Edith Wharton expõe as mazelas da alta sociedade nova-iorquina do século XIX por meio de personagens marcantes

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segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

Gestadas no auge de seu processo criativo, as novelas “A solteirona”, “Dia de Ano-Novo”, “Falso amanhecer” e “A faísca” dão cor e forma ao realismo na literatura norte-americana do qual Wharton foi expoente

Embora, quando jovem, a estadunidense Edith Wharton já se inclinasse ao universo literário – publicou seu primeiro livro de poesia aos 16 anos –, foi só em torno dos 40 anos que passou a se dedicar consistentemente à escrita, como forma de desanuviar as tensões do matrimônio que se dissolvia. A obra resultante é notável: mais de duas dúzias de romances, centenas de narrativas curtas, relatos de viagens e poemas, que a levaram, inclusive, a ser cotada ao Nobel de Literatura em mais de uma ocasião – foi a primeira mulher a vencer o Prêmio Pulitzer, em 1921. Deste vasto universo, a Editora Unesp traz a lume A velha Nova York, obra que congrega quatro novelas da autora e integra a Coleção Clássicos da Literatura Unesp.

A produção de Edith Wharton se notabilizou por duas características principais. A primeira: a capacidade de desenvolver personagens femininas atípicas, que não se eximem de marcar posição, desconstruindo convenções sociais. A segunda: o interesse, sempre renovado a cada obra, em decifrar os mecanismos que faziam girar a roda da alta sociedade norte-americana, em particular a nova-iorquina, na transição entre os séculos XIX e XX.

Com o passar do tempo, “A solteirona” tornou-se entre os leitores a mais popular de suas histórias, muito em decorrência da forma como a autora elabora seu drama a partir de uma trindade feminina. A personagem-título é uma mãe solteira, Charlotte, que se vê forçada pelas circunstâncias a renunciar sua filha, Tina, adotada pela amiga Delia. As três conduzem suas vidas em águas aparentemente calmas, até que, com a chegada do casamento da garota, as duas mães – biológica e adotiva – precisarão acertar suas contas. Outra personagem feminina protagoniza “Dia de Ano-Novo”, Lizzie Hazeldean. Mulher casada, na noite de réveillon, na evacuação de um hotel que pegou fogo na Fifth Avenue, é vista em meio aos atordoados hóspedes em companhia do bem-apessoado Henry Prest – o que é suficiente para desencadear as mais indiscretas maledicências. O volume é completado por “Falso amanhecer”, que acompanha um conflito entre pai e filho, e “A faísca”, sobre o relacionamento, não muito convencional, do casal formado pelos personagens Hayley Delane e Leila Gracy.

Edith Wharton teve suas virtudes literárias reconhecidas em vida. Gênios das letras norte-americanas contemporâneos dela, como Ernest Hemingway, Scott Fitzgerald e, em particular, Henry James, não se cansaram de manifestar apreço pelo trabalho da autora. Ela foi o baluarte de um realismo na literatura de língua inglesa que sepultava a tradição de um romantismo de tintas mais açucaradas, de renomadas escritoras como Jane Austen e as irmãs Brontë. E o realismo de Wharton não foi meramente literário; nascida em família abastada, manteve-se, no entanto, com pés bem fincados na realidade mais dura, sempre com um olhar lúcido e atento às mazelas e disputas sociais.

Sobre a coleção – Clássicos da Literatura Unesp constitui uma porta de entrada para o cânon da literatura universal. Não se pretende disponibilizar edições críticas, mas simplesmente volumes que permitam a leitura prazerosa de clássicos. A seleção de títulos é conscientemente multifacetada e não sistemática, permitindo o livre passeio do leitor. Confira aqui as obras já publicadas.

Título: A velha Nova York
Autor: Edith Wharton
Tradução: Roberta Fabbri Viscardi
Número de páginas: 272
Formato: 13,5 x 20 cm
Preço: R$ 59
ISBN: 978-65-5711-074-4

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