Os textos reunidos nesta obra procuram apresentar as novas interpretações que os analistas da produção de Gilberto Freyre têm recentemente elaborado e fornecer ao leitor um roteiro, uma aproximação original a temas e problemas já tratados, bem como a descoberta de novas perspectivas e frentes de reflexão. O pensamento de Gilberto Freyre esteve à frente do seu tempo pelas questões que aborda, pela metodologia inovadora de que faz uso e pelas fontes inusitadas a que recorre, como se observa em: Casa Grande & Senzala (1933) - uma inversão nas leituras racistas disponíveis no período fazendo com que a mestiçagem, vista como origem de nossos males, transforme-se em nossa maior virtude; Sobrados e Mucambos (1936) - dá continuidade à análise da família patriarcal no Brasil, ampliando temas e questões que dizem respeito não apenas ao período e à decadência do patriarcalismo, mas que atingem a cena contemporânea, como as relações entre o público e o privado; e Nordeste (1937) - belíssimo livro, em que o sociólogo envereda de modo original por domínios pouco conhecidos, como o das relações entre cultura e natureza, apresentando o interesse inédito pela higiene, alimentação e culinária, bem como a preocupação com os hábitos íntimos, com o corpo, vida sexual, moda, comportamentos femininos, entre outros. Será possível ao leitor percorrer caminhos e veredas à primeira vista "menores", mas que permitem alcançar as linhas de força que estruturam a sociedade brasileira.
Ethel Volfzon Kosminsky é socióloga, com doutorado pela USP; livre-docente junto ao Departamento de Sociologia e Antropologia da Faculdade de Filosofia e Ciências da Unesp, câmpus de Marília, e coordenadora do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais da mesma instituição. É organizadora de Agruras e prazeres de uma pesquisadora: ensaios sobre a sociologia de Maria Isaura Pereira de Queiroz e autora de Rolândia, a terra prometida: judeus refugiados do Nazismo no norte do Paraná e de diversos artigos e capítulos de livros.
Claude Léine é antropóloga, com doutorado pela USP; livre-docente junto ao Departamento de Sociologia e Antropologia da Faculdade de Filosofia e Ciências da Unesp, câmpus de Marília, e coordenadora do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais da mesma instituição. É autora de O inconsciente na Antropologia de Lévi-Strauss, Os estereótipos da personalidade no candomblé nagô, A doença mental entre os iorubas da Nigéria, Os dois reis do Danxome: varíola e monarquia na África Ocidental 1650/1800 e Iyami Osoronga revisitada: a força das mulheres e a cólera dos homens.
Fernanda Arêas Peixoto é doutora Antropologia Social pela USP e professora do Departamento de Antropologia da USP. É autora, entre outros, de Diálogos Brasileiros: uma análise da obra de Roger Bastide e Freyre e Bastide: os dois lados da luneta.
Mais que uma biografia ou uma nova interpretação da obra de Gilberto Freyre, Maria Lúcia Pallares-Burke nos oferece uma narrativa que acompanha os elementos formadores do pensamento freyriano. Esta ampla pesquisa revela a trajetória do autor de Casa grande & senzala, o mundo cultural no qual ele estava inserido e as influências anglo-americanas e nacionais que o levaram a abandonar a falácia do racismo científico e a entender a miscigenação sob uma nova perspectiva. Gilberto Freyre: um vitoriano dos trópicos nos apresenta as ideias que, absorvidas e transformadas, permitiram a Freyre gerar a contribuição original e definitiva que mudou a maneira como o Brasil se percebia.
Em Aberturas e impasses, Paulo de Tarso Salles examina o conceito de pós-moderno, em suas variadas definições e implicações ideológicas, sociológicas e políticas. Com base nesse conceito, discute a música erudita brasileira produzida entre as décadas de 1960 e 1980. Desse modo, levanta os principais debates que alimentaram sua realização. A leitura crítica e rigorosa que Paulo de Tarso Salles faz do tema jamais se perde na discussão do pormenor e do periférico, apesar da diversidade bibliográfica e do pluralismo que necessariamente permeiam uma pesquisa dessa natureza. Por tudo isso, Aberturas e impasses é um trabalho original, que certamente oferrece uma original perspectiva metodológica de abordagem da música erudita brasileira.
As conferências e os comentários reunidos neste volume se concentram nas obras de filósofos e cientistas sociais que estão marcados de um modo particular por seus contextos históricos. As duas últimas contribuições tematizam os próprios contextos.
Este livro procura discutir as principais contribuições para a ciência do pensador russo Piotr Kropotkin, um dos principais intelectuais do anarquismo no fim do século XIX e início do século XX. Embora respeitado no século XIX, ainda são escassos os debates sobre a obra de Kropotkin, principalmente sobre sua teoria do apoio mútuo e a influência que ela teria na organização dos seres vivos (incluindo os seres humanos). Relacionando suas pesquisas empíricas na Sibéria com a questão darwinista da “sobrevivência do mais capaz”, Kropotkin percebe que, ao contrário do que afirmavam alguns evolucionistas, naquela região predominava uma “estranha” sociabilidade, na qual se destacava a solidariedade entre indivíduos de uma mesma espécie, que desse modo conseguiam levar vantagem sobre seus “inimigos” naturais. Compreender a teoria do apoio mútuo e suas implicações no debate científico do século XIX permite-nos também perceber de que forma Kropotkin contribuiu para a constituição teórica de uma Geografa mais humanista, solidária e crítica.
Andando na contramão das tendências contemporâneas nas Ciências Políticas, Bobbio demonstra, neste livro, a atualidade da distinção entre esquerda e direita. O ponto de ruptura encontra-se na diversidade dos modos de encarar o problema da desigualdade social e de traçar seus diagnósticos e prognósticos. Com isto, desvela-se a permanência de antigos conflitos por trás de novas situações socioeconômicas.