Mobilidade, parentesco e xamanismo mbya (guarani)
Este livro investiga a busca de alegria, bem-estar e saúde – ou tudo que faz a vida durar – em duas aldeias mbya (guarani) no litoral sul do estado do Rio de Janeiro: Araponga e Parati Mirim. Ao mesmo tempo que analisa a extensa literatura antropológica sobre os Guarani, à luz dos desenvolvimentos mais recentes da etnologia americanista, Elizabeth Pissolato trata de temas como o xamanismo, o parentesco, os cuidados com as crianças e a vida diária, de um modo geral pouco explorados nesse tipo de pesquisa. Sob uma ótica bastante original, que privilegia a experiência individual das relações sociais, com ênfase para os atos e palavras dos próprios Mbya, a pesquisadora se dedica à etnografia dos deslocamentos, examinando as condutas pessoais e os comentários em torno das andanças por lugares. É na mudança frequente de lugar e de perspectiva que os Mbya, de fato, apostariam na conquista de condições renovadas de continuar existindo nesta terra.
Elizabeth Pissolato é etnóloga, doutora em Antropologia Social pelo Museu Nacional da UFRJ e membro do Núcleo Transformações Indígenas – NuTi/Pronex/UFRJ. Desde 2001 realiza pesquisas com os Mbya no Sudeste brasileiro e atualmente é professora de Antropologia (substituta) no Departamento de Ciências Sociais da UFJF, Minas Gerais.
Livro que procura discutir parte da obra de Guimarães Rosa como sendo a de um intérprete do Brasil, de forma peculiar (como afirma o autor) que, nos seus três primeiros livros, apreciou os costumes da vida pública junto aos da vida privada, os familiares e amorosos, próprios do romance. Demonstra como as três obras iniciais de Rosa, Sagarana, Corpo de baile e Grande sertão: veredas, se relacionam e se imbricam, podendo as duas primeiras ser consideradas como estudos preparatórios para Grande sertão. Nessa perspectiva, o autor investiga a genealogia e a formação do herói jagunço; a gestação dos paradigmas amorosos de Grande sertão, já incubados em Sagarana e desenvolvidos num dos romances de Corpo de baile; e a teatralização do drama civilizatório no Brasil.
Depois da repercussão de Os sertões, Euclides da Cunha concentrou esforços no desafio de "escrever a Amazônia". Embora inconclusa, devido à morte precoce, essa jornada literária motivou Francisco Foot Hardman a redigir alguns dos vinte ensaios que dão forma e rumo a este A vingança vde Hileia. Mas o livro não se atém apenas ao exame da prosa amazônica de Euclides em suas relações com outros escritores que tentaram representar a região, de Inglês de Sousa a José Eustasio Rivera, de Dalcídio Jurandir a Milton Hatoum. Trabalhando com o conceito de "poética das ruínas", Foot Hardman amplia e diversifica o quadro de análise, seja na critica às visões esquemáticas do Brasil moderno, seja no diálogo com as ciências humanas contemporâneas e com a modernidade literária internacional.
A Era Vargas reúne ensaios que procuram retratar o contexto e o significado histórico do projeto varguista. Em comum, os textos compartilham a perspectiva de que, se é verdade que a ação pessoal não é o motor da história, em certas ocasiões, sobretudo em momentos de crise de modelo, a ação política assume papel crucial para encaminhar soluções emergenciais e rotas estratégicas para o desenvolvimento nacional.
Imagine as ruas centrais e alguns bairros da cidade do Rio de Janeiro, então distrito federal, tomados por barricadas e trincheiras, a iluminação pública destruída, uma fúria dirigida a delegacias, repartições públicas e inclusive ao comércio, em busca de armas, querosene e dinamite. Imagine carros tombados, armadilhas e tocaias em becos e casas abandonadas, e a ação policial sem conseguir reprimir a revolta. O governo precisa recorrer, então, às tropas do Exército e da Marinha, aos bombeiros e, por fim, à Guarda Nacional. Neste livro, Nicolau Sevcenko elucida os principais fatores que levaram à Revolta da Vacina, durante a campanha de vacinação contra a varíola ocorrida em 1904, o “último motim urbano clássico do Rio de Janeiro”.
A floresta amazônica cobre mais de cinco milhões de quilômetros quadrados, entre os territórios de nove nações diferentes. Representa mais da metade da floresta tropical remanescente do planeta. Está realmente em perigo? Que passos são necessários para salvá-la? Para entender o futuro da Amazônia, é preciso saber como sua história foi forjada: nas épocas das grandes populações pré-colombianas, na "corrida do ouro" de conquistadores, nos séculos de escravidão, nos esquemas dos ditadores militares do Brasil nas décadas de 1960 e 1970 e nas novas economias globalizadas, nas quais a soja e a carne bovina brasileiras agora dominam, enquanto o mercado de créditos de carbono aumenta o valor da floresta em pé. Susanna Hecht e Alexander Cockburn mostram em detalhes convincentes o panorama de destruição, analisando muitos fatos no calor da hora, e também põem em relevo o extraordinário ímpeto dos defensores daquele ecossistema, bem como o surgimento de novos mercados ambientais. Passando por fatos marcantes dessa luta pela preservação da floresta, a exemplo do assassinato de Chico Mendes, este livro contribui substancialmente para atualizar e organizar o conhecimento disponível para o grande público a respeito das reais condições atuais da floresta, da miríade de desafios restantes e dos luzes que se veem no horizonte.