Jair Barboza mostra entrelaçamento da obra machadiana com a filosofia de Schopenhauer

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terça-feira, 21 de junho de 2022

Texto sustenta que filósofo alemão foi transformado por Machado de Assis numa personagem em forma de caricatura, e a sua filosofia, num objeto de carinhosa paródia  

Em dado momento de sua aventura pelos sistemas filosóficos, Machado de Assis encontrou e foi magnetizado pelo pensamento de Arthur Schopenhauer. E com tal intensidade que – como mostra Jair Barboza em O náufrago da existência: Machado de Assis e Arthur Schopenhauer – Caricatura, paródia, tragédia e ética animal, lançamento da Editora Unesp, – “com ele estabeleceu um diálogo que muito agrada espiritualmente”, afirma o autor, ancorado em recente descoberta bibliográfica e detalhado exame conceitual.

“Machado de Assis e Arthur Schopenhauer. Dois gênios da República das Letras que, através de suas possantes fantasia e erudição, criaram belos e bem irrigados vasos comunicantes entre literatura e filosofia”, explica Barboza. “Com efeito, de um lado, aclimatou Machado de Assis complexos conceitos da filosofia a sua ficção; de outro, transplantou Schopenhauer límpidas cenas da literatura na sua metafísica.”

Jair Barboza defende três teses, nas palavras do professor da Universidade Federal da Bahia Kleverton Bacelar: 1) um autor é a soma daquilo que lê com o que vê através da fantasia; 2) a personagem machadiana Quincas Borba filósofo é uma caricatura de Schopenhauer; 3) a esquisita filosofia de Quincas Borba, o Humanitismo, é uma paródia do pessimismo metafísico de Schopenhauer. “Provocadoras, tais teses, que entrelaçam literatura e filosofia, têm um valor intrínseco para a crítica literária mais habituada a transgredir a clivagem dos gêneros de discurso e causam uma surpresa: sua abordagem ensaística revela um autor marcado, ao mesmo tempo, pela leveza e pela profundidade do ensaio como forma. O criterioso tradutor e preciso comentador de Schopenhauer aparece aqui transfigurado, mas sem perder o rigor”, conclui Bacelar.

Este é um livro destinado não só a quem lê, estuda e pesquisa Machado de Assis e Arthur Schopenhauer, mas também a quem se interessa pela especial intersecção entre literatura e filosofia.  

Sobre o autor - Jair Barboza obteve o título de doutor em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP) e fez pós-doutorado na Universität Hamburg e na Universität Frankfurt como pesquisador da Alexander von Humboldt-Stiftung (Alemanha). Foi professor na graduação e na pós-graduação da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Paraná, em Curitiba, e da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis. Verteu textos clássicos de filosofia do alemão para o português, destacando-se a versão integral de O mundo como vontade e como representação, de Arthur Schopenhauer, tomos I e II (Editora Unesp). É autor, dentre outros livros, de Schopenhauer, a decifração do enigma do mundo (Moderna) e Infinitude subjetiva e estética: natureza e arte em Schelling e Schopenhauer (Editora Unesp).  

Título: O náufrago da existência: Machado de Assis e Arthur Schopenhauer – Caricatura, paródia, tragédia e ética animal
Autor: Jair Barboza    
Número de páginas: 179
Formato: 13,7 x 21 cm
Preço: R$ 64
ISBN: 978-65-5711-113-0

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