As contribuições de Wilhelm Dilthey para o pensamento nas ciências humanas

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sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Wilhelm Dilthey, filósofo historicista, nasceu em 19 de novembro de 1833, em Biebrich, na Alemanha. Diplomado com 24 anos, tornou-se professor da Universidade da Basileia. Sob influência do clima positivista que dominava a filosofia alemã, estudou a óptica de Helmholtz e a psicofísica de Fechner, dirigindo-se em seguida para as pesquisas psicológicas e para os estudos históricos e literários.

Após lecionar nas universidades de Kiel e Bratislava, ocupou, em 1882, a cátedra de Lotze na Universidade de Berlim. Em 1867, Dilthey publicou Vida de Schleiermacher e, em 1883, apareceu o primeiro volume de sua Introdução ao estudo das ciências humanas. Nessa obra, o filósofo procurou assegurar uma independência de método às ciências do homem ou ciências do espírito. Essa distinção entre ciências da natureza e ciências do espírito teria enormes repercussões, causando polêmicas e discussões que perduram até hoje no pensamento filosófico. 

Em 2010, a Editora Unesp publicou A construção do mundo histórico nas ciências humanas, de Wilhelm Dilthey. Em muitos aspectos, a obra possui um caráter fragmentário, já que uma boa parte dos textos mais importantes do autor nunca foi concluída e, hoje, se assemelham a caminhos que se interrompem de repente ou que apresentam possibilidades de uma continuidade jamais realizada. As lacunas existentes no livro, que também já estavam presentes em Introdução às ciências humanas, pode ser reconhecida pelo uso das reticências e “etc.”, representantes dos pensamentos incompletos do autor. 

A fragmentariedade das obras de Dilthey não ocorre por um acaso, mas provém diretamente da essência de seu projeto filosófico fundamental. Ele constrói seu projeto como uma crítica da razão histórica, expondo e analisando o lugar do homem na própria constituição da vida histórica, pensamentos que não podem ser concluídos já que estão em constante mudança. Segundo Dilthey, o homem se encontra na articulação de uma rede complexa de relações e está dividido entre referências materiais e psíquicas.

Tal apreensão do papel do homem é a tentativa diltheyana de expor o problema da fragmentação da ciência em outras particulares e o da pretensão de verdade da ciência, que poderia fazer com que  a filosofia perdesse seu lugar de única detentora de uma verdade absoluta, dividindo essa função com as ciências naturais. Para o autor, as ciências naturais desvinculam os fenômenos da vida e, por esse motivo, deve-se contrapor a elas as ciências humanas – já que estas compreendem fenômenos em sintonia com sua base psicomaterial, a partir da qual se estabelecem as vivências individuais de uma época. 

Nessa edição, que teve por base a edição alemã organizada por Manfred Riedel, da qual muitas características foram mantidas, o leitor é introduzido com intensamente ao pensamento de Dilthey. A constante retomada de suas posições anteriores indica justamente a inquietude que existe nessa interpretação da história. Nesse caso, a fragmentariedade não é um defeito ou falha interna, e sim a essência da vida que se realiza em conexão.

Assessoria de Imprensa da Fundação Editora da Unesp