Universidades mundo afora celebram modernismo brasileiro

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quarta-feira, 30 de março de 2022

Composição (Figura Só), de Tarsila do Amaral (1930)

Teve início na Espanha, em fevereiro, o Congresso Intercontinental Modernismo Brasileiro  100 anos, uma iniciativa que reúne 11 instituições de ensino em seis países diferentes – além da Espanha, fazem parte Brasil, Portugal, Angola, França e Itália. E é neste último que será realizada, em Perugia, a próxima etapa da celebração mundo afora do movimento modernista brasileiro. Neste trecho do percurso, participa a professora, pesquisadora e autora da Editora Unesp Vera Lúcia de Oliveira, que vai integrar diversas mesas-redondas ao longo do ciclo de palestras Realidade e Utopia no Modernismo Brasileiro.

De sua autoria, a Editora Unesp publicou Poesia, mito e história no Modernismo brasileiro – 2ª edição (versão e-book aqui), obra com mais de 300 páginas que conta com a análise de textos fundamentais da poesia modernista brasileira, mostrando como se cumpriu a difícil tarefa de aliar as peculiaridades e heranças de uma cultura com o tratamento de valores e questões universais.

"A escolha do tema está ligada ao meu interesse pela poesia do século XX, sobretudo a dos Modernismos brasileiro e português que tanto marcaram, pelas radicais propostas e novidades, os percursos literários e artísticos dos dois países", pontua a autora. "No Modernismo brasileiro, além disso, a individualização de novas linguagens, em consonância com as transformações da sociedade, conjugou-se à necessidade de redefinição de uma identidade cultural que abrangesse todos os segmentos sociais do país, alguns até então marginalizados ou não suficientemente considerados."

Vera Lúcia de Oliveira participa de painéis nos dias 7, 21 e 22 de abril de 2022. O evento será transmitido ao vivo e pode ser ser acessado por meio de QR Code nesta página – a programação completa, com os horários de cada mesa, também está aqui, ao final da página.

Sobre o congresso

O CIMBr–100Anos une numa aliança de colaboração onze instituições de cinco países em três continentes, a saber: Brasil (Universidade Estadual Paulista – Unesp, Universidade Federal de Rondônia – Unir e Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC); Espanha (Universidad Complutense de Madrid – UCM e a Asociación de Profesores de Lengua Portuguesa en España – Aplepes); Portugal (Universidade Aberta, Universidade Fernando Pessoa e Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias – Clepul, da Universidade de Lisboa); Itália (Universidade de Pádua e Universidade de Perugia); e Angola (União dos Escritores Angolanos – UEA). No transcurso de 2022, cada país organizará atividades que estarão incluídas nas comemorações dos 100 anos da realização da Semana de Arte Moderna, marco de início do modernismo brasileiro, que teve lugar de 13 a 18 de fevereiro de 1922, em São Paulo.

Momento de ebulição de ideias e vanguardas artísticas, a Semana, idealizada por nomes como Oswald e Mário de Andrade e Di Cavalcanti, ocorreu no Theatro Municipal de São Paulo (foto à esq.) e foi marcada por apresentações de dança, música, recital de poesias, palestras e exposição de obras de pintura e escultura.

A reação de grande parte da sociedade foi de choque e espanto diante das propostas de renovação artística que o movimento propunha e marcou a Arte Brasileira.

Dada a abrangência do movimento modernista e o legado deixado, o CIMBr–100Anos pretende proporcionar uma visão geral dessa etapa que revolucionou diversos campos do saber e serviu de referência para criadores futuros. Fomenta-se, assim, a participação de professores e pesquisadores de distintos países e de distintas áreas de conhecimento, como Literatura, Artes Plásticas, Arquitetura, Música, Dança, Cinema e Fotografia, a fim de alcançarmos uma representação artístico-cultural mais ampla e heterogênea do que significou o modernismo e da sua influência nas vanguardas que lhe sucederam nesses três continentes.

A Editora Unesp possui, em seu catálogo, diversas obras que tratam do movimento modernista, no Brasil e no mundo, e de seus desdobramentos.

Macunaíma: O herói sem nenhum caráter
Autor: Mário de Andrade | 188 páginas | R$ 45

Em Macunaíma, o herói sem nenhum caráter, Mário de Andrade radicaliza o uso literário da linguagem oral e popular que já havia utilizado em seus livros anteriores e mistura folclore, lendas, mitos e manifestações religiosas de vários recantos do Brasil, como se fizessem parte de uma unidade nacional. Macunaíma, que ora é índio negro ora é branco, até hoje é considerado símbolo do brasileiro em vários sentidos: o do malandro esperto, amoral, que sempre consegue o que quer, e o do povo perdido diante de suas múltiplas identidades. Nas palavras do próprio autor, “Macunaíma vive por si, porém possui um caráter que é justamente o de não ter caráter”.

Política do modernismo 
Autor: Raymond Williams | 328 páginas | R$ 72 |

Nesta obra, o intelectual britânico reafirma a radicalidade da sua crítica cultural – e social. Revela, ainda, uma inquietante preocupação com a relação ambivalente entre política revolucionária socialista e vanguarda artística. O teórico investiga as raízes do modernismo e o contextualiza não só nas profundas transformações sociais da época, mas também nas relações de produção das quais participavam seus artistas expoentes nos centros de dominação metropolitana.

Cinematographos 
Autor: Guilherme de Almeida | Organização: Donny Correia e Marcelo Tápia | 679 páginas | R$ 110

Crítica cinematográfica: uma vertente - hoje quase desconhecida, da produção do poeta modernista Guilherme de Almeida (1890-1969) certamente causa uma grata surpresa ao leitor. Por meio dela, aqui representada por 218 textos, publicados entre 1926 e 1942 no jornal O Estado de S. Paulo, é possível reviver o período de transição entre a "arte do movimento silencioso" e o filme falado, bem como a presença pujante dos cinemas em São Paulo nas primeiras décadas do século XX e sua importância no cotidiano cultural da cidade.

Carlos Gomes: um tema em questão 
Autor: Lutero Rodrigues | 344 páginas | R$ 74 impresso | R$ 47,43 e-book

Carlos Gomes: um tema em questão concentra-se sobre a vida e a obra de Antônio Carlos Gomes, considerado o “primeiro gênio musical não só da América do Sul como de todo o Novo Mundo”, alguém que alcançou reconhecimento dos intelectuais do início do século XIX e assistiu ao próprio sucesso ser festejado entre diversas camadas sociais.

Muito além do melodramma
Autor: Marcos Pupo Nogueira | 320 páginas | R$ 76 impresso | R$ 50 e-book

Os prelúdios e sinfonias de Carlos Gomes contrastam com os rótulos associados a ele ao longo do tempo: ora um compositor romântico e um melodista "inspirado", ora um compositor conservador e datado que realizou "transplantações para o nosso mundo dinâmico de melodias mofinas e lânguidas, marcadas pelo metro de outras gentes", como o definiu, numa velada referência, o modernista Graça Aranha durante a conferência inaugural da Semana de 22. Essas críticas realizadas pelos modernistas desencorajam durante muito tempo uma avaliação mais profundo da obra de Gomes. Neste livro, Marcos Pupo Nogueira analisa a extensão e a diversidade dos diálogos do compositor paulista com as estéticas musicais dos anos 1970, 1980 e início dos 1990 do século XIX e demonstra como as ideias de Gomes para o gênero orquestral contribuíram para o processo de transformações pelas quais têm passado essas formas sinfônicas desde seu surgimento no século XVII.

Aberturas e impasses
Autor: Paulo de Tarso Salles | 264 páginas | R$ 65 impresso | R$ 42,07 e-book

Em Aberturas e impasses, Paulo de Tarso Salles examina o conceito de pós-moderno, em suas variadas definições e implicações ideológicas, sociológicas e políticas. Com base nesse conceito, discute a música erudita brasileira produzida entre as décadas de 1960 e 1980. Desse modo, levanta os principais debates que alimentaram sua realização. A leitura crítica e rigorosa que Paulo de Tarso Salles faz do tema jamais se perde na discussão do pormenor e do periférico, apesar da diversidade bibliográfica e do pluralismo que necessariamente permeiam uma pesquisa dessa natureza. Por tudo isso, Aberturas e impasses é um trabalho original, que certamente oferece uma original perspectiva metodológica de abordagem da música erudita brasileira.

Lundu do escritor difícil
Autora: Maria Elisa Pereira | 232 páginas | R$ 60 impresso | R$ 32,03 e-book

Literatura e música entrelaçaram-se na vida de Mário de Andrade, impulsionando-o a viabilizar o Congresso da língua nacional cantada, em 1937. Este livro defende que esse episódio ligou-se à relevância dada pelo mestre Mário à educação e à cultura como ferramentas reformadoras da sociedade e à atuação de uma elite instruída nesse processo; analisa alguns de seus trabalhos que tenham como fio condutor temas como língua nacional, canção e interpretação buscando o porquê do alto valor atribuído a eles; e apresenta algumas de suas reflexões a respeito de nomes do cenário artístico, nas quais firmou o seu conceito a respeito da função social do intelectual. Além disso, este volume evidencia a pluralidade de ocupações e preocupações do autor de Macunaíma: um pouco de cada faceta sua se revela neste obra, essencial para intérpretes, musicólogos e estudiosos da cultura.

João Batista Vilanova Artigas 
Autor: Miguel Antonio Buzzar | 456 páginas | R$ 102 impresso | R$ 64,25 e-book

Tendo em vista lacunas existentes não apenas na historiografia sobre a obra de Vilanova Artigas, mas sobre a arquitetura brasileira em geral, Miguel Antonio Buzzar se empenha em apresentar neste livro um panorama detalhado do Modernismo no Brasil, ao mesmo tempo que o articula com os caminhos da produção de Artigas.

A década de 1920 e as origens do Brasil moderno
Organização: Helena Carvalho de Lorenzo e Wilma Peres da Costa | 256 páginas | R$ 74 impresso | R$ 40,80 e-book

Nesta coletânea de artigos, a década de 1920 é vista como um marco na alavancagem da modernização do país. Os diversos aspectos econômicos, políticos e sociais deste período são tratados com agudeza e profundidade, traçando um painel ao mesmo tempo apaixonante e elucidativo de um dos momentos fundamentais da história recente do Brasil.

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