Dando prosseguimento à publicação das obras de Norberto Bobbio, a Editora Unesp traz a tradução de Ensaios sobre a ciência política na Itália, nos quais o autor– filósofo do direito e historiador do pensamento político – analisa as relações ambíguas entre cidadãos, classe política e o significado da democracia. Na coletânea, o autor lança nova luz sobre as teorias da classe política e das elites, desenvolvendo uma arguta análise das teorias dos italianos Vilfredo Pareto e Gaetano Mosca, precursores da ciência política contemporânea e que passaram à história, merecidamente, como “clássicos” da teoria das minorias governantes. Bobbio afirma, no prefácio, que a exigência que o levou a “estudar novamente as obras desses dois profetas de desgraças [Pareto e Mosca] foi a de dar uma contribuição à retomada de uma tradição [realista] de estudos em ciência política quetinha sido interrompida”. Tal tradição, em uma época na qual a incerteza política pairava sobre a Itália, deveria ser revisitada para descortinar as reais intenções do uso das ideologias pelo poder dominante e permitir uma visão crítica que enxergasse além das seduções do pensamento utópico de seus opositores. A análise das contraposições real-ideal e real-aparente proposta por esses teóricos fornece, ainda hoje, riquíssimo material de reflexão a respeito das ideologias como instrumentos de poder. Esta obra, pautada nas teses de dois teóricos que pavimentaram os caminhos de um estudo empírico da política, é, sem dúvida, uma contribuição fundamental para o debate – sempre atual – sobre democracia e classe política.
Norberto Bobbio (1909-2004), nascido em Turim (Itália), é um dos principais pensadores políticos europeus. De sua obra, a Editora Unesp publicou Estudos sobre Hegel (1989), Direita e esquerda (1995), Os intelectuais e o poder (1997), Elogio da serenidade (2002), O problema da guerra e as vias da paz (2003), Nem com Marx, nem contra Marx (2006) e Direito e poder (2008), Democracia e segredo (2015).
Os escritos de Norberto Bobbio vão da filosofia do direito à ética e da filosofia política à história das idéias, incluindo temas contemporâneos com lucidez, elegância e admirável coerência filosófica. Neste livro, o filósofo italiano debate o que significa a guerra e como ela pode ser combatida de maneira programática pelos indivíduos. Focaliza ainda quais são os melhores caminhos para os movimentos pacifistas em relação a uma atividade política que propicie o diálogo entre as mais diferentes tendências e que tenha como grande objetivo a eliminação das guerras internas e entre as nações.
Nesta obra, Bobbio visita a obra seminal de Kelsen, influência constante de todo o seu pensamento político e jurídico. Nessa trajetória, temas centrais como o estabelecimento de um sistema legal internacional são devidamente abordados com as costumeiras originalidade e profundidade que sempre caracterizaram o mestre italiano.
Nestes ensaios, o autor procura analisar o aspecto jurídico-político da filosofia de Hegel. Para Bobbio, a teoria hegeliana do Estado como momento positivo e superior do desenvolvimento histórico da humanidade é uma continuação da tradição jusnaturalista moderna, iniciada com Hobbes. Dessa forma, a interação hegeliana entre Estado e sociedade civil só poderia ser compreendida à luz do Leviatã hobbesiano, que evidenciaria uma operação propriamente dialética de afirmação e negação da tradição hobbesiana por Hegel.
A relação entre os intelectuais e a política jamais deixou de estar no centro das atenções. Com o que ficar: com a verdade do conhecimento ou com os fatos do poder; com as dúvidas "pessimistas" da razão crítica ou com as certezas quase sempre "otimistas" da vontade política? É sobre perguntas como essas que o autor se debruça. O pensamento político e a análise da cultura são convocados em conjunto para dar um diagnóstico de algumas das questões mais importantes da sociedade contemporânea.
Este livro, organizado por Carlo Violi, reune um número consistente de textos de Norberto Bobbio, fruto de seus intermitentes encontros com Marx e com o marxismo. O autor explica que ao longo de conquenta anos de estudos, seu interesse por Marx jamais arrefeceu, ainda que tenha se limitado mais ao tema do Estado e tenha sempre permanecido no âmbito da filosofia política. Em seus escritos duas linhas sempre sobressaíram: o debate em defesa dos direitos de liberdade da tradição liberal, que os comunistas tinham repudiado, entre 1951 e 1955; e o debate em defesa do Estado de direito e democrático entre 1972 e 1976. Em ambos os casos o alvo foi a teoria marxiana do Estado, do Estado enquanto tal e portanto de todos os Estados reais, considerados como ditaduras.