Clássicos do Catálogo: 'Enciclopédia', de Diderot e d'Alembert

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domingo, 11 de fevereiro de 2024

Os seis volumes da Enciclopédia, em capa dura

A seção Clássicos do Catálogo desta semana traz a premiada coleção com os seis volumes em português da Enciclopédia, ou Dicionário Razoado das Ciências, Artes e Ofícios, dos iluministas Diderot de d'Alembert (seus cinco primeiros volumes foram finalistas do Prêmio Jabuti na categoria Tradução, em 2016).

Sobre a obra

Pode-se pensar na Enciclopédia, ou Dicionário razoado das ciências, das artes e dos ofícios, publicado pela Editora Unesp, como um objeto de desejo intelectual que enriquece qualquer biblioteca. E o tem sido desde junho de 1751, um best-seller longevo e símbolo do saber. Sendo a base do Iluminismo, também se constitui em fonte de consulta valiosa para compreender como o primado da razão e do progresso associado ao trabalho sucedeu ao domínio religioso e monárquico. Mas este monumento da civilização Ocidental é igualmente um documento moderno, que pode servir de inspiração para discutir as formas de organização do conhecimento na Era da informação digital.

Neste sentido, esta edição em cinco volumes, a mais abrangente versão fora da França, surge justamente quando o pensamento racional é ameaçado por perspectivas dogmáticas que se propagam em um mundo cada vez mais fragmentado. Pois se hoje a comunicação trafega por sistemas digitais interconectados, os enciclopedistas do século XVIII já proponham construir uma grande rede de informações que abarcasse e ligasse todos os campos do conhecimento humano a partir de uma estrutura racional.

Foram traduzidos 298 verbetes, abarcando textos de 37 autores, como Diderot, d’Alembert, Jaucourt, Voltaire, Turgot e Rousseau, em um trabalho de seleção que privilegiou não só a qualidade de argumentação, mas também a literária. E das cerca de 600 imagens primorosamente desenhadas da edição original, nesta estão reproduzidas 173.

Como resultado, os volumes ficam livres de inevitáveis anacronismos, mas oferecem material mais do que suficiente para tornar acessível ao leitor brasileiro a obra que colocou o homem no centro do processo de obtenção do conhecimento, impulsionando a ciência, a filosofia e a razão para os patamares que conhecemos hoje. Se com isso eles forneceram as bases para a reinvenção do Ocidente desde o Iluminismo, podem muito bem fornecer a inspiração para novamente enfrentarmos a tarefa de repensar o mundo.

Projeto editorial ambicioso

Em junho de 1751, Diderot e d’Alembert apresentavam ao mundo o primeiro volume da Enciclopédia, ou Dicionário razoado das ciências, das artes e dos ofícios. Os últimos de seus 28 volumes saíram em 1772. Nesse ínterim, ocorreram diversas polêmicas, conflitos com nobres e religiosos e censura, já que a obra era uma declaração clara de um espírito independente, que tirava a primazia da teologia para colocar a razão e a ciência em seu lugar e afirmava os valores da burguesia (trabalho, liberdade e progresso) frente à autoridade da monarquia. Enfim, uma grande ameaça à religião e à ordem política do Antigo Regime.

Buscando resumir todo o conhecimento humano disponível até então, o projeto reuniu os principais pensadores franceses da época. A dificuldade, enfrentada por Diderot, além de organizar esse material, foi colocar lado a lado personalidades de temperamentos fortes e muitas vezes que se combatiam entre si, como era o caso de Rousseau e Voltaire.

Na obra original, os verbetes estão arranjados em uma simples ordem alfabética, que foi mantida na edição em português, mas acrescentando uma divisão temática, que se reproduz nos volumes:

1. Discurso preliminar e outros textos, onde se contextualiza e se apresenta o projeto intelectual da Enciclopédia;

2. O sistema dos conhecimentos, em cujos verbetes filosóficos se manifesta a nova concepção de mundo e uma postura que se opõe a todo fanatismo;

3. Ciências da natureza, um registro acurado do conhecimento de Física, Matemática, Química e História Natural da época;

4. Política, que, mais do que um manifesto da emergente burguesia, questiona as forças históricas e reafirma o movimento pela liberdade;

5. Sociedade e arte, que permite observar os modos como uma dada sociedade se manifesta;

6. Metafísica, último volume, que reúne verbetes dedicados a questões propriamente metafísicas.

Assessoria de Imprensa da Fundação Editora da Unesp
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