Se, como se diz, a história pertence aos vencedores, o mesmo ocorre com a história intelectual. Desde a queda do comunismo, houve uma proliferação de artigos e livros equiparando o comunismo ao nazismo, difamando todos aqueles que seguiram, mesmo que apenas durante algum tempo, as cores vermelhas. Diante dessa condenação global, um apelo por maior rigor e objetividade pareceria apropriado. O caso do escritor brasileiro Jorge Amado, ativista comunista exilado na França e depois na Tchecoslováquia nos anos do pós-guerra, pode servir de modelo para ilustrar a complexidade do engajamento de um membro do Partido.
Como Jorge Amado viveu as esperanças, decepções e grandes contradições desse período? O que sua jornada individual tem em comum com a de outros escritores e intelectuais do século XX? O que aprendemos com o destino desse grande escritor brasileiro? Escrito em francês, este livro se debruça sobre essas questões e procura fornecer ao leitor chaves para decifrá-las.
Rui Afonso é biógrafo e historiador luso-canadiano, nascido no Funchal, na Madeira. Estudou nas Universidades de Toronto, Estrasburgo, e Lisboa. Para escrever o seu livro sobre Jorge Amado no exílio, estudou russo na Universidade de Estado de Moscovo e no Insituto Pouchkine da mesma cidade. Escreveu dois livros sobre Aristides de Sousa Mendes: Injustiça: o caso Sousa Mendes e Um homem bom: Aristides de Sousa Mendes. Os seus artigos têm sido publicados em vários países e várias línguas. Interessa-se pela literatura e a história moderna do Brasil e de Portugal, pelo Estado Novo de Vargas e de Salazar, pela história dos refugiados da Segunda Guerra Mundial, e pela história do comunismo.Presentemente, é investigador associado ao NUEP - Núcleo de Estudos Políticos, da UFRRJ, trabalhando num projeto de pesquisa com o professor Fábio Koifman da mesma Universidade.
Data de muito tempo no Brasil o início do registro de cenas em película. No entanto, embora tenha havido iniciativas de grande envergadura na área cinematográfica, tais experiências naufragaram em maior ou menor grau entre 1930 e 1966 (ano da criação do Instituto Nacional de Cinema), período investigado mais detalhadamente pelo presente estudo. Em busca de compreender por que o cinema não se desenvolveu aqui na mesma proporção de outros países, a autora recolhe e analisa, a partir dos vestígios desses naufrágios, elementos reveladores e surpreendentes da trajetória da sétima arte em nosso país, na qual o Estado esteve intimamente imbricado. O objetivo do livro não é retraçar a relação entre Estado e cinema no Brasil até o momento presente, mas sim identificar e comparar tal relação em dois momentos políticos distintos, o regime autoritário e a democracia. São trabalhados em detalhe os aspectos políticos relacionados à economia e à legislação cinematográfica. O leitor interessado em cinema brasileiro encontrará nesta terceira edição ampliada do estudo de Anita Simis profunda reflexão e pesquisa sobre o desenvolvimento pregresso do cinema brasileiro, que são preciosos insumos para a análise do atual momento da nossa indústria cinematográfica.
A história dos homens no Brasil não é uma história sem tensões; é uma história composta de conflitos, dominação, subserviência e violência. E também de afetos, coragem, astúcia e negociações.
Obra de leitura interessante e agradável, de fundamental importância àqueles que se interessam pelo Brasil imperial, retrata Princesa Isabel, de uma forma acurada e leve - uma das nove mulheres que, durante o século XIX estiveram no comando político de nações. O historiador inglês Roderick J. Barman reúne documentação inédita e farto material iconográfico, obtido por meio da própria família imperial, e retrata a vida privada e a trajetória pública de D. Isabel, a princesa imperial e legítima herdeira do trono de D. Pedro II. Uma reconstituição histórica sólida que apresenta o cenário sociopolítico do Segundo Reinado de maneira direta e cativante e aborda o universo de vida feminino e as relações entre gênero e poder no século XIX.
Esta obra se constrói a partir dos horizontes de São Gabriel da Cachoeira, cidade amazônica situada no Alto Rio Negro, com a maioria da população composta de indígenas. Tais características esboçam um quadro extremamente instigante de convivência entre índios e não índios, historicamente cristalizado sob os signos genéricos da exploração, da submissão e, de modo específico, das denúncias de violência sexual contra as mulheres.
Ao ensejo do ano da França no Brasil, este livro reúne artigos que analisam a presença de imigrantes franceses em território brasileiro. Ao trabalhar extensivamente questões relativas às modalidades de instalação, inserção profissional e social, torna-se elemento precioso e inédito no campo de pesquisa da emigração/imigração francesa no Brasil nos séculos XIX e XX.