Construções da escola em Portugal e no Brasil (1870-1970)
Este livro se propôs a construir uma história dos manuais pedagógicos, o que significou investigar a constituição de determinadas leituras para professores, desde a edição dos títulos mais antigos dos quais se têm conhecimento, na década de 1870, até o século seguinte, quando foi notável o uso mais recorrente de fotos, ilustrações, capas coloridas, letras maiores, enfim, um conjunto de técnicas editoriais que configuraram outras modalidades de escritos e motivaram práticas de ler pouco frequentes até aquele momento.
É professora do Departamento de Metodologia do Ensino e Educaçao Comparada da Faculdade de Educaçao da Universidade de São Paulo. Atua nas áreas de Didática e História da Educaçao. Sua pesquisa tem como temas principais os manuais pedagógicos e as leituras para professores, estudados em perspectiva sócio-histórico-comparada.
Neste livro, a autora definiu os horizontes e as fronteiras do saber histórico escolar. Com o intuito de fundamentar a epistemologia do conhecimento histórico, a pesquisadora faz um significativo balanço historiográfico, cruzando-o com os princípios do nascimento da história como um campo de saber escolar. Ela se reporta ao século XIX, quando a História adquire uma identidade epistemológica e se afirma como um campo disciplinar voltado para a educação, com objetivos bem definidos: a formação da cidadania e de uma identidade nacional.
Franco Cambi, famoso pedagogo italiano, faz aqui uma reconstrução interpretativa geral da história da pedagogia ocidental. O livro aborda um período histórico que vai desde a Antigüidade clássica até o fim da guerra fria. Para cada período, o autor descreve o pensamento educativo hegemônico e suas instituições pedagógicas. Forma de sublinhar o aspecto social da educação, esta prática historiográfica possibilita ao autor tecer considerações a propósito de várias correntes atuais de estudo da escolarização.
Resultado de pesquisa realizada pela autora, tendo em vista suas dúvidas e inquietudes como professora da rede oficial do ensino e estudiosa da História, esta obra aborda diferenças entre o ensino na década de 1960 e o contemporâneo, discorrendo a respeito de aproximações e distanciamentos entre o professor do passado e o do presente. Discute a ideia de que a escola antiga não é nem melhor, nem pior que a atual, mas diferente, por trabalhar com outra clientela, outra cultura histórica e docente e outros referenciais teóricos. Para os defensores da escola moderna, a "fase de ouro da escola pública" oferecia um ensino elitista e trabalhava conteúdos prontos de forma expositiva, sendo que o ensino atual não atinge a qualidade desejada porque os docentes são mal-remunerados, despreparados e resistem ao novo. Os professores mais antigos, considerados tradicionais, duvidam das novas propostas pedagógicas, afirmam que a escola está em decadência, por aprovar alunos sem conhecimento, e veem com desconfiança teorias que postulam não haver verdades acabadas a transmitir e que consideram a pesquisa como princípio pedagógico.
Este trabalho multidisciplinar tem como principal preocupação a formação do professor. Por isso, focaliza as duas realidades básicas de que seu trabalho depende: o aluno e a escola. Reúne contribuições de especialistas de grandes universidades brasileiras, que apresentam idéias relevantes e inovadoras, em relação aos temas tratados. A sua ênfase reside na diversidade da clientela que usualmente acorre às novas escolas e nos problemas específicos daí decorrentes. A escola e a classe social, a importância dos gêneros para a educação e o problema do negro na escola brasileira estão entre os assuntos abordados. No seu conjunto, descreve e explica determinadas condições de trabalho, mas também oferece indicações valiosas para sua melhoria. Trata-se de um livro oportuno para a atualidade pedagógica brasileira e constitui leitura obrigatória para profissionais da educação e para todos os que reconhecem a necessidade de refletir sobre ela.
O estudo de Carolina Biscalquini Talamoni analisa e interpreta os processos de ensino e aprendizagem engendrados no âmbito das aulas da disciplina Anatomia Geral e Humana, ministrada a estudantes de cursos de licenciatura em Ciências Biológicas. A autora contempla as problemáticas relacionadas à questão metodológica e à familiarização dos estudantes com o ambiente do laboratório, de modo a cumprir objetivos que ela considera fundamentais. O primeiro é contextualizar a aula do ponto de vista histórico, cultural, psicológico. O segundo é produzir uma análise minuciosa da descrição densa enquanto metodologia de pesquisa pertinente para investigações nos campos das Ciências Sociais e da Educação. Por fim Talamoni almeja demonstrar a descrição densa enquanto resultado e também produto da pesquisa.
O primeiro dos cinco capítulos do livro, “Anatomia, ensino e entretenimento” traz um histórico da Anatomia no mundo, a fim de proporcionar um panorama geral da constituição da disciplina anatômica no âmbito da cultura ocidental. No segundo capítulo a autora aborda a história da disciplina no Brasil.
O capítulo três, teórico e de revisão bibliográfica, procura orientar o leitor sobre os fundamentos do Programa da Descrição Densa de Clifford Geertz, além e discutir críticas ao programa e as possibilidades de observação proporcionadas pela metodologia, ainda pouco explorada no campo da Educação no Brasil. Em consonância com as propostas da descrição densa, o quarto capítulo trata dos personagens que compuseram o cenário mais abrangente da descrição propriamente dita, enquanto o último apresenta uma descrição densa da disciplina Anatomia Geral e Humana.