À margem da história, um dos luminares da obra euclidiana, representa um exercício intelectual de caráter não somente transamazônico, mas transnacional, em cujo percurso o autor mapeia a exuberância natural e o contrastante depauperamento humano que dominam a paisagem das profundezas do Brasil.
Euclides da Cunha (1866-1909) foi escritor, jornalista, professor e poeta. Sua obra mais conhecida é Os sertões, resultado do trabalho de correspondente para o jornal O Estado de S. Paulo na Revolta de Canudos, no sertão da Bahia.
É professor titular de estudos latino-americanos na Universidade da Califórnia, em Davis. Foi professor visitante na USP e também lecionou nas universidades de Yale, do Colorado e do Texas (EUA). É autor de Historia de un malentendido (Peter Lang), A imitação dos sentidos (Edusp), e organizador de Discurso, ciência e controvérsia em Euclides da Cunha (Edusp), entre outros livros.
Francisco Foot Hardman é professor titular na área de Literatura e Outras Produções Culturais da Unicamp. Foi professor visitante na Universidade de Pequim (2019-20). Publicou, entre vários livros, Trem-fantasma (Cia. das Letras, 2005), Ai Qing: Viagem à América do Sul (Editora Unesp, 2019 – em colaboração com Fan Xing), Meu diário da China: a China atual aos olhos de um brasileiro (PKU Press, 2021) e A vingança da Hileia Nova edição (Editora Unesp, 2023).
Pesquisador independente, publicitário de formação e técnico bancário (CEF). Atua em pesquisas relacionadas aos escritores Euclides da Cunha e Machado de Assis, focando em levantamentos de textos desconhecidos (nunca publicados em livro ou inteiramente inéditos) e de iconografia fotográfica. De Euclides, decifrou o primeiro pseudônimo utilizado pelo escritor: Ícaro, esquecido por mais de 130 anos em obras publicadas em ainda em 1883, aos 17 anos de idade. De Machado, descobriu uma crônica anônima, publicada em 1860, aos 21 anos de idade, na qual o escritor lamenta a perda da mãe. É autor de "Iconografia de Euclides da Cunha" (Instituto Memória).
Terceira edição revista e ampliada de um livro fundamental para pesquisas na área de história do trabalho e no campo das culturas entre operários. Desenvolve uma discussão crítica das contradições e problemas da existência de uma política cultural anarquista no Brasil. Estuda ainda a presença cultural do proletariado e das correntes libertárias no panorama literário pré-modernista da sociedade brasileira, mostrando os laços orgânicos entre a literatura social e o anarquismo.
O difundido retrato da suposta cordialidade brasileira, ilustrada pelos cenários carnavalescos ou pelo futebol, sistematicamente oculta a violência, latente ou explícita, do preconceito, da exclusão e da repressão sociais. A eficiência com que as elites ocultam essa face brutal de nossa sociedade exige um trabalho de rastreamento, de descobrimento de pistas que revelem o autoritarismo subjacente e forneçam uma interpretação mais justa. Os ensaios que compreendem este livro têm por objetivo justamente levar a cabo essa tarefa ao criticar a imagem e autoimagem da República.
Após cem anos da morte de Euclides da Cunha, o leitor tem pela primeira vez acesso ao conjunto integral de seu acervo poético. Quem já conhece a arte maior de sua prosa encontrará aqui o complemento ideal para a melhor compreensão da obra e do pensamento desse intelectual ímpar. Mas os versos também falam por si, e seus méritos decorrem da contribuição que acrescentam à história da cultura brasileira, da literatura, da crítica e da poesia.
Revoluções brasileiras, cuja primeira edição é de 1897, é composto de 18 resumos históricos que começam com a história do Quilombo de Palmares e terminam com a Proclamação da República. Sua visão histórica e seu tom radical dão à obra um lugar particular nos estudos da história e da política desse período.
Depois da repercussão de Os sertões, Euclides da Cunha concentrou esforços no desafio de "escrever a Amazônia". Embora inconclusa, devido à morte precoce, essa jornada literária motivou Francisco Foot Hardman a redigir alguns dos vinte ensaios que dão forma e rumo a este A vingança vde Hileia. Mas o livro não se atém apenas ao exame da prosa amazônica de Euclides em suas relações com outros escritores que tentaram representar a região, de Inglês de Sousa a José Eustasio Rivera, de Dalcídio Jurandir a Milton Hatoum. Trabalhando com o conceito de "poética das ruínas", Foot Hardman amplia e diversifica o quadro de análise, seja na critica às visões esquemáticas do Brasil moderno, seja no diálogo com as ciências humanas contemporâneas e com a modernidade literária internacional.