A concepção do legislador em Rousseau
Este trabalho pretende analisar os diversos significados que a noção de legislador admite no Contrato Social de Jean-Jacques Rousseau, acompanhando alguns argumentos e parte da obra de Rousseau desde o Primeiro Discurso até o Contrato Social, e depois as Considerações sobre o Governo da Polônia. A primeira parte, que compreende os dois primeiros capítulos, discute alguns pressupostos contidos no Contrato Social. A partir daí, a segunda parte apresenta, no capítulo três, uma hipótese de leitura do conceito de legislador e, no capítulo quatro, a verificação da conveniência dessa hipótese.
Ricardo Monteagudo bacharelou-se, licenciou-se, fez mestrado e doutorou-se em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP), com orientação de Maria das Graças de Souza. Realizou estágio pós-doutoral na Universidade de Paris 1 – Sorbonne, laboratório “Normas, Sociedade, Filosofia”, com supervisão de Cathérine Larrère. Participou, animado por Bruno Bernardi, do Grupo de Pesquisa Rousseau da École Normale Supérieure, em Paris, coordenado por Pierre-François Moreau; e do grupo de filosofia da Fundação Gabriel Péri, coordenado por Yves Vargas. Publicou vários artigos em revistas especializadas e, em 2007, o livro Entre o direito e a história: a concepção do legislador em Rousseau, pela Editora Unesp.
“Se a história é a história das condições do poder, então a história é a história dos usos e abusos da retórica que sustenta o poder. A luta política talvez seja exclusivamente retórica e com isso a força seria apenas um complemento posterior, pois toda demonstração de força valeria apenas por seu efeito retórico de aumento, manutenção ou perda de poder”. Ao formular nesses termos o problema da ordem (e da desordem) social, Ricardo Monteagudo nos faz entender que o tema da linguagem é, de fato, um lugar privilegiado para discutirmos a simbiose entre retórica e política na obra de J.-J. Rousseau. Tendo como pano de fundo um quadro histórico da retórica, dos autores da Antiguidade até Perelman e Todorov, a tese deste livro pode ser assim enunciada: no âmbito dos escritos políticos do filósofo genebrino, em particular no Discurso sobre a origem da desigualdade e no Contrato social, as condições de possibilidade das relações civis são estabelecidas, tanto para o bem quanto para o mal, pelo uso retórico da linguagem. Longe de se limitar a uma mera exegese acadêmica de textos datados, este trabalho se apresenta a nós, leitores do século XXI, como prova cabal de que certas investigações de Rousseau acerca do discurso político permanecem atualíssimas. Monteagudo se inscreve dessa maneira numa linhagem bibliográfica que, no Brasil, remonta às análises memoráveis de Bento Prado Jr. e Luiz Roberto Salinas Fortes sobre o assunto. THOMAZ KAWAUCHE
Neste livro, Filipe Mendonça faz uma análise da política comercial norte-americana dos anos 1980, mas nos oferece uma visão abrangente. Trata-se de análise especializada, com amplo olhar sobre questões fundamentais para a compreensão daquela política. Por isso o peso que tem a política externa e internacional, sempre focando nas relações dos âmbitos doméstico e internacional. O autor busca, ao longo do trabalho, demonstrar as motivações principais das mudanças na política norte-americana, muito fortemente marcadas pelo Omnibus and Trade Competitiveness Act de 1988, que marca a definitiva implementação do fair trade, internacionalmente conhecido pela revitalização do sistema de sanções pelas Super 301 e Special 301. Trabalho ganhador do disputado Prêmio Franklin Delano Roose-velt de Estudos sobre os Estados Unidos da América 2011, atribuído pela embaixada dos Estados Unidos em Brasília.
Laureado com o Prêmio Nobel da Paz em 1952, como reconhecimento ao seu trabalho humanitário, Albert Schweitzer perpassa neste relato os primeiros anos como médico e missionário em Lambaréné, cidade do atual Gabão. Suas experiências na selva nos aproximam, assim, de um homem que abriu mão de sua posição de professor e renomado musicista na Alemanha para se aventurar no desconhecido em plena época colonialista. Este livro reapresenta para o público brasileiro uma trajetória humanista de valor universal e sem paralelo.
Um estilo de História analisa a forma com que o autor de Casa-grande & senzala se valeu da viagem, da memória e do ensaio, para narrar a própria experiência e, a partir disso, desenhar um panorama da família, da cultura e da sociedade brasileira, estabelecendo um novo modo de interpretação da formação histórica do país.
“[...] o testemunho é um ato propriamente histórico. Ele ignora a objetividade fria do cientista que conta e explica. Ele se situa no encontro de uma vida particular e interior, irredutível a qualquer média, rebelde a toda generalização e às pressões coletivas do mundo social.” A confrontação do passado com o presente, da tradição com a inovação, e o reconhecimento das continuidades e descontinuidades no processo histórico são alguns dos temas abordados nesta obra, que busca, através deles, compreender não só o tempo presente, mas o próprio sentido da História.