Este livro procura elucidar o cenário cultural que propiciou o nascimento do gênero literário da linguagem das flores no início do século XIX. Se, por um lado, esse gênero literário fez imenso sentido em uma conjuntura histórica e cultural bastante específica, por outro, sua estrutura morfológica, composta de listas ordenadas de espécies vegetais unidas ao seu simbolismo, ilumina um sistema de comunicação que faz sentido em si mesmo e garante sua eficácia para além de um contexto social circunscrito. Apoiada em uma variedade de fontes históricas – crônicas, romances, jornais, relatos de memória e manuais de comportamento – para elucidar o significado social do namoro no século XIX, a autora ilumina algumas práticas de cortejo e galanteria, bem como seus desafios e consequências, demonstrando que, em compasso com a troca de flores, havia também o namoro de janela, os bilhetes passados de mão a mão e, entre outros artifícios, as mensagens publicadas nas seções de anúncio de jornais. Assim, entrelaçando esse conjunto de estratégias, este livro esclarece aspectos importantes do universo amoroso da época e os sentimentos de homens e mulheres que agiam impulsionados por algum tipo de expectativa afetiva.
Alessandra El Far possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (1994), mestrado (1997) e doutorado (2002) em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo e pós-doutorado realizado no Núcleo de Estudos de Gênero (PAGU), da Unicamp. Desde 2008, é professora de Antropologia no Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), onde também atua junto ao Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais. Possui pesquisas relacionadas ao universo das publicações populares do século XIX e início do XX, com o intuito de explorar novas visões e interpretações sobre o pensamento social desse período histórico.
Esta é a tão esperada terceira edição da excepcional coletânea de ensaios de Chomsky sobre a linguagem e a mente. Os primeiros seis capítulos, publicados originalmente na década de 1960, significaram uma contribuição revolucionária para a teoria linguística. Esta nova edição complementa-os com um capítulo adicional e um novo prefácio, trazendo para o século XXI a influente abordagem de Chomsky.
A floresta amazônica cobre mais de cinco milhões de quilômetros quadrados, entre os territórios de nove nações diferentes. Representa mais da metade da floresta tropical remanescente do planeta. Está realmente em perigo? Que passos são necessários para salvá-la? Para entender o futuro da Amazônia, é preciso saber como sua história foi forjada: nas épocas das grandes populações pré-colombianas, na "corrida do ouro" de conquistadores, nos séculos de escravidão, nos esquemas dos ditadores militares do Brasil nas décadas de 1960 e 1970 e nas novas economias globalizadas, nas quais a soja e a carne bovina brasileiras agora dominam, enquanto o mercado de créditos de carbono aumenta o valor da floresta em pé. Susanna Hecht e Alexander Cockburn mostram em detalhes convincentes o panorama de destruição, analisando muitos fatos no calor da hora, e também põem em relevo o extraordinário ímpeto dos defensores daquele ecossistema, bem como o surgimento de novos mercados ambientais. Passando por fatos marcantes dessa luta pela preservação da floresta, a exemplo do assassinato de Chico Mendes, este livro contribui substancialmente para atualizar e organizar o conhecimento disponível para o grande público a respeito das reais condições atuais da floresta, da miríade de desafios restantes e dos luzes que se veem no horizonte.
Depois da repercussão de Os sertões, Euclides da Cunha concentrou esforços no desafio de "escrever a Amazônia". Embora inconclusa, devido à morte precoce, essa jornada literária motivou Francisco Foot Hardman a redigir alguns dos vinte ensaios que dão forma e rumo a este A vingança vde Hileia. Mas o livro não se atém apenas ao exame da prosa amazônica de Euclides em suas relações com outros escritores que tentaram representar a região, de Inglês de Sousa a José Eustasio Rivera, de Dalcídio Jurandir a Milton Hatoum. Trabalhando com o conceito de "poética das ruínas", Foot Hardman amplia e diversifica o quadro de análise, seja na critica às visões esquemáticas do Brasil moderno, seja no diálogo com as ciências humanas contemporâneas e com a modernidade literária internacional.
A produção social da escrita reúne quase duas décadas de reflexões de Williams, coligindo palestras e ensaios realizados entre 1964 e 1983. Seus trabalhos examinam estilos literários e autores específicos: a forma dramática e a linguagem de Racine e Shakespeare; a ficção inglesa em 1848; David Hume, Charles Dickens e a transformação da prosa inglesa. O volume inclui, ainda, ensaios sobre a tradição dos estudos literários em Cambridge e sobre o papel da região e da classe no romance.
O dito popular de que "religião, política e futebol não se discutem" é posto em xeque de maneira vigorosa, neste livro, por Eduardo Rodrigues da Cruz. Seu texto empolgante apresenta as "regras do jogo" que se fazem presentes no universo das religiões estabelecidas. O autor aborda a fascinante variedade religiosa do Brasil e trata de modo muito particular que o "jeitinho brasileiro" achou para lidar com a questão religiosa. Ao longo dessa avaliação, problematiza a identidade nacional e toca em assuntos relevantes, como a pluralidade e a tolerância religiosas, a separação Igreja-Estado e a controvérsia em torno da obrigatoriedade do ensino religioso no país.