Quando se trata de leitura de textos literários, o assunto parece envolver uma insolúvel polêmica. As listas de melhores livros, por exemplo, refletem a média dos gostos particulares de algumas pessoas e sempre estão desafiando outros padrões e outros gostos, excluídos de parâmetros supostamente corretos de avaliar a literatura. O livro aborda, corajosamente, algumas questoes polêmicas: como definir literatura? Há bons livros em si? Todos devem apreciar o mesmo tipo de texto? Há uma maneira correta de ler literatura? Defende-se a ideia de que se abra mão empregando um único critério e se passe a compreender cada obra dentro do sistema de valores em que foi criada. Assim, na escola haveria lugar, ao lado a literatura erudita, também para ler e discutir os livros preferidos pelos alunos, considerando os objetivos com que foram produzidos, os gêneros a que pertencem, seu funcionamento textual.
Márcia Abreu é licenciada em Letras pela Universidade Estadual de Campinas (1984) e fez doutorado direto em Teoria e História Literária na mesma Universidade (1993). Fez pós-doutorado em História Cultural na Ecole des Hautes Études en Sciences Sociales, Paris (1996-1997) e Livre-docência em Literatura Brasileira pelo Instituto de Estudos da Linguagem da UNICAMP (2002). Atualmente, coordena o projeto temático FAPESP “A circulação transatlântica dos impressos – a globalização da cultura no século XIX”.É professora do Departamento de Teoria Literária do IEL-Unicamp e coordenadora da área de Letras da Fapesp. Coordena, com Jean-Yves Mollier (UVSQ-França), o projeto de cooperação internacional "A circulação transatlântica dos impressos – a globalização da cultura no século XIX". Foi coordenadora do projeto "Práticas e leituras libertinas no mundo luso-brasileiro" (com Luiz Carlos Villalta – UFMG), coordenadora do Projeto Temático FAPESP "Caminhos do Romance no Brasil: séculos XVIII e XIX" (www.caminhosdoromance.iel.unicamp.br) e pesquisadora do Projeto Memória de Leitura (www.unicamp.br/iel/memoria). Atualmente, coordena o projeto temático FAPESP "A circulação transatlântica dos impressos – a globalização da cultura no século XIX".Publicou vários livros, capítulos de livros e artigos, dentre os quais se destacam Histórias de Cordéis e Folhetos (Mercado de Letras/ALB, 1999), Os Caminhos dos livros (Mercado de Letras/ALB/FAPESP, 2003), Cultura Letrada: literatura e leitura (UNESP, 2006). Organizou os livros Leitura, História e História da Leitura (Mercado de Letras/ALB/FAPESP, 2000), Cultura letrada no Brasil: objetos e práticas (org. com Nelson Schapochnik. Mercado de Letras/ALB/FAPESP, 2005), Antologia de Folhetos de Cordel – amor, história e luta (Editora Moderna, 2005), Trajetórias do Romance: circulação, leitura e escrita nos séculos XVIII e XIX. (Editora Mercado de Letras / FAPESP, 2008) e Impresso no Brasil – duzentos anos de livros brasileiros (org. Com Aníbal Bragança. Editora da UNESP, 2010.)
Símbolos, objetos, linguagem e roupas utilizados por tribos juvenis urbanas são estudados neste livro. A análise desses grupos permite observar como essa etapa da vida adquire caráter cada vez mais autônomo, deixando de ser mero preparo para o ingresso na vida adulta.
Acompanhados da discussão de temas como acesso à educação, entrada no mercado de trabalho, violência, formação de nova família e possibilidade de aquisição de bens consumo, os segmentos jovens vêm se constituindo em poderosa força a influenciar os rumos das sociedades modernas.
O objetivo da obra é pensar como o espaço público urbano se estrutura em sua relação com as culturas dos jovens, pouco reconhecidas como legítimas pelo mundo adulto dominante. Verifica-se ainda como as manifestações das culturas juvenis tendem a proliferar, tornando-se mais complexas e configurando um múltiplo panorama cultural de tendências de formas de expressão da população jovem urbana.
Neste livro, Vera Helena Massuh Cury mostra sua habilidade no ensino do Contraponto, lançando mão de recursos tecnológicos em sala de aula, com o propósito de aproximar os alunos da produção dos colegas. Os recursos que utiliza permitem que os trabalhos realizados sejam socializados e criticados coletivamente; com eles, os alunos têm oportunidade de compartilhar acertos e enganos, ouvir críticas e criticar, aceitar conselhos e aconselhar, o que, sem dúvida, ultrapassa as necessidades imediatas da sala de aula e caminha em direção à compreensão e à tolerância.
Reconstruir historicamente o perfil institucional da Escola "Joaquim Ribeiro", de Rio Claro, é o objetivo deste livro. Desse modo, Marilena Guedes analisa a cultura escolar no momento da modernização do Brasil. Esse dispositivo permite à autora recuperar os objetivos educacionais da época e a natureza das relações sociais existentes entre os diferentes sujeitos que lá atuaram.
A partir do século XIX, as mulheres passaram a frequentar a escola, foram para a universidade, para o trabalho e para as ruas. Aprender a ler e a escrever trouxe para essas mulheres uma nova rotina de leitura: depois dos livros de reza, vieram os diários, os romances, as revistas femininas, a correspondência, os jornais. Nessa perspectiva, Ana Maria Esteves analisa as práticas de leitura de mulheres, mais particularmente os processos de apropriação da leitura e da escrita de professoras, de mães e de meninas portadoras da síndrome de Down em um Centro de Referência. Trata-se de um estudo de caso, de caráter etnográfico, que clarifica as trajetórias próprias de leitura dessas mulheres que, entre táticas e estratégias, apropriaram-se de maneiras de ler nas relações da oralidade com a cultura escrita e constituíram uma comunidade leitora. Para essas mulheres, a leitura assume uma presença singular no cotidiano e um significado especial em suas vidas.
Em um momento histórico no qual o analfabetismo apresenta-se como intolerável, a questão metodológica da alfabetização aparece como central. Tendo em vista tal realidade, José Morais analisa vários aspectos da chamada arte de ler. Partindo das estruturas mentais envolvidas na leitura, da relação entre linguagem falada e linguagem escrita, Morais centra-se nos mecanismos de aprendizagem e nos distúrbios que podem ocorrer nesse processo. Mediante essa estratégia, ele pode desenvolver o estudo dos diferentes métodos, a fim de apresentar as possibilidades terapêuticas que se oferecem hoje aos que não dominam as práticas de leitura.