Jornalista e pesquisador Carlos Orsi explora as raízes dos eventos milagrosos

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terça-feira, 24 de agosto de 2021

Obra facilita o acesso do público em geral às conclusões de estudos científicos em diversos campos
sobre a evidência de milagres e outros fenômenos espantosos da religião 

Ciência e religião comumente são tratadas como “ministérios” separados: a primeira trata dos fatos do mundo físico, e a segunda, das questões da alma. Por um lado, os fatos da ciência são inegáveis, pois as leis fundamentais da física são as mesmas em toda parte: não importam a cultura ou os costumes de uma sociedade, aviões voam (ou caem) e prédios param em pé (ou não) se obedecerem (ou violarem) princípios universais. Por outro lado, a diversidade de doutrinas, opiniões e visões de mundo das mais diferentes manifestações religiosas é um dos maiores tesouros do espírito humano. A despeito do forte contraste entre essas duas esferas, a fronteira entre elas nem sempre é clara: não há texto sagrado que não faça referência a maravilhas que teriam se manifestado na realidade palpável, convidando – quando não desafiando – o olhar da ciência. É a partir dessa perspectiva que o jornalista e pesquisador Carlos Orsi apresenta a segunda edição revista e ampliada de seu O livro dos milagres: o que de fato sabemos sobre os fenômenos espantosos da religião, lançamento da Editora Unesp, em que busca facilitar o acesso do público às conclusões científicas sobre eventos tidos como milagrosos – explicando-os e contextualizando-os.

“Para ajudar na compreensão desses fatos e lhes oferecer um pouco de cor e perspectiva, fontes são citadas e, sempre que possível, é descrito um pouco do ambiente histórico que cercou cada evento e investigação”, anota Orsi. “Alguém poderia questionar o propósito e, até mesmo, a sabedoria de se estudar cientificamente os milagres. Trato da questão de forma mais aprofundada no capítulo sobre o poder da oração, mas minha justificativa se liga ao argumento feito, no século XIX, pelo matemático William Clifford (1845-1879), em seu ensaio A ética da crença: aquilo que você acredita ser verdade influencia suas decisões, e elas provocam efeitos sobre as pessoas ao seu redor e sobre a sociedade.”

Ao longo de 16 capítulos, o autor oferece evidências coletadas por cientistas a respeito de fenômenos como possessão demoníaca, relíquias de sangue, ressurreição e o “falar em línguas”. “O Mar Vermelho nunca se abriu para os hebreus. Não houve pragas no Egito. O Sol não parou no céu para ajudar o exército de Josué. O verso do Evangelho de Mateus, com a profecia de que o Messias seria filho de uma virgem, na verdade, não passa de um erro de tradução”, enumera Orsi. “O que você leu pode lhe ter parecido chocante, mas nada disso é realmente novidade. São fatos, em sua maioria conhecidos há décadas (quando não há séculos) por especialistas de diversos campos, incluindo os de história, arqueologia, linguística, psiquiatria, mitologia e, inclusive, teologia. Esses fatos, entretanto, não são fáceis de encontrar.”

O livro não é um ataque a esta ou aquela fé, seja individual ou coletiva. “Esta obra não é um desafio à fé de ninguém. Em termos concretos, nenhuma fé verdadeira pode ser desafiada pela mera exposição factual. O que este livro pode fazer, no entanto, é abalar as muletas, necessariamente já precárias, sobre as quais algumas pessoas vêm apoiando o que imaginam ser a fé que têm”, instiga. Carlos Orsi convida o leitor a repensar se suas convicções não estariam baseadas em mitologia travestida de história, em metáforas levadas a sério demais, em superstição posando como dado concreto.

Sobre o autor – Carlos Orsi é jornalista e escritor. Atua como editor-chefe da revista Questão de Ciência e é fundador do instituto de mesmo nome. Formado pela Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP), escreveu obras dedicadas à divulgação científica, como Pura picaretagem (sobre charlatanismo quântico, em coautoria com o físico Daniel Bezerra), Livro da astrologia e Ciência no cotidiano (em coautoria com Natalia Pasternak). Em 1997, criou no Grupo Estado a seção online “Ano 2000”, iniciativa pioneira de divulgação científica na internet nacional. Foi repórter especial do Jornal da Unicamp, no qual manteve a coluna “Telescópio”, e colaborou com a revista Galileu com a coluna “Olhar Cético”, em que tratava de pseudociências e temas polêmicos sob a ótica científica. Em 2021, estreou como autor de trabalhos acadêmicos, com artigos publicados nos periódicos Frontiers in Communication e Genetics and Molecular Biology

Título: O livro dos milagres: o que de fato sabemos sobre os fenômenos espantosos da religião – 2ª edição revista e ampliada
Autor: Carlos Orsi
Número de páginas: 154  
Formato: 13,7 x 21 cm
Preço: R$ 46
ISBN: 978-65-5711-059-1

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