José de Espronceda e Álvares de Azevedo
Este livro trata da obra de dois escritores: o espanhol José de Espronceda y Delgado (1808-1842) e o brasileiro Manuel Antônio Álvares de Azevedo (1831-1852), ambos considerados expoentes de uma corrente noturna do Romantismo. A análise comparativa mostra o apreço que nutriram por obras, temas, arquétipos e outros elementos comuns em voga no romantismo europeu. Personagens que retomam o arquétipo do herói byroniano e sua problemática psique, a vaidade fáustica, a sedução donjuanesca, a bela e a fera habitando o mesmo ser, a loucura, o amor, a morte e uma profusão de imagens que simbolizam a complexa teia de sentimentos díspares, ambíguos e violentos que emergem do inconsciente. A forma com que cada escritor relê esses elementos deixa entrever motivações de cunho estético e/ou político e acabam produzindo obras que remetem, por meio de um sistema simbólico transnacional, uma revisão das polêmicas locais. O florescimento do espírito revolucionário romântico impulsionou a leitura e a releitura de velhos mitos renascentistas para fazê-los ressurgir sob uma nova roupagem.
Maira Angélica Pandolf é doutora (2006) em Letras pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e docente de Literatura Espanhola na mesma instituição, onde lidera o grupo de pesquisa Narrativas Estrangeiras Modernas. Possui capítulos de livros e artigos em periódicos, nacionais e internacionais, sobre releituras de mitos literários modernos nas literaturas de língua espanhola e língua portuguesa. Atua no Programa de Pós-Graduação em Letras da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp,campus de Assis, na linha de pesquisa em Literatura Comparada e Estudos Culturais,
Filosofia e lingüística interagem ao longo deste livro. Inicialmente, são analisados Teeteto e Crátilo, diálogos de Platão. Em seguida, o estudo recai sobre o Curso de lingüística geral, de Ferdinand de Saussure. Ensaístas como Deleuze, Nietzsche, Hegel, Marx, Husserl e Merleau-Ponty também são ponto de referência para discutir qual é e como funciona a relação entre as palavras e as coisas. A obra ensina, acima de tudo, a duvidar de respostas fáceis e prontas, pois considera a filosofia a ciência da dúvida por excelência.
Estão reunidos nesta obra 28 estudos, em que Fulvia M. L. Moretto percorre pontos cruciais da literatura francesa, apresentando e discutindo aspectos fundamentais de autores e obras que vão do século XVIII ao século XX. Citem-se, entre outras, as admiráveis análises de Diderot, Lamartine, Zola, Baudelaire, Jules Laforgue, Dujardin, André Gide, Jean Cocteau, Jacques Prévert, Jean-Paul Sartre, Paul Valéry, Simone de Beauvoir e Marguerite Yourcenar.
Catulo, Propércio, Tibulo, Ovídio, goliardos da Antiguidade clássica, são recriados nestas páginas através da extraordinária visão de Paul Veyne, que estabelece o vínculo crítico em que o amor e a poesia produzem uma estilização da vida cotidiana e a revestem de brilho e intensidade.
Este livro conta a jornada em busca de oito livros perdidos, livros quase míticos: todos aqueles que os procuram estão certos de que existem e de que vão encontrá-los, mas ninguém realmente tem provas concretas e conhece rotas seguras até eles. Muitas vezes, as pistas são fugazes e a esperança de encontrar essas páginas é mínima. Mesmo assim, a viagem vale a pena. São livros que existiram e desapareceram. Byron, Gógol, Hemingway, Walter Benjamin e Sylvia Plath estão entre os autores desses ilustres desconhecidos. Os livros perdidos não são livros esboçados pelo autor e nunca nascidos: são aqueles que o autor escreveu, que alguém viu e talvez tenha até lido, e então foram destruídos ou desapareceram de alguma maneira. Livros queimados, rasgados, roubados... livros que não chegaram a nós, mas sobre cuja existência se tem certeza.
Ao prosseguir suas análises sobre o escritor mineiro Guimarães Rosa, o crítico Luiz Roncari se debruça neste livro sobre a “parte negra” do romance Grande sertão: veredas. A investigação sensível das agruras de Riobaldo em sua constituição de sujeito, do despreparo para ser chefe à ação integradora, mediada pela relação ambígua com o poder, é palmilhada com vagar pelo autor, deslindando os redemunhos frasais apenas para recompô-los sob nova luz, direcionada para o ato interpretativo. A atenção aos meneios da pulsão formal, na transitividade profusa entre epopeia e romance, cifra destinos e modos de contar urdidos por uma voz narrativa que, oscilando entre o parecer das ações reportadas e o ser da intimidade que se confessa, compõe a híbrida figura de um “guerreiro penseroso”, cujo anseio central, ladeado pelas lutas e amores, é o da “superação de si”.