Um intercâmbio filosófico
Este livro é uma conversa entre quatro das principais teóricas feministas da atualidade. Esse intercâmbio foi iniciado em um simpósio sobre feminismo e pós-modernismo, em 1990, na Filadélfia. As palestrantes originais eram Seyla Benhabib e Judith Butler, com Nancy Fraser como mediadora. A escolha deste grupo específico não era acidental: ainda que essas três teóricas tivessem muito em comum – obras bem estabelecidas sobre teoria feminista – elas também eram conhecidas por terem modos diferentes de se relacionar com o mesmo tópico. Esta conjunção de similaridade e diferença, combinada à reputação de cada uma como teórica poderosa, assegurava um debate consequente. Com a confirmação deste resultado, os textos do simpósio foram publicados na revista Praxis International, em 1991. Depois dessa publicação, decidiu-se ampliar a discussão: foram incluídas uma contribuição de Drucilla Cornell e uma resposta de cada uma das integrantes da “gangue das quatro” à palestra original das outras. Posteriormente, tudo foi publicado no livro que agora chega ao público brasileiro.
Seyla Benhabib, Professor of Government e Senior Research Associate no Center for European Studies na Universidade de Harvard, é autora de Situating the Self: Gender, Community and Postmodernism in Contemporary Ethics (1992), entre outras obras.
A filósofa estadunidense Judith Butler é Maxine Elliot Professor do Departamento de Literatura Comparada e do Programa de Teoria Crítica da Universidade da Califórnia, Berkeley, e detém a Hannah Arendt Chair na European Graduate School. Expoente nos debates sobre identidade de gênero e direitos humanos, é autora, entre muitos outros trabalhos,de Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade (1990) e Corpos que importam: os limites discursivos do “sexo” (1996). Da autora, a Editora Unesp publicou Discurso de ódio: Uma política do performativo (2021), e Desfazendo gênero (2022).
Drucilla Cornell atualmente tem os cargos de Professor Extraordinaire na Universidade de Pretória, na África do Sul, e professora visitante no Birkbeck College, na Universidade de Londres. Nancy Fraser é titular da cátedra Henry A. and Louise Loeb de Ciências Políticas e Sociais da New School University, em Nova York. Expoente no campo dos estudos feministas, vincula-se à escola de pensamento da chamada Teoria Crítica.
Chamado diversas vezes de "monumento nacional" e considerado pelo modernista Oswald de Andrade "nosso escritor totêmico", Gilberto Freyre é mostrado neste livro como um rompedor de tabus, dono de um estilo coloquial que ofendeu alguns de seus primeiros leitores no início da década de 1930. Essencial para seu projeto era o foco no cotidiano, que incluía o estudo de culinária, vestimentas, habitação, corpo, pessoas comuns, objetos modestos e detalhes triviais. Ele era ainda surpreendetemente avançado em alguns aspectos. Nos anos 1920, já expressava preocupação com a devastação das florestas e, na década de 1930, promoveu estudos afro-brasileiros. Interessava-se por medicina alternativa e escreveu sobre a história do corpo, da sexualidade e até dos cheiros. Além disso, ao contrário de alguns de seus contemporâneos, movia-se com facilidade entre os mundos da "alta" cultura e da cultura "popular".
Este livro traz uma fantástica aventura em terras americanas que se tornou best-seller na Europa do século XVIII, registrado em gazetas, publicado em pelo menos quatro idiomas e comentado por Voltaire. O livreto, cuja primeira edição é de 1756, é anônimo, mas traz nele algumas das grandes questões da época, num cenário que já era parte da imaginação coletiva europeia: a América dos jesuítas e dos conflitos entre portugueses e espanhóis. Conta a história de um pequeno trapaceiro espanhol que chega ao rio da Prata como missionário e acaba rei dos guaranis e imperador dos paulistas.
“A linguagem poderia nos ferir se não fôssemos, de alguma forma, seres linguísticos, seres que necessitam da linguagem para existir?” Sensíveis às complexidades e à emergência das discussões sobre a liberdade de expressão e cultura do “cancelamento”, as reflexões que decorrem desta leitura são atuais, necessárias e fecundas. Preocupada com a necessidade de aumentar o poder de ação de dominados e subordinados, a autora problematiza algumas importantes questões que permeiam o debate sobre a criminalização do discurso de ódio.
Este livro chega ao Brasil em um momento particularmente fecundo para o enfrentamento dos muitos problemas que Butler aponta: esta tem sido uma época especialmente desfavorável para mulheres, homossexuais, lésbicas e pessoas trans, com índices de violência impressionantes. Autora incontornável no que diz respeito às reflexões sobre formas de segregação, Butler está “desfazendo” o conceito de gênero como único e exclusivo recorte para análise das injúrias e violações a que as chamadas “pessoas dissidentes de gênero” são submetidas.
Este livro mergulha nas complexas relações entre o performativo e o político, explorando temas como a despossessão, a violência, a soberania, a linguagem e a corporeidade. A partir da obra de Judith Butler, a despossessão emerge como um conceito central, revelando as formas como o poder é exercido para subtrair direitos, dignidade e reconhecimento aos indivíduos e grupos marginalizados.