritas de seus alunos. Esse material apresenta, portanto, algumas lacunas, o que aparece claramente na leitura de várias aulas. Apesar disso, não há dúvidas quanto à sua fidelidade ao pensamento bergsoniano.  

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