Artista plástico discute as dobras e as rugas em esculturas ocas

Artigo
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domingo, 24 de junho de 2018

Livro explora fronteiras além da arte com o intuito de ampliar determinados conceitos a partir da filosofia, matemática e cosmologia

Dobras, rugas e vazios. É apoiado nestes conceitos que o artista plástico Sérgio Romagnolo constrói pontes conceituais e estéticas entre dobras e rugas em esculturas ocas, sem corpo maciço interno, em seu A dobra e o vazio: questões sobre o Barroco e a arte contemporânea, esculpido como amálgama de sua dissertação de mestrado com a tese de doutorado e que chega como lançamento da Editora Unesp.

O livro explora fronteiras além da arte. “Em certos momentos, a reflexão em arte pode debruçar-se sobre outras áreas do conhecimento, com o intuito de ampliar o instrumental de análise com que trabalha determinados conceitos”, escreve o autor. Filosofia, matemática e cosmologia são algumas ciências tocadas por Romagnolo “no caso da dobra e da ruga, como linguagem decorrente da produção de formas tridimensionais em materiais laminados”.

“Romagnolo não escreveu esse inusitado texto para guia de suas obras”, adverte o doutor em Filosofia pela Universidade de São Paulo Alberto Tassinari, que assina o prefácio e as orelhas do livro. “Partiu delas, mas ganhou autonomia de um texto como se de ficção científica, texto no qual ele “amassa” diferentes disciplinas, autores e até mesmo parágrafos.”

Ao longo de seis capítulos, o autor tece questões sobre o Barroco e a arte contemporânea. No primeiro, explora a visão de Leibniz e de Deleuze sobre como as dobras dos tecidos do vestuário têm alma própria, diretamente vinculada ao indivíduo que as veste; no segundo, percorre a cosmologia e sua estreita relação com as dobras; já no terceiro, traz à tona a ruga primordial de José Resende; no quarto, dedica-se à materialização e desmaterialização das obras de arte, a partir dos anos 1970; no quinto, discute os processos paródicos e alegóricos; e, por fim, no sexto, trata do oco e do vazio, relacionando-os “ao que não está presente” por um caminho  e análise do “seu contrário, o presente, entendido como o estar em um lugar”.

“Aprende-se coisas. Diverte. Sisudo às vezes também. E Aleijadinho, sobre o qual Sérgio Romagnolo amassou dobras e deixou vazios em suas obras, parece-me ser central nesta obra”, anota Tassinari. “Se é que se pode falar em centro num texto em tudo claro nas partes e excêntrico no todo. O barroco de Sérgio Romagnolo.” 

Sobre o autor – Sérgio Romagnolo é artista plástico e possui graduação (1984) em Artes Plásticas pela Fundação Armando Álvares Penteado (Faap). Defendeu o mestrado com a dissertação Esculturas: rugas e alegorias (1999) e concluiu o doutorado com a tese O vazio e o oco na escultura, ambos pela Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP). Atualmente leciona no Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Tem experiência na área de Artes, com ênfase em Escultura e Pintura, atuando principalmente nos seguintes temas: arte, pintura, escultura e objeto.

Título: A dobra e o vazio: questões sobre o Barroco e a arte contemporânea
Autor: Sérgio Romagnolo
Número de páginas: 99
Formato: 14 x 21 cm
Preço: R$ 38,00
ISBN: 978-85-393-0732-6

Assessoria de Imprensa da Fundação Editora da Unesp