Partidos, políticas, eleições e perspectivas
Trump pregou uma peça no mundo político, em 2016, quando chegou à presidência dos Estados Unidos sem experiência governamental ou militar e dominando o Partido Republicano. No mandato, demonstrou capacidade inexcedível para alterar o estado das coisas. Entregou resultados substanciais a seus apoiadores, como redução de impostos, desregulamentações ambientais, reformulação do judiciário federal. No âmbito externo, desapoiou acordos multilaterais, mudou regras migratórias, provocou duras disputas com a China. Terminou o governo com dois processos de impeachment. Os ensaios reunidos neste livro abordam temas dessa ordem e refletem sobre a agenda desafiadora de Biden e o papel dos EUA no sistema internacional.
Sebastião C. Velasco e Cruz é professor de Ciência Política e Relações Internacionais da Universidade Estadual de Campinas e do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais da Unesp/Unicamp/PUC-SP. Coordenador Geral do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Estudos sobre os Estados Unidos (INCT-Ineu).
Neusa Maria P. Bojikian é doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais da Unesp/Unicamp/PUC-SP, e pesquisadora do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Estudos sobre os Estados Unidos (INCT-Ineu).
Em meados dos anos 1990, o discurso de um planeta unificado pelas forças do mercado empolgava e conhecia seu auge. Mas uma série de crises econômicas e mudanças geopolíticas decretam a morte de projetos como a Alca. Os textos reunidos nesta coletânea relembram este percurso e provocam uma ampla reflexão sobre a nossa época e o lugar do Brasil no mundo. Diversificados e escritos em momentos diferentes, formam um amplo panorama conceitual, mantendo uma relação constitutiva com o tempo histórico vivido.
O projeto neoliberal está sendo desafiado, intelectual e politicamente, de vários lados. Embora insuficiente para abalar as bases estruturais da ordem que chegou a plasmar, esse desafio pode atenuar os aspectos mais perversos das políticas que provêm dessa matriz e abrir espaço para política de natureza diversa. Este livro, que se orgina do Projeto Temático Reestruturação Econômica Mundial e Reformas Liberalizantes nos Países em Desenvolvimento (2003-2007), examina as experiências de reforma econômica nos países periféricos, em suas similitudes e diferenças, como os aspectos do processo envolvente de reestruturação da economia mundial.
Os ensaios reunidos nesta obra abordam um conjunto de questões que vão da política externa brasileira à guerra do Iraque, das reformas econômicas à ordem internacional. Resultaram da confluência de dois movimentos profundos: - a transição política do Brasil e os impasses da política industrial; - e um episódio histórico dramático, a crise internacional que se seguiu à invasão do Kuait pelo Iraque, em 1990, à coalizão gigantesca formada em tornos dos Estados Unidos e ao espetáculo televisivo do bombardeio aéreo de Bagdá. A primeira, de um ciclo de intervenções militares que vêm marcando, como um de seus sinais distintivos mais salientes, a ordem (?) internacional pós-Guerra Fria, com a passividade da União Soviética diante de uma ação militar de legitimidade contestável em uma região crítica para seus interesses e a exibição mundial, pela tevê, do funcionamento de armas altamente sofisticadas como os mísseis balísticos, com sistemas informatizados de orientação. Também no plano das formas da guerra era o ingresso a um "mundo novo".
Mesmo implantando uma ampla liberalização financeira, o Brasil resiste às pressões internacionais para assumir compromissos que tornariam as medidas já adotadas quase definitivas. Este aparente paradoxo é explorado por Neusa Maria Pereira Bojikian, que demonstra – apoiada em vasta documentação e instrumentos de análise – como a "liberalização administrada" se impôs como as opção mais racional para as autoridades nacionais. Acordos comerciais internacionais responde à questão de por que um país que se dispõe a fazer reformas profundas em sua estrutura econômica adota uma postura tida como conservadora no momento de apresentar ofertas concretas nas negociações comerciais internacionais. Percebe-se neste caminho que o Brasil usa as mesmas estratégias e táticas dos principais países desenvolvidos.
Em Os Estados Unidos no desconcerto do mundo, Sebastião Carlos Velasco e Cruz retrata um panorama das principais alterações promovidas pela política externa desse país na última década. Em seis ensaios, o autor aborda, por exemplo, os novos dilemas da diplomacia norte-americana e os aspectos que indicam a manutenção, por Barack Obama, da mesma orientação estratégica encampada pelo seu antecessor, George W. Bush.