Clássicos do Catálogo: 'Homens de preto', de John Harvey

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segunda-feira, 18 de março de 2024

A relação dinâmica entre os homens e as suas roupas é o tema deste livro


Na Idade Média, os homens ricos ou pobres vestiam roupas coloridas. Na Renascença, o preto esteve na moda, mas ainda assim estava longe de ser usado por todos. No século XVIII, e mesmo nas primeiras décadas do XIX, os homens ainda usavam cores. Mas, a partir de então, a roupa masculina tornara-se cada vez mais austera e mais escura. Homens de preto, de John Harvey, − que ilustra a seção Clássicos do Catálogo desta semana − estuda a metamorfose no uso da cor preta e o poder adquirido por ela, principalmente na vestimenta masculina. Esse enfoque deve-se ao fato de o preto na roupa feminina ter mantido, até quase o século XX, a conotação de luto e de penitência.  

O autor começa o estudo no século XIX porque além de ter sido nesse período que os homens passaram a vestir mais preto, foi também nessa época que esse uso foi visto como algo intrigante. Não se entendia o fato de que, cada vez mais, os homens optavam pela vestimenta da morte. Enquanto a roupa masculina perde a cor, a feminina ganha cor e brilho. 

Ricamente ilustrada, a obra aborda a maneira como, ao longo dos séculos, o uso do preto – uma cor sem luz, e de pesar, vinculada à perda – foi adotado pelos homens não como a cor do que eles perderam, mas precisamente como a cor da posição, da posse de bens e da autoridade. A questão da vestimenta, portanto, envolve mais do que a aparência. Diz respeito também às relações entre as pessoas e a sociedade, e entre homens e mulheres. 

A publicação enfoca o uso do preto na Espanha, especialmente no reinado de Felipe II (1556-1598), na época de Shakespeare e na obra de Charles Dickens. Por fim, analisa a cor preta no mundo contemporâneo e mostra que se durante grande parte do século XIX as mulheres usaram principalmente tecidos claros, essa situação iria mudar no final daquele século, quando um uso novo, assertivo e surpreendente do preto aconteceria na roupa feminina e não na masculina. No século XX, não há uma cor dominante para os homens. Mas, o preto fúnebre não morreu. Na verdade, é no século XX que o lado mais escuro do negro dos homens chegou a seu clímax, nos anos anteriores à Segunda Guerra Mundial. O preto era, por exemplo, a cor dos fascistas britânicos.

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