Encontros brasileiros com a literatura angolana
Este livro reúne ensaios que buscam mapear a presença dos estudos literários referentes a Angola no quadro das universidades brasileiras. Trata-se de uma antologia que abriga ensaios sobre autores, obras e problemas desse repertório, um espectro que revela as tendências de nossas pesquisas e indica os centros em que a produção angolana desperta interesse.
Rita Chaves (Org.) é doutora em Letras pela USP, é professora e coordenadora de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa na mesma universidade.
Tania Macêdo é livre-docente em Letras pela Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" e professora de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa na Universidade de São Paulo, onde coordena o Programa de Pós-Graduação em Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa. É colaboradora no mestrado em Letras da Universidade Agostinho Neto, de Angola, e co-organizadora de Portanto... Pepetela; Literaturas em movimento: hibridismo cultural e exercício crítico; Brasil/África: como se o mar fosse mentira; Boaventura Cardoso: a escrita do processo e Marcas da diferença: literaturas africanas de Língua Portuguesa. Publicou Angola/Brasil: estudos comparados.
Autor deste livro.
Desde sua tese de doutorado, Da fronteira do asfalto aos caminhos da liberdade, a questão da predominância da capital angolana na literatura desse país africano tem estado no centro das preocupações do trabalho de Tania Macêdo e tem sido objeto de vários textos que buscaram dar conta do "mundo rico de sugestões" que é a Luanda da escrita. E a esse mundo a autora retorna neste livro em que apresenta, organizado sob a forma de um texto único, o resultado de reflexões levadas a efeito desde os anos 1990, com uma nova redação e uma nova perspectiva.
Esta coletânea é voltada para as intrincadas relações que ligam Brasil e África. O livro divide-se em três partes. A primeira é composta por dois textos curtos: um depoimento do embaixador Alberto Costa e Silva, africanista vigoroso, que aqui nos condensa as suas impressões de uma tarde em Lagos e a vioz também autorizada de Martinho da Vila, sobre a presença africana na nossa música. A seção seguinte compõe-se dos textos de caráter ensaístico, em que estudiosos de várias áreas procuram mapear essas relações que são estruturais nas nossas formas de estar no mundo. Ao lado de textos voltados para a permanência de marcas africanas em práticas religiosas, na nossa criação musical e na nossa ordem socioeconômica-cultural, há reflexões sobre o complexo quadro das dificuldades encontradas pelos descendentes dos africanos na sociedade brasileira. A segunda parte se completa com o encantamento do universo literário. A terceira parte abraça a literatura de maneira mais direta, abrigando alguns poetas que têm nas referências africanas de sua formação um dado de relevância da poética que atualizam com sua sensibilidade e a consciência de seu verbo.
As cinco entrevistas compiladas neste volume não se limitam a discutir a prolífera produção do crítico Edward Said. Realizadas pelo jornalista David Barsamian entre 1987 e 1994, elas apresentam o homem detrás da obra, desvelando suas angústias e opiniões sobre um momento histórico impar para as relações entre Israel e a Palestina.
Depois da repercussão de Os sertões, Euclides da Cunha concentrou esforços no desafio de "escrever a Amazônia". Embora inconclusa, devido à morte precoce, essa jornada literária motivou Francisco Foot Hardman a redigir alguns dos vinte ensaios que dão forma e rumo a este A vingança vde Hileia. Mas o livro não se atém apenas ao exame da prosa amazônica de Euclides em suas relações com outros escritores que tentaram representar a região, de Inglês de Sousa a José Eustasio Rivera, de Dalcídio Jurandir a Milton Hatoum. Trabalhando com o conceito de "poética das ruínas", Foot Hardman amplia e diversifica o quadro de análise, seja na critica às visões esquemáticas do Brasil moderno, seja no diálogo com as ciências humanas contemporâneas e com a modernidade literária internacional.
Diz-se que o homem é um ser social. Mas o que exatamente significa essa frase? Quais as consequências desta observação aparentemente banal, que não há um eu sem um você? O ser humano estaria condenado à incompletude? Neste livro não há, como avisa o autor, um discurso fechado em certezas ou verdades absolutas, mas um amplo vasculhar sobre a questão.