O objetivo deste livro é discorrer sobre a ocupação Guarani Mbya no litoral do Brasil e adjacências, com base na importância social e religiosa que este complexo territorial representa para o Grupo. A primeira parte se constitui da Introdução ao trabalho e de três capítulos sobre aspectos gerais. Contém informações sobre o grupo Mbya, tais como classificação, localização, situação das aldeias atuais e território tradicional, a partir das fontes históricas e de dados sobre as migrações recentes. A segunda parte, e central deste trabalho, apresenta narrativas míticas que fundamentam o pensamento e o modo de ser Mbya e justificam, do ponto de vista da história Mbya, as caminhadas em direção ao mar. Os mitos estão apresentados sob a forma de três narrativas principais, divididas em três capítulos acrescidos de observações, dados etnográficos e relatos complementares. Nos comentários finais, incluídos nesta parte, se realça o conteúdo crítico da idéia que os Mbya têm de si mesmos e do mundo em que vivem.
Autor deste livro.
Este é um livro que ganhou fama, antes mesmo de ser publicado. Desde 1975, quando João Manuel apresentou O capitalismo tardio como tese de doutoramento, as cópias xerografadas circulam pelo Brasil inteiro, cada vez menos legíveis pela incessante reprodução. O autor, como de hábito, ignorou sistematicamente o sucesso de seu trabalho clandestino e desdenhou os elogios. Absorveu as objeções com o mesmo rigor com que costuma avaliar os méritos de sua própria obra. Por isso desapontou os críticos com o silêncio e suportou os apelos para publicar o livro, com o desapego dos que já estão pensando novas questões. A distância que João Manuel guarda em relação a seus trabalhos terminados é proporcional à intimidade que mantém com o pensamento vivo e questionador.
Este esforço de investigação é um capítulo particularmente interessante dos estudos históricos recentes sobre a escravidão, porque contém modulações importantes não apenas no estilo de conceber as relações familiares escravas, mas também de interrogar o passado e reescrever a história. Foi a incorporação de novos tipos de fonte que permitiu conhecer melhor o que, até então, era tido por incompatível com o cativeiro.
Estudo que analisa o papel desempenhado pela eletricidade na modernização do Brasil. Ao contrário do que ocorreu em países da Europa, foi o gerador elétrico, e não a máquina a vapor, que funcionou como agente de modernização. A modernidade só deixou de ser um ideal a partir do momento em que a energia elétrica foi posta à disposição do consumo. Daí a necessidade de compreender o desenvolvimento tecnológico que possibilitou a modernização pelo domínio da produção de energia elétrica.
Livro que procura discutir parte da obra de Guimarães Rosa como sendo a de um intérprete do Brasil, de forma peculiar (como afirma o autor) que, nos seus três primeiros livros, apreciou os costumes da vida pública junto aos da vida privada, os familiares e amorosos, próprios do romance. Demonstra como as três obras iniciais de Rosa, Sagarana, Corpo de baile e Grande sertão: veredas, se relacionam e se imbricam, podendo as duas primeiras ser consideradas como estudos preparatórios para Grande sertão. Nessa perspectiva, o autor investiga a genealogia e a formação do herói jagunço; a gestação dos paradigmas amorosos de Grande sertão, já incubados em Sagarana e desenvolvidos num dos romances de Corpo de baile; e a teatralização do drama civilizatório no Brasil.
Diz-se que o homem é um ser social. Mas o que exatamente significa essa frase? Quais as consequências desta observação aparentemente banal, que não há um eu sem um você? O ser humano estaria condenado à incompletude? Neste livro não há, como avisa o autor, um discurso fechado em certezas ou verdades absolutas, mas um amplo vasculhar sobre a questão.