Mito e paródia na narrativa portuguesa contemporânea
Este trabalho de Márcia Valéria Zamboni Gobbi realiza uma minuciosa análise de narrativas da literatura portuguesa, sendo nove romances e dois contos, para refletir sobre a atual tendência dos escritores de ficcionalizar a História do seu país. Ou seja, a obra avalia como estes autores revisitam as figuras e acontecimentos históricos de modo a olhar criticamente os elementos que construíram a identidade atual do português. Para formar sua análise, Márcia Gobbi utiliza, principalmente, o conceito de Roland Barthes de mito para desvelar como os escritores desfazem as imagens gloriosas da História de Portugal, parodiando-a. Assim, nesta mescla de crítica literária com um pouco de estudo historiográfico, a autora faz um apanhado dos autores mais representativos da ficção portuguesa contemporânea, incluindo: Mario de Carvalho, Hernerto Helder, José Saramago, Agustina Bessa-Luís, Mário Cláudio, Antonio Lobo Antunes, Almeida Faria, Helder Macedo, Jorge Sena e Lídia Jorge.
Departamento de literatura, Faculdade de Ciências e Letras Unesp, câmpus Araraquara (SP).
Peter Burke é um dos principais nomes da nova história britânica e especialista em história moderna européia. Neste volume, ele retorna às questões de método para apresentar as tendências recentes da prática historiográfica. Reunindo textos de alguns dos mais importantes historiadores contemporâneos, Burke oferece um painel geral das perspectivas e desafios do saber histórico do século XX.
Os métodos da chamada "nova história cultural" têm sido amplamente discutidos nos últimos anos. Maria Lúcia Garcia Pallares-Burke teve a excelente ideia de entrevistar alguns praticantes desse "estilo" de história, pedindo-lhes que justificassem suas abordagens e também que, refletindo sobre suas trajetórias intelectuais, contassem um pouco de suas próprias histórias. O resultado dessas conversas é uma série de diálogos, ao mesmo tempo informais e esclarecedores, que conseguem a façanha de levar o leitor para a intimidade da "oficina" do historiador.
Por que os historiadores contemporâneos têm investido tanto na representação do passado? Stephen Bann procura responder a essa questão examinando as modalidades de representação à disposição da historiografia do século XX, pois é a partir daí que um conjunto considerável de manifestações literárias e visuais é tomado como fonte de dados históricos. Isso permite ao autor chamar a atenção para a extraordinária fluidez das fronteiras da história e para as possibilidades não realizadas de articulação com outras disciplinas.
“[...] o testemunho é um ato propriamente histórico. Ele ignora a objetividade fria do cientista que conta e explica. Ele se situa no encontro de uma vida particular e interior, irredutível a qualquer média, rebelde a toda generalização e às pressões coletivas do mundo social.” A confrontação do passado com o presente, da tradição com a inovação, e o reconhecimento das continuidades e descontinuidades no processo histórico são alguns dos temas abordados nesta obra, que busca, através deles, compreender não só o tempo presente, mas o próprio sentido da História.
Trata-se de um estudo sobre as práticas de leitura em Assis, na região Oeste do interior de São Paulo. Verifica a preferência por determinados autores nas escolas de primeiro grau nas décadas de 1920 a 1950. Essas escolhas revelam a articulação de valores como o nacionalismo e o progresso. Escritores como Monteiro Lobato, por exemplo, representavam a possibilidade de ascensão social e individual perante o desenvolvimento e o progresso que se alastravam pelo interior paulista no período enfocado. A escolaridade, por sua vez, era então vista como garantia de inserção social bem-sucedida.