Editora Unesp 30 anos: Alef Luiz Adriano, leitor

Artigo
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quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Alef Luiz Adriano, leitor

“No desespero, o morrer continuamente se transforma em viver. Quem desespera não pode morrer”. Esta curta frase ao mesmo tempo sintetiza e explica o pensamento presente em O desespero humano, de Soren Kierkegaard. Hoje Kierkegaard é visto como um filósofo essencial para compreender a filosofia do mundo ocidental, porém, em sua época, no século XIX, sua obra não teve a atenção que merecia. Entretanto, principalmente a partir da década de 1930, Kierkegaard passou a ser considerado um dos grandes nomes no panteão do pensamento ocidental, quando os seus escritos foram retomados e revisitados por Jean-Paul Sartre e Albert Camus, dando origem ao existencialismo, movimento que transformou profundamente o pensamento filosófico até os dias de hoje. E foi a partir disso que Kierkegaard entrou em minha vida.

Kierkegaard foi essencial no meu desenvolvimento como pessoa, pois me mostrou que o sofrimento, muito longe de ser algo evitável (como eu acreditava até então) é, na verdade, um elemento fundamental e inerente à existência humana, um sinal inconfundível de que estamos de fato vivendo e não apenas vagando sobre a terra. Ao contrário do que parece, não se trata de uma ideia depressiva, muito pelo contrário: se o sofrimento é inevitável, abraçá-lo acaba por se converter em uma forma de se preparar melhor para as vicissitudes que a vida coloca diante de nós. Aprender a lidar com a vida é aprender e a lidar com a dor (e, consequentemente, com o desespero).

E foi assim, entre altos e baixos, que eu me transformei com O desespero humano. Hoje, ele é um livro fundamental para mim, assim como fora outrora, mas já de forma diferente. A filosofia de Kierkegaard me ensinou a aceitar a transitoriedade da vida com serenidade, sem ser extremista ou dogmático, e sempre com a plena convicção da existência de nosso próprio desespero que, como diz o subtítulo do livro, estará presente em nossas vidas até a morte. 

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