Pesquisador analisa situação do negro no campo brasileiro

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domingo, 25 de setembro de 2022

Eduardo Paulon Girardi examina a indissociabilidade entre as questões agrárias e raciais no Brasil  

Como a questão agrária afetou e a afeta os negros no campo brasileiro? Para responder à questão, o pesquisador Eduardo Paulon Girardi traz a público A indissociabilidade entre a questão agrária e a questão racial no Brasil: análise da situação do negro no campo a partir dos dados do Censo Agropecuário 2017, lançamento da Cultura Acadêmica, selo da Fundação Editora da Unesp, disponível para download gratuito.

Para o autor, a indissociabilidade entre racismo e questão agrária ocorre por duas razões. Em primeiro lugar, “pelo fato de que a situação atual de segregação em que se encontram os negros no Brasil, no campo e na cidade, tem origem histórica no racismo, na escravidão e na questão agrária do período de transição do trabalho escravo para o trabalho livre no país”, pontua. Em segundo, “porque, desde o início tolhidos de um justo acesso à terra e aos meios adequados para explorá-la e submetidos ao racismo sistêmico que caracteriza a sociedade brasileira, os negros ainda hoje continuam em situação de inferioridade socioeconômica em relação aos brancos no campo, o que faz com que a questão racial seja uma importante dimensão da questão agrária contemporânea.”

No capítulo um, Girardi estabelece as bases conceituais sobre o racismo e questões correlatas, assim como apresenta um panorama geral sobre o racismo e suas consequências no Brasil. No seguinte, demonstra a indissociabilidade entre a questão agrária e a questão racial no Brasil e suas consequências, para os negros, das três leis políticas que foram implementadas com base no interesse da elite agrária: a Lei de Terras de 1850, a Lei Áurea e a política de imigração de trabalhadores europeus. Já no terceiro, define a questão agrária como um problema estrutural, apontando os principais momentos históricos em que a elite decidiu não realizar a reforma agrária. No capítulo final, analisa os dados do Censo Agropecuário 2017 e outros que contribuem para explicar a atual situação do negro no campo.

“O autor realiza uma revisão histórica e conceitual indispensável, porque a historiografia brasileira geralmente ignora os perdedores (os ex-escravos) e dá pouca atenção à acomodação deles à nova vida como indivíduos livres”, pontua, na orelha da obra, o professor do Programa de Pós-Graduação em Geografia Humana da Universidade de São Paulo (USP) Hervé Théry. “Girardi conta com uma extensa bibliografia internacional e, sobretudo – e isso é muito mais raro na ciência social brasileira –, utiliza como procedimento metodológico principal o mapeamento e a exploração dos dados do Censo Agropecuário 2017, disponibilizados segundo a raça do produtor responsável pelo estabelecimento agropecuário.” A conclusão é que a questão agrária e o racismo combinados expulsaram os negros para as regiões mais pobres do país, restringiram seu acesso à terra e fizeram com que eles tenham os piores indicadores de qualidade de vida e de condições de produção no campo.  

Sobre o autor – Eduardo Paulon Girardi é professor do Departamento de Geografia e do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), câmpus de Presidente Prudente, licenciado, bacharel e doutor em Geografia pela mesma instituição. É líder do Núcleo de Estudos, Pesquisas e Projetos de Reforma Agrária (Nera), autor do Atlas da Questão Agrária Brasileira e bolsista de produtividade em pesquisa (PQ-2) do CNPq.  

Título: A indissociabilidade entre a questão agrária e a questão racial no Brasil: análise da situação do negro no campo a partir dos dados do Censo Agropecuário 2017
Autor: Eduardo Paulon Girardi
Número de páginas: 136
Formato: 13,7 x 21 cm 
Download gratuito
ISBN: 978-65-5954-229-1 (eBook)  

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