Autonomia, dinheiro e cidadania
O Bolsa Família completa 10 anos em 2013, alcançando perto de 50 milhões de pessoas, o que o torna o maior programa de combate à pobreza do mundo. Mas, quais seriam seus impactos na vida de seus beneficiários, principalmente das mulheres, titulares do benefício? Walquiria Domingues Leão Rego e Alexandre Pinzani buscam, neste estudo, fazer essa avaliação, com foco não nas melhorias econômicas, mas nas conquistas de autonomia – moral, econômica e política – daquelas mulheres, a partir do momento em que passaram a contar com uma renda monetária regular, ainda que mínima, uma situação inédita para a maioria delas.
Walquiria Domingues Leão Rego é professora titular de Teoria Social do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp. É autora de, entre outras obras, Em busca do socialismo democrático (Unicamp, 2001) e A Utopia Federalista: estudo sobre o pensamento político de Tavares Bastos (Ufal, 2002).
Alessandro Pinzani é professor de Ética e Filosofia Política na Universidade Federal de Santa Catarina. É autor, entre outras obras, de Jürgen Habermas (Munique: Beck, 2007, trad. brasileira: Porto Alegre: Artmed, 2009) e An den Wurzeln moderner Demokratie (Berlim: Akademie, 2009).
O Bolsa Família completa 10 anos em 2013, alcançando perto de 50 milhões de pessoas, o que o torna o maior programa de combate à pobreza do mundo. Mas, quais seriam seus impactos na vida de seus beneficiários, principalmente das mulheres, titulares do benefício? Walquiria Domingues Leão Rego e Alexandre Pinzani buscam, neste estudo, fazer essa avaliação, com foco não nas melhorias econômicas, mas nas conquistas de autonomia –moral, econômica e política –daquelas mulheres, a partir do momento em que passaram a contar com uma renda monetária regular, ainda que mínima, uma situação inédita para a maioria delas. Os autores ouviram, entre 2006 e 2011, mais de 150 mulheres cadastradas no Bolsa Família, nas regiões mais empobrecidas do país, onde a circulação de dinheiro é escassa: Vale do Jequitinhonha (MG), sertão e litoral de Alagoas, interior do Piauí e do Maranhão, periferias de São Luís e do Recife. Cada mulher foi entrevistada mais de uma vez, de modo que foi possível verificar as mudanças que experimentaram durante o período, a partir da interpretação de seus depoimentos à luz de teorias da Filosofia e da Sociologia, em especial da sociologia do dinheiro. Leão Rego e Pinzani constataram que o programa de transferência de renda produz impactos sociais significativos nas vidas das beneficiárias, incomparáveis aos proporcionados por outros tipos de auxílio, como, por exemplo, vales de troca por produtos ou cestas básicas. Os efeitos decorrem do fato do benefício ser em dinheiro, o que implica em liberdade e responsabilidade quanto ao uso, aprendizado de planejamento de gastos e ganhos de dignidade. Os beneficiários experimentam certo grau de liberdade e autonomia, segundo os autores, porque podem escolher a forma de empregar o dinheiro, e ganhos de dignidade perante os demais membros da Estudamos a pobreza, os destituídos de voz, os “invisíveis”. Descobrimos, por meio de estudos diversos, que são milhões de brasileiros que estavam, e em muitos casos ainda estão, completamente fora das heranças mais bás
O autor estuda a saúde pública na Primeira República, combinando elementos da história social do período com informações sobre o cotidiano das populações. As ações sanitárias aparecem como estreitamente vinculadas aos processos políticos que caracterizam o Brasil da República Velha. A implantação dos serviços sanitários é vista como dependente do padrão oligárquico e clientelista, vigente tanto no Estado de São Paulo quanto no município.
Este estudo traça o retrato do movimento operário de Santos, na virada do século, quando se transformou em importante porto e cidade multirracial e multicultural. Trata-se de uma importante contribuição para o melhor conhecimento da história social e política do período.
Politicamente, este volume aspira a contribuir com a configuração de um movimento social de direitos humanos na América Latina. Esse movimento ajudará, por sua vez, a dar um novo caráter às lutas populares e favorecerá a capacidade de nossas esquerdas de assumir novas formas de sua responsabilidade política.
Vida e esperanças é um relato sobre a importância do reconhecimento na construção do cotidiano. Aborda a negação da fecundidade implicada na realização de esterilizações por mulheres de um bairro pobre urbano do Nordeste, compreendendo este evento como parte de uma busca ativa de reconhecimento de mulheres pobres enquanto pessoas num mundo repleto de controles, de violência, de emoções e de resistência. Acompanhando uma qualidade narrativa que desarma pela sua aparente simplicidade e evidente clareza, o leitor é transportado para a rede de amizades da autora onde convive com os tormentos da ambigüidade que não somente assolam as moradoras da periferia nas suas decisões sobre saúde reprodutiva e todo que isso representa para elas, mas também que assolam à própria pesquisadora social em busca de interpretações fidedignas ao que observara.