Uma exploração pioneira pela história passada e pelo atual estado negligenciado aspecto do nosso ambiente: a paisagem sonora
A paisagem sonora – termo cunhado pelo próprio R. Murray Schafer – é nosso ambiente sonoro, o sempre presente conjunto de sons, agradáveis e desagradáveis, fortes e fracos, ouvidos ou ignorados, com os quais vivemos. Do zumbido das abelhas ao ruído da explosão, esse vasto compêndio, sempre em mutação, de cantos de pássaros, britadeiras, música de câmara, gritos, apitos de trem e barulho da chuva tem feito parte da existência humana. A afinação do mundo é uma exploração pioneira da paisagem sonora: uma tentativa de descobrir como era ela no passado, de analisar e criticar o modo como é hoje, de imaginar como será no futuro.
R. Murray Schafer nasceu em 1933, em Sarnia, Ontário, Canadá. Na década de 1950, entre outras múltiplas atividades na Europa, trabalhou na produção da ópera Le Testament, de Ezra Pound. Em 1960, publicou The British Composer Interview, seu trabalho pioneiro na área de pesquisa sonora, desenvolvido dentro de The World Soundscape Project, na Simon Fraser University, B.C., cujos resultados apontam novos caminhos para a atuação sobre o ambiente sonoro. E um dos mais destacados compositores de seu pais, projetando-se internacionalmente por suas posições de vanguarda. Esteve no Brasil, em 1990, ministrando palestras e orientando seminários na Unesp e workshops na Oficina Cultural “Oswald de Andrade”, de São Paulo.
Desde 1966, a música recuperou seu status de disciplina educacionale voltou a estar presente nas escolas. No entanto, após três décadas de ausência, perdeu-se a tradição da educação musical. Por isso, além de oportuno, é necessário repensar os modos de implantação de seu ensino e de sua prática. Como ponto de partida, a autora considera o quanto a educação musical decorre de hábitos, valores, condutas e visões de mundo da sociedade de cada época. Entretanto, deixa claro que a música é uma parte necessária, e não periférica, da cultura humana, merecendo ocupar um lugar proeminente no sistema educacional. Em face disso, defende a necessidade de combater vigorosamente a indigência cultural a que a escola está submetida e de reconhecer a relevância das artes – particularmente, da música – no processo educativo.
Vivemos imersos em um mundo de sons embora não tenhamos consciência disso durante a maior parte do tempo. O grande marco da transformação das cidades em um universo de sons desagradáveis é a Revolução Industrial, com a chegada das máquinas e o desenvolvimento da indústria automobilística. Compositor e estudioso de teorias sobre o som, o canadense, R.Murray Schafer propõe um sistema de estudo dos sons, apresenta um glossário de termos relativos à paisagem sonora e inclui uma pesquisa internacional de preferências sonoras.
Compositor e autor canadense, Murray Schafer desenvolve neste livro a noção de "paisagem sonora" (soundscape). Trata-se de dar relevância ao chamado ambiente sônico que nos envolve como fenômeno musical, ambiente cuja paleta é composta por sonoridades que vão do ruído estridente das metrópoles aos sons dos elementos primordiais - terra, fogo, água e ar. Dessa forma, abre-se um novo domínio compreensivo da música, que não deixa de dar lugar aos sons antigos já perdidos e ao silêncio dos lugares distantes e esquecidos.
Este livro é um estudo analítico e interpretativo da obra Patria, do compositor canadense Murray Schafer. Patria vem sendo elaborada há trinta anos; com ela Schafer desenvolve sua proposta de recuperação do antigo poder da arte, enfraquecida pelas características inerentes à civilização contemporânea. Com a aproximação da autora ao trabalho do músico canadense, sua intenção era estudá-lo a fundo e debruçar-se sobre os aspectos socioantropológicos da obra do artista.
A proposta de Schafer é particularmente possível para o Brasil. Não se trata de uma proposta dirigida a alunos especialmente dotados, mas a toda a população, independentemente de talento, faixa etária ou classe social. Além disso, Schafer preocupa-se em particular com os elementos mais simples, com as observações mais corriqueiras: de quantos modos diferentes pode-se fazer soar uma folha de papel? Ou as cadeiras de uma sala de aula? Como sonorizar a história de modo a torná-la reconhecível apenas por seus sons? Como construir uma escultura sonora?