Críticas cinematográficas de Guilherme de Almeida permitem reviver filmes hoje clássicos sob uma ótica modernista

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terça-feira, 19 de abril de 2016

Fausto

Em coletânea de 218 textos, poeta analisa filmes com paixão e comenta os hábitos dos frequentadores de cinema na primeira metade do século XX

CinematographosCinematographos: Antologia da crítica cinematográfica, lançamento da Editora Unesp em parceria com a Casa Guilherme de Almeida, reúne 218 textos sobre cinema, publicados pelo grande poeta modernista no jornal O Estado de S. Paulo, no período de 1926 a 1942, organizados por Donny Correia e Marcelo Tápia. Entre crônicas e críticas, disseca a força sedutora da arte cinematográfica, que pode se manifestar tanto no humor satírico de Tempos Modernos quanto no movimento silencioso de O Encouraçado Potemkin.

Mas não se trata apenas de uma coletânea. É também uma aventura. Acompanhamos Guilherme de Almeida na descoberta da câmara subjetiva com Napoléon; examinamos em uma série de artigos a figura do censor, mesmo contra a nossa vontade, pois “não temos nem poderíamos ter prazer algum em pregar pró ou contra essa sua discutibilíssima e desinteressante religião”; lamentamos a chegada do cinema falado para, logo em seguida, apreciarmos The Jazz Singer, “o documento inicial e básico da história de uma arte que começa”; descobrimos o milagre da cor nos 20 minutos de La Cucaracha; analisamos o resultado da grande experiência que é Cidadão Kane

Além do olhar contemporâneo, culto e perspicaz sobre filmes hoje clássicos, o leitor é igualmente convidado a flanar pela São Paulo da primeira metade do século XX, pois o evento social que exigia as melhores roupas de seus frequentadores e mobilizava bondes e táxis é igualmente tema de reflexão para o poeta. Há escritos, realizados desde as opiniões colhidas nas cartas dos leitores, que examinam os hábitos dos frequentadores. Em notas curtas, fala de personalidades, do mercado cinematográfico ou de melhoramentos de salas como o Theatro Santa Helena, na praça da Sé. Há ainda uma série de crônicas em que aborda ainda mais diretamente o cotidiano e cria analogias, como ao dizer, em 10 de março de 1927, que “São Paulo é uma cidade cinematográfica. Logo, é moderna. É moderna, porque tudo nela é movimento”. Sempre, como descreve Erika Lopes Teixeira no Posfácio, com “o lirismo peculiar do poeta, as figuras de linguagem, o ritmo encadeado das palavras – como se cada crônica fosse ela própria um filme – e por fim, mas igualmente importante, os preceitos modernistas”.

O lançamento oficial aconteceu no dia 12 de março de 2016, na Casa Guilherme de Almeida. Na ocasião, os organizadores Donny Correia e Marcelo Tápia, o diretor-presidente da Editora Unesp, Jézio Gutierre, e o presidente do Conselho de Educação Artística da Casa Guilherme de Almeida e autor da orelha da obra, Carlos Vogt, falaram sobre esta empreitada editorial. Assista aos vídeos:

Donny Correia

Marcelo Tápia

Jézio Gutierre

Carlos Vogt

O livro já está disponível nas principais livrarias do país.

Guilherme de AlmeidaSobre o autor - Guilherme de Almeida nasceu em Campinas, em 24 de julho de 1890. Foi um advogado, jornalista, crítico de cinema, poeta, ensaísta e tradutor brasileiro. Foi, durante décadas, o mais popular poeta paulista. Sua obra compreende mais de 70 publicações, entre poesia, prosa, ensaio, tradução, além do extenso trabalho jornalístico, ainda esparso. Em 1922, participou da Semana de Arte Moderna, seu escritório serviu de redação para os fundadores da revista Klaxon. Percorreu o Brasil, difundindo as ideias da renovação artística e literária. Foi membro da Academia Paulista de Letras; do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo; do Seminário de Estudos Galegos, de Santiago de Compostela; do Instituto de Coimbra e da Academia Brasileira de Letras. Morreu em São Paulo, em 11 de julho de 1969, em sua casa, hoje transformada no museu Casa Guilherme de Almeida.

Donny CorreiaSobre os organizadores - Donny Correia, poeta e cineasta, é mestre e doutorando em Estética e História da Arte pela USP e bacharel em Letras – tradutor e intérprete pelo Centro Universitário Ibero-Americano (Unibero). É coordenador de programação da Casa Guilherme de Almeida.

Marcelo TápiaMarcelo Tápia, poeta, tradutor, ensaísta e professor, é graduado em Letras (Português e Grego) e doutor em Teoria Literária e Literatura Comparada pela USP. É, atualmente, professor pleno do Tradusp – Programa de Pós-Graduação em Estudos da Tradução da FFLCH-USP. Dirige o museu Casa Guilherme de Almeida – Centro de Estudos de Tradução Literária, em São Paulo.

Título: Cinematographos: Antologia da crítica cinematográfica
Autor: Guilherme de Almeida
Organização: Donny Correia e Marcelo Tápia
Seleção e notas: Donny Correia
Número de páginas: 679
Formato: 16 x 23 cm
Preço: R$ 95
ISBN: 978-85-393-0619-0

Assessoria de Imprensa da Fundação Editora da Unesp