Estudo clássico de Francisco Foot Hardman sobre a história do trabalho ganha nova edição

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domingo, 3 de março de 2024

Aos quarenta anos de sua publicação original, o mergulho histórico na cultura operária e anarquista inclui novos textos que vinculam a pesquisa às circunstâncias do tempo presente            

Publicado pela primeira vez em 1983, pela editora Brasiliense, Nem pátria, nem patrão! foi relançado em segunda edição ainda em 1984 e, antes do fim dos anos 1980, encontrava-se esgotado. Sua aparição e recepção acompanharam de perto o despertar dos movimentos sociais, em especial os operários, desde o final dos anos 1970, no longo e difícil processo de luta contra a ditadura militar. Agora, quarenta anos depois de publicado, Nem pátria, nem patrão! Memória operária, cultura e literatura no Brasil ganha uma quarta edição revista e ampliada pela Editora Unesp. Baseado tanto em fontes documentais quanto artísticas, o livro tornou-se um estudo clássico na área da história do trabalho e no campo das culturas entre operários, reconstituindo o ambiente vibrante do Brasil do início do século XX.

“Aqui não é o Grito do Ipiranga, um dos primeiros fake news do novo Estado nacional-monárquico, em 1822. Aqui é, sim, o Grito dos Excluídos e Excluídas, após 29 anos de sua criação. Movimentos sociais, populares e sindicais caminham por mais de duas horas, em São Paulo, desde a praça Oswaldo Cruz até o parque do Ibirapuera. São milhares de pessoas. A cena se repete em 23 estados e 55 cidades, por todas as regiões brasileiras. Nenhuma palavra ou nota na grande imprensa corporativa. Apenas o jornal Brasil de Fato noticia e destaca essa tradicional manifestação, cobrindo o evento em tempo real e com a relevância merecida”, escreve Foot Hardman. “Esse é um bom exemplo, real, da enorme distância entre a presença dos “de baixo” e sua visibilidade para os donos do poder e os arautos do espetáculo midiático. Nossa pesquisa originou-se da necessidade de desvendar os sinais e as representações que as classes operárias imprimiram – no mais das vezes, anonimamente – ao longo da história do Brasil moderno e republicano.”

Explorando as influências dos renomados historiadores sociais europeus, como E. P. Thompson, Eric Hobsbawm, Raymond Williams e Michelle Perrot, Foot nos conduz a uma revelação fascinante sobre o encanto radical e a energia libertadora da cultura anarquista no Brasil do início do século XX. Ao revisitar teatros operários, festas proletárias, escolas modernas, poemas, obras de literatura social, bandas de música e fotografias envelhecidas pelo tempo, incluindo uma marcante imagem de Italia Fausta, uma imigrante italiana, operária têxtil e atriz de teatro operário que se tornou uma musa consagrada de grandes companhias dramáticas, o autor transporta-nos para um universo de sonhos. Em Nem pátria, nem patrão!, somos guiados pela descoberta de um continente submerso pelas águas sujas e cinzentas do esquecimento, destacando as lutas, conflitos, greves — entendidas também como uma festa, uma bela escapada, como expressado por Michelle Perrot — e as prisões que caracterizaram esse período histórico.

“Em suas famosas teses ‘Sobre o conceito de História’, Walter Benjamin afirmava que o dever do historiador materialista é de escovar a história ‘a contrapelo’”, registra o pesquisador Michael Löwy. “O livro do amigo Foot é um belo exemplo da força subversiva desse método: insolente e irreverente — a começar pelo título, que dissolve alegremente dois dos principais pilares da ordem estabelecida no ácido da ironia libertária —, ele escova, na direção contrária, os pelos não só da historiografia dominante, mas também das histórias oficiais de esquerda, frequentemente contaminadas pelo stalinismo e/ou nacional-populismo.”

Sobre o autor – Francisco Foot Hardman é professor titular na área de Literatura e Outras Produções Culturais da Unicamp. Foi professor visitante na Universidade de Pequim (2019-20). Publicou, entre vários livros, Trem-fantasma (Cia. das Letras, 2005), Ai Qing: Viagem à América do Sul (Editora Unesp, 2019 – em colaboração com Fan Xing), Meu diário da China: a China atual aos olhos de um brasileiro (PKU Press, 2021) e A vingança da Hileia - Nova edição (Editora Unesp, 2023).  

Título: Nem pátria, nem patrão! Memória operária, cultura e literatura no Brasil – 4ª edição
Autor: Francisco Foot Hardman
Número de páginas: 443
Formato: 16 x 23 cm
Preço: R$ 92
ISBN: 978-65-5711-220-5

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