Nesta obra, que simboliza um exemplo da melhor antropologia social produzida no Brasil, a autora aborda a questão das relações raciais e sexuais no Brasil, em contraste com a experiência sul-africana. Baseada em entrevistas, observação etnográfica, dados demográficos, ficção literária, leis, teorias sociológicas, entre outros materiais e fontes, é colocado em discussão o modo como os relacionamentos afetivo-sexuais inter-raciais se estruturam e são pensados em diferentes sociedades, de acordo com políticas sexuais adotadas em distintos contextos nacionais.
Laura Moutinho graduou-se em Ciências Sociais, é mestre em Sociologia e doutora em Anrtropologia pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia e Sociologia do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Atualmente é professora visitante do Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva do Instituto de Medicina Social da UERJ e pesquisadora vinculada ao Centro Latino-americano em Sexualidade e Direitos Humanos.
O grande desafio deste livro está na habilidade de realizar análises críticas de três dos principais escritores em língua portuguesa de todos os tempos: Guimarães Rosa, Machado de Assis e Carlos Drummond de Andrade. Os elementos comuns estudados incluem a crítica à sociedade patriarcal nacional e, acima de tudo, uma ponte constante, com idas e voltas, entre a história e a literatura.
Roncari consegue desvendar caminhos interpretativos com base na leitura atenta de descrições de cenas e paisagens, além de verificar como a escrita se comunica com o poder econômico e social. Texto e contexto são assim relacionados com extrema competência, mostrando como instabilidades de ordem social presentes no sistema capitalista encontram reflexo na literatura e vice-versa.
Em um momento histórico no qual o analfabetismo apresenta-se como intolerável, a questão metodológica da alfabetização aparece como central. Tendo em vista tal realidade, José Morais analisa vários aspectos da chamada arte de ler. Partindo das estruturas mentais envolvidas na leitura, da relação entre linguagem falada e linguagem escrita, Morais centra-se nos mecanismos de aprendizagem e nos distúrbios que podem ocorrer nesse processo. Mediante essa estratégia, ele pode desenvolver o estudo dos diferentes métodos, a fim de apresentar as possibilidades terapêuticas que se oferecem hoje aos que não dominam as práticas de leitura.
O tempo livre é visto hoje como elemento indispensável na busca de melhor qualidade de vida. Isso nos permite afirmar que as atividades que o preenchem e as formas de desfrutá-lo constituem via de acesso privilegiada para a compreensão e dinâmica cultural e dos valores sociais contemporâneos. Valendo-se dessa percepção, Magnani desenvolveu uma das primeiras pesquisas etnográficas realizadas no Brasil sobre as modalidades de entretenimento e suas relações com a rede de lazer.
O leitor encontra, neste livro, uma história e uma etnografia de Iauaretê, povoado indígena multiétnico situado no médio rio Uaupés, fronteira Brasil-Colômbia, noroeste da Amazônia brasileira. O tratamento das fontes históricas e do material empírico é um exercício dedicado à elucidação das premissas sociocosmológicas pelas quais os grupos indígenas descrevem e vivenciam as transformações sociaisd que se passaram na região desde o início da colonização no século XVIII.
Este estudo revela a importância de pregadores imperiais como gênese de uma intelectualidade brasileira, no início do século XIX. Ele demonstra o papel fundamental da oratória sagrada no Brasil oitocentista, em um tempo onde o analfabetismo era imenso, e a palavra falada, o principal mote às discussões locais. A Corte havia chegado recentemente, o sistema administrativo estava ainda em formação, e as igrejas constituíam os poucos espaços que reuniam a população. A par de um fervor religioso, forma-se também um sentido de identidade nacional, que vem a originar a construção de um discurso brasileiro.