Artistas da revolução, do CPC à era da TV
Aproximar-se do “povo” era uma das aspirações mais caras tanto dos militantes de esquerda quanto dos artistas e intelectuais brasileiros durante a ditadura civil-militar de 1964-1985. O novo país que eles almejavam construir, necessariamente, brotaria das raízes nacionais. O que os inspirou nessa busca, que refluiu após o triunfo da lógica do mercado global, nos anos 1990? Que herança teria deixado? Nesta obra, aqui apresentada em segunda edição, revista e ampliada, Marcelo Ridenti analisa o tema em seis capítulos.
É professor titular de Sociologia no IFCH da Unicamp. Foi professor da Unesp, câmpus de Araraquara (1990-1998), e da UEL (1983-1990). Publicou, pela Editora Unesp, Brasilidade revolucionária – um século de cultura epolítica (2010), O fantasma da revolução brasileira (2. ed., 2010) e Em busca do povo brasileiro (2. ed., 2014).
É preciso acertar as contas com o fantasma de uma revolução derrotada. E abrir perspectivas para a emancipação da classe trabalhadora. Ridenti desvenda aqui o significado e as raízes sociais da luta dos grupos de esquerda. Especialmente da esquerda armada, que buscava nos anos 1960 uma sociedade mais justa. E o autor vai além da política, mostrando ainda como essa derrota repercutiu na matriz cultural brasileira.
Ao percorrer a trajetória de artistas e intelectuais que colaboraram para estabelecer certa intelligentsia brasileira de esquerda ao longo do século XX, Marcelo Ridenti resgata a imagem do país como fundador de uma verdadeira civilização tropical. Tal visão utópica, que contrasta com a brasilidade que tem sido retomada em versões de consumo fácil, seria uma aposta nas possibilidades da revolução brasileira, nacional-democrática ou socialista, que permitiria realizar as potencialidades de um povo e de uma nação.
Neste livro, os chamados “anos rebeldes” são tratados a partir de um ângulo muito particular, com foco na disputa internacional para ganhar corações e mentes no auge da Guerra Fria. Em meio à forte disputa por aumento das áreas de influência, no entanto, os intelectuais e artistas brasileiros não foram meras peças no tabuleiro: participaram ativamente do embate entre as grandes potências, apesar de não dominarem todas as regras do jogo nem conhecerem alguns segredos sobre o financiamento de suas atividades.
Baseada em documentos do século XVI ao XVIII, a autora resgata personagens e situações anônimas para contar a história da mulher no periodo colonial. E revela as marcas deixadas pela diferença de gênero que ainda hoje fazem parte do imaginário brasileiro, como o estereótipo da santa-mãezinha provedora, piedosa, dedicada e assexuada, arquétipo que ainda hoje permanece vivo.
Dante Moreira Leite examina as raízes conceituais do caráter nacional, sua crítica e reformulação da segunda metade do século XIX até meados do século XX, quando da Segunda Guerra Mundial. Aborda em seguida as sucessivas teorias sobre o caráter nacional brasileiro recorrendo às imagens e às formulações construídas pela literatura, pela história e pela sociologia. Assim, partindo dos primeiros documentos sobre o país e do movimento nativista, segue examinando a construção da imagem do Brasil e dos brasileiros no Romantismo, no Realismo, na obra capital de Euclides da Cunha. Da apreciação das obras de Nina Rodrigues, Oliveira Vianna e Arthur Ramos passa em revista a obra de Manuel Bonfim, que representa sua superação, sendo já um predecessor da sociologia contemporânea. E com as obras de Paulo Prado, Gilberto Freyre e Sérgio Buarque de Hollanda completa a apresentação do que denomina fase da ideologia do caráter nacional brasileiro, que só terminará por volta de 1950.