Política, tradição e estética na ordem social moderna
Hoje em dia, falar em destradicionalização parece, de início, estranho, sobretudo em razão da ênfase que algumas formas do pensamento pós-moderno colocam no retorno à tradição. Entretanto, falar de destradicionalização não significa falar de uma sociedade sem tradições – longe disso... Em um contexto de cosmopolitanismo global, as tradições precisam se defender, pois estão sempre sendo contestadas. É de particular importância, nesse aspecto, o fato de o “substrato oculto” da modernidade, envolvendo tradições que afetam os gêneros, a família, as comunidades locais e outros aspectos da vida social cotidiana, ter ficado exposto e submetido à dimensão pública.
Anthony Giddens é membro do King’s College e foi professor de Sociologia da Universidade de Cambridge. Foi diretor da London School of Economics and Political Science entre 1997 e 2003. Autor de vasta obra, publicou, pela Editora Unesp, A transformação da intimidade (2011), O debate global sobre a terceira via (2006), Teoria social hoje (2000), Para além da esquerda e da direita (1996) e As consequências da modernidade (1991).
Scott Lash é professor de Sociologia e Estudos Culturais no Goldsmiths College, Universidade de Londres.
Ulrich Beck é professor de Sociologia na Universidade de Munique e na London School of Economics.
Esta coletânea procura oferecer um panorama das tendências contemporâneas hegemônicas das ciências humanas em território anglo-saxão. Partindo das transformações epistêmicas dos últimos cinqüenta anos, o livro aponta para as possíveis perspectivas de transformação. Colaboram nesta pesquisa autores como J. C. Alexander, G. C. Homans, H. Joas, R. Münch, J. C. Heritage, I. J. Cohen, I. Wallerstein, R. Miliband, A. Honneth, T. P. Wilson, além dos próprios organizadores.
Giddens volta-se aqui às questões provocadas pela revolução sexual. O objetivo é definir os contornos da nova configuração da subjetividade que acompanha essa mudança radical na esfera da sexualidade, uma subjetividade pós-edípica e pós-patriarcal cuja plasticidade é fundamental para a construção de uma noção ampliada de democracia.
Pelo seu próprio papel questionador dos contextos sociais em que todo ser humano está inserido, a sociologia é uma ciência que recebe as mais diversas críticas, sendo acusada, por exemplo, de alienação de sérios problemas sociais ou de tratá-los de maneira excessivamente abrangente ao se valer de outras áreas do conhecimento. Nesta coletânea de artigos, Giddens, professor titular de Sociologia na Universidade de Cambridge, Inglaterra, sai em defesa de seu campo de conhecimento. Explica o que vem a ser uma ciência social e analisa as obras de Augusto Comte e Jürgen Habermas, entre outros sociólogos de renome.
O ideal de uma república, "o verdadeiro Peru", fiel a valores igualitários desrespeitados desde a emancipação ante a Coroa espanhola, foi sistematicamente abraçado pelas correntes libertárias peruanas, de Mariátegui e González Prada à atuação do Sendero Luminoso; um país que reconhecesse não apenas a impressionante herança histórica e cultural dos incas, mas que se emancipasse do elitismo crioulo, responsável pela marginalização da esmagadora maioria da população, particularmente de seus segmentos rural e indígena. Praticamente sem hiatos, a luta pela concretização desse sonho atravessa a história peruana, da independência, em 1821, até nossos dias. A Revolução Peruana traça justamente essa trajetória, expondo o que há nela de peculiar e o que a aproxima das tensões e dos dramas presentes em todo o subcontinente.
Segundo as palavras de Salvador Allende: “milhões de pessoas no mundo querem o socialismo, mas não querem ter de enfrentar a tragédia da guerra civil para consegui-lo”. A resposta do próprio Allende e do povo chileno a esse anseio foi consubstanciada pela experiência democrática socialista inaugurada em 1971. Jornada ainda hoje paradigmática na evidenciação dos limites da democracia liberal, os três conturbados anos do governo liderado pela Unidade Popular, levaram à tragédia épica de setembro de 1973 e à subsequente violência e ao obscurantismo da ditadura militar. Esta jornada heroica, mas frustrada, alerta para as dificuldades e complexidades com que se defronta a concretização conjunta dos ideais clássicos da liberdade e da justiça social igualitária.