Viver na rua e no Projeto Casa
Por mais que se denuciem violências contra a criança, ela ainda é vista por muitos como um ser humano incompleto, inferior. Sem voz social, não é reconhecida como protagonista de sua própria vida familiar ou escolar, sendo submetida a condições desumanas, sofrendo coerções e situações de desprazer totalmente desnecessárias ao seu crescimento, desenvolvimento e manutenção de seu bem-estar psíquico. Este livro lança um olhar histórico sobre a noção de infância e de assistência à criança, realizando enlaces entre diferentes violências, sejam elas de cunho familiar, cultural ou escolar. A autora estuda a importante questão dos meninos de rua, incluindo as oficinas e vivências realizadas com as crianças estudadas na pesquisa.
Carmen Sílvia Sanches Justo é psicóloga, mestre em Psicologia da Educação pela PUC-SP e doutora em Educação pela Faculdade de Filosofia e Ciências da Unesp, câmpus de Marília, onde leciona no Departamento de Psicologia da Educação. Realizou estudos pós-graduados na Universitat Ramón Lhull, Barcelona. Publicou artigos em revistas nacionais e estrangeiras a participou do livro Educação no fim do século, editado por Marília Unesp Publicações (2000).
Este trabalho enceta uma reflexão sobre o emprego da etnografia na pesquisa educacional, indicando pistas na sua utilização e algumas armadilhas postas. O autor parte do pressuposto de que há uma indissociabilidade entre teoria e método, de modo que não se pode reduzir a etnografia a uma simples técnica de “coleta de dados” – o que seria deturpação. Nesse sentido, para Amurabi Oliveira pensar a etnografia no campo da educação é pensar a produção do conhecimento antropológico na educação. A partir desta perspectiva, o autor refuta algumas posições (amplamente difundidas no âmbito da pesquisa educacional) que afirmam que não há pesquisas etnográficas em educação, mas apenas pesquisas do “tipo etnográfico”, perspectiva que se origina de uma leitura reducionista da etnografia e extremamente superficial, ou mesmo inexistente, da antropologia.
O estudo de Carolina Biscalquini Talamoni analisa e interpreta os processos de ensino e aprendizagem engendrados no âmbito das aulas da disciplina Anatomia Geral e Humana, ministrada a estudantes de cursos de licenciatura em Ciências Biológicas. A autora contempla as problemáticas relacionadas à questão metodológica e à familiarização dos estudantes com o ambiente do laboratório, de modo a cumprir objetivos que ela considera fundamentais. O primeiro é contextualizar a aula do ponto de vista histórico, cultural, psicológico. O segundo é produzir uma análise minuciosa da descrição densa enquanto metodologia de pesquisa pertinente para investigações nos campos das Ciências Sociais e da Educação. Por fim Talamoni almeja demonstrar a descrição densa enquanto resultado e também produto da pesquisa.
O primeiro dos cinco capítulos do livro, “Anatomia, ensino e entretenimento” traz um histórico da Anatomia no mundo, a fim de proporcionar um panorama geral da constituição da disciplina anatômica no âmbito da cultura ocidental. No segundo capítulo a autora aborda a história da disciplina no Brasil.
O capítulo três, teórico e de revisão bibliográfica, procura orientar o leitor sobre os fundamentos do Programa da Descrição Densa de Clifford Geertz, além e discutir críticas ao programa e as possibilidades de observação proporcionadas pela metodologia, ainda pouco explorada no campo da Educação no Brasil. Em consonância com as propostas da descrição densa, o quarto capítulo trata dos personagens que compuseram o cenário mais abrangente da descrição propriamente dita, enquanto o último apresenta uma descrição densa da disciplina Anatomia Geral e Humana.
Este livro se insere no campo da história da educação contemporânea compreendida como parte da história da cultura, e propõe uma ruptura com as clássicas matrizes disciplinares legadas pelo conhecimento moderno.
Em um percurso no qual se entrelaçam debates teóricos e metodológicos sobre alfabetização, Mortatti destaca o problema do método como objeto de estudo privilegiado da reflexão pedagógica no Brasil. Essa escolha serve de eixo a uma reconstrução da história da alfabetização, que vai do aparecimento da Cartilha maternal (1876) às pesquisas sobre psicogênese e ontogênese da língua efetuadas nos anos 1980.
O autor busca refletir sobre a força da lealdade à palavra dada, valor que, para algumas pessoas, determina julgamentos frequentemente contrários aos deveres e a qualquer outro valor moral necessário à existência da sociedade.