'Fé e saber', de Habermas, ganha nova tiragem

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segunda-feira, 24 de agosto de 2020

Fé e saber, de Jürgen Habermas, que acaba de ganhar nova tiragem, reproduz um discurso do filósofo proferido cerca de um mês após o 11 de setembro de 2001. Embora circunstancial, é de grande importância no conjunto da obra do pensador que, ao retomar o clássico tema fé e saber, adota uma nova expressão – “pós-secular” – que imprime mudanças em sua teoria da modernidade e torna-se presente em suas obras posteriores.

Para Habermas, o novo milênio está culturalmente dividido entre duas tendências opostas: uma propaga imagens de mundo naturalistas; outra revitaliza de modo inesperado comunidades de fé e tradições religiosas, politizando-as em escala mundial. A partir desta percepção ele propõe uma reavaliação da tese da secularização, passando a questionar o secularismo como visão de mundo. O pensador permanece fiel, porém, às proposições pós-metafísicas e seculares do pensamento moderno.  

Assim, a expressão “pós-secular” não traduz uma alternativa à pós-metafísica que norteia a modernidade. Esta permanece “secular”. “Pós-secular” remete a uma mudança de mentalidade das sociedades secularistas, que se tornam conscientes da inevitabilidade do convívio com as religiões, as quais, admite o filósofo, permanecem na cena como atores sociais importantes. A era pós-secular nada mais significa, então, do que o reconhecimento de que se tornou impossível à estrutura secular seguir adiante sozinha.

 “Para Habermas, o pensamento pós-metafísico deve adotar uma atitude simultaneamente agnóstica e receptiva diante da religião, ou seja, que se oponha a uma determinação estritamente secularista das razões publicamente aceitáveis sem, com isso, comprometer sua autocompreensão secular”, escreve, na apresentação do livro, Luiz Bernardo Leite Araújo. 

Assessoria de Imprensa da Fundação Editora da Unesp