Economia e política internacional no entreguerras
Este livro reúne nove ensaios sobre a economia e a política internacional durante o período que se estende da hegemonia inglesa no século XIX até a eclosão da Segunda Guerra Mundial. A Primeira Guerra Mundial, a emergência dos Estados Unidos como nação líder, a ressurreição e a falência do padrão-ouro, a emergência do comunismo no plano internacional, a incorporação das massas ao cenário político, os desencontros que se sucederam ao Tratado de Versailles, os percalços e as contradições que conduziram à emergência do nazismo, as contínuas mudanças de rota da França no entreguerras, o triunfal regresso e o súbito abandono da Inglaterra aos cânones da ortodoxia, a prosperidade americana dos roaring twenties, a Grande Depressão, as políticas de recuperação de Roosevelt e Hitler e os caminhos que levaram à eclosão do segundo conflito mundial, são alguns dos temas aqui tratados.
Frederico Mazzucchelli foi por trinta anos professor do Instituto de Economia da Unicamp. Entre suas publicações, destacam-se A contradição em processo: o capitalismo e suas crises (1985), Os anos de chumbo: economia e política internacional no entreguerras (2009) e Os dias de sol: a trajetória do capitalismo no pós-guerra (2014). Entre 1987 e 1992, foi secretário do Planejamento e secretário da Fazenda do Estado de São Paulo.
Em As ideias e os fatos, Frederico Mazzucchelli reúne ensaios escritos com o esteio da teoria e da história. Na primeira parte, analisa os grandes paradigmas da realidade capitalista (formulados por Adam Smith, Karl Marx, Nassau William Senior, William Stanley Jevons, Léon Walrase John Keynes) e dedica-se à contribuição original de Maria da Conceição Tavares para o pensamento econômico brasileiro. Nos textos históricos, o autor versa sobre as grandes estruturações do capitalismo mundial a partir de meados do século XX: a ordem liberal burguesa, o interregno instável do entreguerras, o consenso reformista do pós-guerra e a avalanche neoliberal dos últimos quarenta anos.
Panem et circenses: por qual motivo a elite romana organizava jogos e distribuía trigo para a plebe? Prática diversionista? Clientelismo? Despolitização? Populismo? Esta obra monumental de Paul Veyne reúne uma investigação minuciosa sobre as origens dessa prática tão comum a aristocratas e imperadores. Juvenal via ali a derrocada da república; a massa trocava seus votos por diversão e alimento. Veyne descontrói essa interpretação monolítica e oferece uma complexa chave de leitura para a compreensão dos acontecimentos históricos, sociais e políticos. Mais que simples mecanismo de controle da plebe, a política do pão e circo remete a práticas herdadas das cidades-Estado gregas de comprometimento com o bem comum, as quais tanto embutem um sentido de dever, como também são usadas como demonstração de superioridade. Apropriadas de modo específico pela elite romana, conforme as características de sua sociedade, essas liberalidades oferecidas ao povo são contextualizadas historicamente e caracterizadas por Veyne como “evergetismo” – um fenômeno mais amplo em que, por diversas motivações, aristocratas realçam sua posição social por meio de doações ostentatórias para a coletividade.
Nos setenta anos de sua existência, o sistema multilateral de comércio, criado para dinamizar a economia internacional e aplacar as rivalidades entre as nações depois da Segunda Guerra, passou por inúmeras transformações. A mais importante delas deu-se na última década do século passado e teve como expressão mais visível a criação da Organização Mundia de Comércio (OMC). Ao cabo de uma longa rodada de negociações internacionais, a abrangência do sistema multilateral de comércio foi muito ampliada e sua filosofia de base sofreu mudanças significativas. Hoje, frustradas por mais de 15 anos todas as tentativas de concluir outra rodada de negociações com vistas à geração de novas normas, esse sistema parece estar vivendo um momento crítico. Reforçam essa impressão a enorme quantidade de acordos comerciais celebrados, ou em negociação, fora da OMC, e a crítica contundente formulada contra o comportamento dessa organização pelas autoridades dos Estados Unidos. Apoiado em forte argumento teórico, nesta obra Sebastião C. Velasco e Cruz mobiliza vasta e diversificada documentação para analisar em detalhes o papel desempenhado pelos Estados Unidos em todas as etapas desse longo processo. Ganha destaque ainda neste trabalho o esforço continuado dos países em desenvolvimento – frequentemente sob a liderança do Brasil e da Índia – pela criação de condições institucionais favoráveis ao avanço de suas economias e à superação dos graves problemas que afetam suas sociedades.
Órgão sob o qual se pensaram e se executaram as principais políticas públicas levadas a cabo no Brasil independente, o Ministério da Fazenda auferiu nova estatura com a proclamação da República. Em mais de dois séculos de história, coube ao órgão liderar políticas exitosas bem como medidas desastrosas, sendo a ele delegados os louros (e os ônus) do desenvolvimento nacional. Objeto de constante disputa política, o Ministério da Fazenda se diferencia dos demais postos de gabinete mesmo sem coordenar a formulação de políticas-fim, uma vez que se responsabiliza, a rigor, pela própria viabilidade dessas. Assim, com o objetivo de apresentar uma face menos visível da história do Brasil, Os homens do cofre lança luz sobre o pensamento dos personagens que, de alguma maneira, nortearam o desenvolvimento do país entre o advento republicano (1889) e o fim do regime militar (1985).
Corsi retorna à época do Estado Novo a fim de compreender a relação entre as diretrizes da política externa e a implementação de um projeto nacional. As vantagens políticas e econômicas alcançadas por Getúlio Vargas, na esfera das relações internacionais, aparecem como peça fundamental na costura da unidade nacional e da viabilização do processo de industrialização. Inserção mundial e consolidação nacional são assim avaliadas com base em uma óptica renovada.