Uma introdução ao pensamento dos letrados chineses
Que toda realidade seja concebida como processo em curso que depende de uma relação de interação; que todo real nunca seja analisável como entidade individual, mas como relação; que na origem de todo fenômeno haja, consequentemente, não uma, mas duas instâncias funcionando correlativamente (yin/yang, Terra/Céu, paisagem/emoção...), essa é a representação de base da cultura chinesa, cujas implicações podemos entender pela leitura de Wang Fuzhi (1619-1692). Ou seja, uma regulação ininterrupta do curso (tanto do mundo como da consciência), um vaivém do visível e do invisível em uma correlação essencial, uma afirmação dos valores que, sendo da ordem da natureza, não conduz a uma ruptura dualista ou a um “ser” metafísico. A leitura de François Jullien se diz problemática porque propõe entre “processo” e “criação” (como é entendida no Ocidente) uma alternativa que nos permite apreender o traço singular adquirido por um contexto de civilização, que foi assimilado como evidência e serve de forma (inconsciente) de racionalidade. Um modo também de redescobrir os partis pris ocultos em nosso próprio cogito.
É professor da Universidade Paris VII - Denis Diderot, membro do Instituto Universitário da França e diretor do Instituto do Pensamento Contemporâneo. Seu trabalho é traduzido em diversos países.
O que é o mito? É história alterada? É história aumentada? Uma mitomania coletiva? Uma alegoria? O que era o mito para os gregos? […] O sentimento da verdade é muito amplo (abrange facilmente o mito), “verdade” quer dizer muitas coisas e pode até abranger a literatura de ficção.
Catulo, Propércio, Tibulo, Ovídio, goliardos da Antiguidade clássica, são recriados nestas páginas através da extraordinária visão de Paul Veyne, que estabelece o vínculo crítico em que o amor e a poesia produzem uma estilização da vida cotidiana e a revestem de brilho e intensidade.
Ler Marx discute os aspectos políticos, filosóficos e econômicos do pensamento de Karl Marx. Ao longo dessa caminhada, os autores revisitam os originais do pensador alemão e destacam a vitalidade de suas ideias neste início de século XXI.
Neste livro, Jacques Rancière propõe uma poética do saber: um estudo do conjunto dos procedimentos literários pelos quais um discurso se subtrai da literatura, dá a si mesmo um status de ciência e significa-o. A poética do saber se interessa pelas regras segundo as quais um saber se escreve e se lê como um discurso específico. Ela procurar definir o modo de verdade ao qual ele se destina.
Desde que existe, o homem prevê, afirma o historiador francês. Apesar de universal, a predição adquire diferentes formas ao longo da história da humanidade, passando por adivinhações, profecias, astrologias, utopias e futurologias. Ela não é neutra ou passiva. Corresponde a uma intenção, um desejo ou um temor. Sua importância não é a exatidão, mas seu papel de terapia social ou individual e o reflexo no presente. Nesse sentido, a revela a mentalidade e a cultura de uma sociedade. Ao fazer sua história, o autor busca contribuir para a história das civilizações, analisando seus desdobramentos na religião e na política.