A figura e a obra machadianas através da recepção e das polêmicas
Hélio de Seixas Guimarães há muitos anos se debruça não só sobre a obra de Machado de Assis, mas também sobre sua recepção pela crítica e pelos leitores. Nesta obra, contudo, ele não tencionou compor uma história dessa recepção, missão já realizada em outros trabalhos – como, por exemplo, os de José Galante de Sousa, Jean-Michel Massa e Ubiratan Machado, que têm procurado organizar a fortuna crítica mais extensa das nossas letras. Seu objetivo, neste livro resultante da tese de livre-docência defendida na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, foi estabelecer quatro momentos considerados como de inflexão na percepção e no entendimento do que o autor entende como um processo de construção de quatro figuras de Machado: o escritor excêntrico, o mito nacional, o escritor internacionalizado e o autor realista.
Autor deste livro.
O Rio de Janeiro da virada do século XIX é o cenário deste livro de Rosa Belluzzo, que nos convida a um passeio pela obra de Machado de Assis e suas referências gastronômicas. Arguto observador de sua época, o fundador da Academia Brasileira de Letras vivenciou as grandes metamorfoses da sociedade fluminense. As inovações geradas durante o Segundo Império e a nascente República foram acompanhadas pelo florescimento de cafés, restaurantes e confeitarias. Uma nova sociabilidade urbana se insinuava, com saraus, teatros e clubes sociais, em meio ao ranço patriarcal rural de outrora. Machado participava ativamente dessa vida cultural incipiente, da qual não falta um cintilante avanço da sofisticação gastronômica. Não por acaso, despontam na obra do cronista os novos hábitos culinários, como o serviço de mesa à francesa, registrado no conto “As bodas de Luís Duarte”, ou a presença de estrangeiros contratados como cozinheiros, observada em Quincas Borba. A partir dos textos de Machado, de comentaristas e de historiadores, Rosa Belluzzo revisita as impressões e os sabores que o escritor experimentou. Com o auxílio de farta iconografia da época e de receitas então apreciadas, a obra avança no conhecimento da história cultural dos tempos machadianos. Assim, permite vislumbrar algo desse período e, no autor genial, o ser humano que partilhou dores e prazeres (inclusive culinários).
Ao reunir visões de especialistas de diversos países sobre o legado de Machado de Assis, este livro mostra a abrangência atual dessa linhagem critica, assim como a multiplicidade de abordagens que o mestre permite e estimula. Poeta, romancista, dramaturgo, contista, jornalista, cronista e teatrólogo, Machado evoca diálogo cada vez mais intenso, sofisticado e sem fronteiras.
Este livro propõe um novo modo de compreender a história literária no século XIX e a escrita literária de Machado de Assis. Lúcia Granja analisa a Poética da escrita jornalística em Machado de Assis, passando pelas crônicas do Diário do Rio de Janeiro e O Cruzeiro, alguns contos e o romance Memórias Póstumas de Brás Cubas. No hipertexto do periódico cotidiano, a circulação e a hiperligação constantes das formas textuais criaram parâmetros de referencialidade e literaridade deslizantes, que mimetizou e com os quais dialogou a obra de nosso maior escritor. A partir das crônicas, a autora demonstra os procedimentos e os recursos textuais na gênese do narrador machadiano revelado nos romances da fase madura do Bruxo do Cosme Velho.
Ao ensejo do centenário da morte de Machado de Assis, a Unesp e a Editora Unesp oferecem dois contos inesquecíveis do maior escritor brasileiro: Missa do Galo e Uns braços.
Literatura e música entrelaçaram-se na vida de Mário de Andrade, impulsionando-o a viabilizar o Congresso da língua nacional cantada, em 1937. Este livro defende que esse episódio ligou-se à relevância dada pelo Mestre Mário à educação e à cultura como ferramentas reformadoras da sociedade e à atuação de uma elite instruída nesse processo; analisa alguns de seus trabalhos que tenham como fio condutor temas como língua nacional, canção e interpretação buscando o porquê do alto valor atribuído a eles; e apresenta algumas de suas reflexões a respeito de nomes do cenário artístico, nas quais firmou o seu conceito a respeito da função social do intelectual. Além disso, este volume evidencia a pluralidade de ocupações e preocupações do autor de Macunaíma: um pouco de cada faceta sua se revela neste obra, essencial para intérpretes, musicólogos e estudiosos da cultura.