Neste livro, o filósofo e sociólogo alemão Axel Honneth, destacado representante contemporâneo da Escola de Frankfurt, propõe uma roupagem inovadora para o conceito de reificação, ao atrelá-lo também a comportamentos cotidianos, por exemplo, os que se verificam no ambiente familiar, no mercado de trabalho e nos relacionamentos amorosos mediados por redes sociais. O livro sintetiza duas décadas de reflexões do autor sobre a reificação, apresentando um olhar surpreendente para as transformações do establishment social e político de nossos tempos.
Axel Honneth, nascido em 1949, é professor de Ciências Humanas na Columbia University, em Nova York, professor sênior de Filosofia e diretor do Institut fur Sozialforschung na Universidade Johann Wolfgang Goethe, em Frankfurt.
As investigações reunidas neste volume, orientadas predominantemente de um ponto de vista histórico, destinam-se a desenvolver uma teoria crítica da sociedade projetada com um propósito prático e a delimitar seu status diante de teorias de outra proveniência.
A explosão das ilusões neoliberais promoveu a concepção de que os mercados financeiros, principalmente os sistemas funcionais que perpassam as fronteiras nacionais, criam situações problemáticas na sociedade mundial que os Estados individuais – ou as coalizões de Estados – não conseguem mais dominar. A política como tal, a política no singular, é desafiada em certa medida por tal necessidade de regulamentação: a comunidade internacional dos Estados tem de progredir para uma comunidade cosmopolita de Estados e dos cidadãos do mundo, levando adiante a juridificação democrática do poder político.
Durante os anos 1970, Jürgen Habermas trabalhava na reconstrução do materialismo histórico. Para um dos principais filósofos da atualidade, isso significa compor e recompor a teoria em uma nova forma para que ela possa cumprir o objetivo proposto. Ou seja, extrair, após revisar suas premissas, o potencial que as ideias marxianas ainda carregam de explicar a sociedade, sua dinâmica e transformações. Oferecendo uma forma específica de pensar o materialismo histórico, este livro constrói novas perspectivas em relação ao estágio moderno do capitalismo e suas crises, ao mesmo tempo que vislumbra possibilidades reais de uma vida em sociedade mais democrática e emancipada. Habermas começa com uma discussão sobre o papel da filosofia no marxismo, alertando como “é tão perigoso permanecer melindrosamente no medium da pura filosofia quanto, de outro lado, renunciar em geral à reflexão filosófica em favor da positividade científica”. Em seguida, esclarece algumas homologias estruturais que existem entre história da espécie e ontogênese. Na terceira parte, indica os limites da teoria da evolução social. Na quarta, discute se no Estado moderno também as legitimações não podem ser ‘obtidas’ de maneira arbitrária. Preocupado principalmente com a tradição filosófica em torno do materialismo histórico, Habermas agrega outras esferas sociais em sua análise, em especial o domínio público de legitimação, não permanecendo focado apenas na dimensão econômica. No processo de reconstrução, o conceito de modo de produção é substituído pelas categorias mais abstratas de trabalho e linguagem, já que a relação entre infraestrutura e superestrutura não é suficiente para explicar o capitalismo tardio. “Chega-se, assim”, como se lê na apresentação à edição brasileira, “a uma das teses mais fortes do livro: a de que o emprego de novas forças produtivas somente é possível se acolhidas primeiramente em novas formas de integração social e que as estruturas normativas que essa integração implica podem levar a uma nova etapa de desenvolvimento s
“Mesmo nas democracias estabelecidas, as instituições existentes da liberdade não são mais incontestáveis, ainda que nelas as populações pareçam pressionar não por menos, mas, sim, por mais democracia. Eu suponho, contudo, que a inquietação tem uma razão ainda mais profunda, a saber, a suspeita de que, no marco de uma política completamente secularizada, não é possível haver e nem preservar o Estado de direito sem democracia radical. Discernir o que subjaz a essa suspeita é o objetivo da presente investigação.”
O diagnóstico sobre a revolução recuperadora elaborado por Jürgen Habermas no contexto da bancarrota do socialismo real aponta para um processo de transformação social e política extremamente complexo e ambíguo, em que se manifestam tanto as fagulhas de emancipação ainda existentes quanto ameaças sistêmicas e nacionalistas. O socialismo continua se inscrevendo efetivamente nas lutas em prol da emancipação da dominação que ameaçam as formas de vida e nas aspirações democráticas de muitos movimentos sociais. Apenas uma sociedade radicalmente democrática – em que as formas de vida plurais podem se expressar de maneira enfática e os cidadãos podem exercer plenamente sua autonomia – é capaz de realizar o propósito emancipatório atribuído ao socialismo.