Por meio das implicações políticas do método reconstrutivo e das implicações metodológicas da teoria do discurso e da teoria da ação comunicativa, o autor retraça a relação estreita entre método e política em Jürgen Habermas. E, ao tratar a política não apenas como deliberativa, com suas diversas concepções de poder, mas também como teoria do direito e da moral, como teoria da sociedade e do desenvolvimento social, demonstra a ligação entre a reconstrução e o interesse pela emancipação que caracteriza a Teoria Crítica de modo geral. A reconstrução se torna assim a via para a compreensão de potenciais de emancipação que surgiram com a modernidade e foram sufocados, mas não eliminados, pela modernização capitalista.
Luiz Repa possui graduação (1995), mestrado (2000) e doutorado (2004) em Filosofia pela Universidade de São Paulo. Fez estudo complementar na Goethe-Universität de Frankfurt am Main (2002), estágio de pesquisa na Humboldt-Universität zu Berlin (2015, BPE FAPESP) e em Paris 1 Panthéon-Sorbonne (2018, Bolsa Capes Professor Visitante Sênior). É professor associado da Universidade de São Paulo, onde ingressou em 2013; coordenador do projeto USP-Humboldt “Critical Theory goes global” (2018- 2020); bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq, desde 2015); pesquisador do acordo CAPES-COFECUB “Autonomia, tolerância, razão pública: usos contemporâneos da filosofia das Luzes” (Sorbonne, Rennes, USP, UFPR); membro do Grupo Interuniversitário de Pesquisa Filosofia Crítica e Modernidade (FCeM). É membro da comissão organizadora da coleção “Habermas” pela Editora Unesp desde 2012 e editor executivo dos Cadernos de Filosofia Alemã desde 2020.
Esta obra, a mais filosófica e importante de Jürgen Habermas do ponto de vista da epistemologia, discute o entrelaçamento entre razão prática e razão pura e mostra a importância das definições do conhecimento, levantando questões sobre os fatores que o definem.
Os 14 ensaios que constituem esta obra, a 12ª da série Pequenos escritos políticos, contribuem para o reconhecimento de Jürgen Habermas como intelectual público no Brasil. No país, a maior parte de suas análises da conjuntura social e política e avaliações sobre o estado da democracia na Europa ou no mundo permanecem praticamente desconhecidas do público, principalmente por estarem disponíveis apenas em alemão.
A explosão das ilusões neoliberais promoveu a concepção de que os mercados financeiros, principalmente os sistemas funcionais que perpassam as fronteiras nacionais, criam situações problemáticas na sociedade mundial que os Estados individuais – ou as coalizões de Estados – não conseguem mais dominar. A política como tal, a política no singular, é desafiada em certa medida por tal necessidade de regulamentação: a comunidade internacional dos Estados tem de progredir para uma comunidade cosmopolita de Estados e dos cidadãos do mundo, levando adiante a juridificação democrática do poder político.
Um dos principais eixos temáticos desta coletânea diz respeito ao neoconservadorismo. O assunto abre e perpassa todos os textos aqui reunidos, que remetem ainda a diferentes aspectos da defesa de Habermas da continuidade do projeto de modernidade. Sem abandonar a dimensão teórica, o filósofo, conhecido por seu engajamento político, coloca-se como “contemporâneo político” e assume posições sobre questões públicas candentes ainda hoje – escrita em 1985, a obra reflete sobre problemas e tensões de uma década crucial para a sobrevivência e maturação do projeto democrático não apenas na Alemanha.
Desde a questão do grau de autonomia e permeabilidade do desenvolvimento científico em relação a outras esferas de valores da vida social, Fourez indaga sobre a interferência da política, da economia e da cultura na produção do paradigma científico. É o desenvolvimento da ciência contemporânea que aparece, então, articulado, valendo-se de uma rede de múltiplas interações.