Aspectos históricos, organizacionais e formativos da atividade do ensino superior brasileiro
A iniciação científica (IC) pode ser entendida sob duas perspectivas dentro do ensino superior. Na primeira, é um processo que abarca todas as experiências vivenciadas pelo aluno durante a graduação, com o objetivo de promover o seu envolvimento com a pesquisa e, consequentemente, sua formação científica, incluindo programas de treinamento, desenvolvimento de estudos sobre a metodologia científica (dentro de uma disciplina ou não), visitas programadas a institutos de pesquisa e a indústrias etc. Na segunda, adotada neste livro, a IC é definida como o desenvolvimento de um projeto de pesquisa elaborado e realizado sob orientação de um docente da universidade, executado com ou sem bolsa para os alunos.
O conjunto de textos aqui reunidos promove a socialização de diferentes teorias e práticas sobre a IC no contexto de sua ação formadora, além de relatar percursos, discutir fundamentos e oferecer contribuições que permitam uma melhor orientação aos gestores e discentes participantes e interessados nessa atividade. Os ensaios tratam de amplo espectro de temas correlatos: as implicações e perspectivas da pesquisa nas universidades brasileiras; o desenvolvimento e a abrangência dos programas nacionais de pesquisa sobre a iniciação científica; os efeitos dos fatores socioeconômicos e culturais no acesso à bolsa de iniciação científica; o trabalho do professor pesquisador no PIBIC/CNPq; a bolsa de iniciação científica e os grupos de pesquisa; e, por fim, a pesquisa na graduação e sua importância no Programa Institucional de Bolsas de IC.
Luciana Massi é professora associada da Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara (FCLAr) e do Programa de Pós-Graduação em Educação para Ciência da Faculdade de Ciências (FC), em Bauru, da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Atua no curso de licenciatura em Química do Instituto de Química e desenvolve projetos de ensino, pesquisa e extensão. Defendeu a livre-docência em educação em ciências pela Unesp em 2022. Fez pós-doutorado em educação, sob supervisão do professor Marcelo Giordan, doutorado e mestrado em ensino de ciências pela Universidade de São Paulo (USP) e é licenciada em química pela Unesp. Realizou estágio de doutoramento na École Normale Supérieure em Lyon e na Universidade do Porto. Tem experiência na área de educação química, com ênfase em linguagem, história, filosofia e sociologia da ciência pautadas no materialismo histórico-dialético e na pedagogia histórico-crítica; e na sociologia da educação e da ciência pautada na perspectiva bourdiana. É editora associada da revista Ensaio – Pesquisa em Educação em Ciências, responsável pela seção “Espaço Aberto” da Revista Química Nova na Escola e membro do conselho editorial da Revista Tecné, Episteme y Didaxis: TED. Atuou no Redefor sob orientação do professor Marcelo Giordan, oportunidade na qual desenvolveram os estudos e as sistematizações apresentados nesta obra.
É química industrial pela Universidade Federal do Ceará, doutora em Química Inorgânica pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), e realizou estágio de pós-doutoramento na Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). É docente do Instituto de Química de São Carlos, Universidade de São Paulo, desde 2003, onde coordena o Grupo de Pesquisa em Ensino de Química do Instituto de Química de São Carlos. Orientou várias dissertações de mestrado e teses de doutorado e tem publicações em periódicos nacionais e internacionais na área de Educação em Química.
Transformar a prática docente em objeto de pesquisa é um constante desafio para a educação. Nesta obra, os autores discutem e orientam cada etapa do processo de planejamento e realização de uma pesquisa voltada para a análise de situações de sala de aula, por meio de um olhar reflexivo sobre outras pesquisas com objetos semelhantes. Ela é fruto de um contexto de pesquisa de formação continuada de professores e serviu como material de apoio para professores e orientadores durante curso de especialização que culminou com a elaboração de trabalhos de conclusão de curso. Os autores apresentam aqui uma proposta que serve à dupla mediação de ensinar e aprender por meio da investigação, desenvolvida a partir de experiências de docentes e estudantes de fazer da sala de aula um cenário de pesquisa para ambos. Com abordagem investigativa, este livro pretende ser instrumento e razão para que docentes e estudantes conquistem seus direitos a uma educação integral e crítica que os levem a sua transformação e da própria sociedade.
Este livro discute qual o conteúdo de Matemática é mais desafiador e tem mais significado para os alunos. Como a disciplina é cercada pelo mito da dificuldade, o autor se valeu do xadrez como recurso didático para gerar situações prazerosas que desenvolvessem o gosto pelas experiências matemáticas. O xadrez é utilizado como exemplo de um recurso para ensinar conceitos e procedimentos matemáticos que sirvam também de objeto de estudo para a reflexão sobre pesquisas que possam ser feitas em outras áreas do conhecimento. Computadores, vídeos, jogos, lousa e giz são vistos como caminhos igualmente válidos, desde que sejam investigados em profundidade para entender o que cada um deles pode oferecer ao ensino da Matemática.
Para Maurício Tragtenberg, a vida e o trabalho significam a base do interesse no conhecimento e, se alunos manifestam desinteresse pela escola, isto deriva da miséria cultural das famílias, muitas vezes também da sua miséria material, obrigando-os a procurar alguma ocupação para sobreviver precariamente. Porém, Tragtenberg não busca só fora da escola as razões do desalento e do desprezo dos alunos, motivadores da evasão escolar. Denuncia a má qualidade do ensino e sua inutilidade para a existência deles, tanto na maioria das escolas primárias, secundárias, como na maioria das universidades, contribuindo com o prestígio da burocracia educacional.
O tema da avaliação é tratado pelas autoras com base em uma dupla perspectiva: a do conjunto de significações individuais dos processos de classificações e exames aos quais os sujeitos são submetidos no decorrer da vida e no domínio das experiências cotidianas, vinculadas ou não à escola, e ao conjunto de significações sociais dos processos que buscam classificar, hierarquizar, verificar e calcular perdas e ganhos, aquisições e desempenhos, investimentos e retornos.
Inimigos da esperança é um ensaio de Lindsay Waters que objetiva "exortar os acadêmicos a tomar medidas para preservar e proteger a independência de suas atividades, tais como escrever livros e artigos, da forma como antigamente os concebiam, antes que o mercado se torne nossa prisão e o valor do livro seja depreciado". Para ele, "os editores acadêmicos enfrentam perigos oriundos de todos os lados: do público, dos contribuintes, dos professores, dos estudantes, dos bibliotecários, de seus próprios colegas. Entre os administradores universitários e os próprios editores acadêmicos, que parecem se sentir forçados a concordar com expectativas que não são razoáveis, surgiu a idéia de que as editoras universitárias deveriam se transformar em 'centros lucrativos' e contribuir para o orçamento geral da universidade. De onde veio essa idéia? Ela é péssima. Desde Gutenberg, temos registro financeiros contínuos sobre as publicações no Ocidente, e está provado que os livros são um negócio ruim. ... E a idéia de tentar extrair dinheiro das editoras Universitárias - as mais pobres de todas as editoras - é o mesmo que esperar que os ratos da igreja contribuam para a conservação do local".