James Green combina relato autobiográfico e ensaios sobre o movimento LGBTQIA+ e a ditadura brasileira

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segunda-feira, 11 de março de 2024

Ao longo de textos revisitados e inéditos, autor analisa o surgimento do movimento LGBTQIA+ no Brasil nos anos finais da ditadura, a tensão entre ativistas e a esquerda e outros temas candentes ao período 
       

 “O privado é político”. O slogan, de origem incerta, foi muito usado pelo movimento feminista dos anos 1960, indicando que elementos de nossa vida pessoal na maioria das vezes têm origem em questões políticas da sociedade em que vivemos. Essa frase poderia ser usada também para iniciar uma abordagem de Escritos de um viado vermelho, coletânea de ensaios de James N. Green, lançamento da Editora Unesp.

A obra se abre com uma breve biografia do historiador norte-americano, descrevendo como se deram seus primeiros contatos com o Brasil (e como este se tornou seu objeto de estudo) e o tempo em que viveu aqui. Relata também sua participação no movimento LGBTQIA+ e em iniciativas de solidariedade dos Estados Unidos com o Brasil, focadas sobretudo na defesa da democracia e dos direitos humanos. Essa narrativa fornece ao leitor subsídios contextuais e biográficos para a leitura dos potentes ensaios que se seguem, sobre temas que estão entre os mais caros a Green: o movimento LGBTQIA+ e o período da ditadura militar brasileira.  

“Este livro é a história de como um gringo loiro norte-americano, que em sua infância e adolescência pouco sabia sobre o Brasil, associando-o a tradicionais imagens exóticas tropicais de cobras, papagaios, jacarés e piranhas, tornou-se o poderoso ‘viado vermelho’, internacionalmente conhecido e reconhecido como um dos mais importantes estudiosos do país no exterior e ativista influente em prol da democracia, da justiça social e dos direitos do que hoje chamamos de população LGBTQIA+”, escreve o professor titular do Departamento de História da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Benito Bisso Schmidt, no prefácio. “Em cada texto que integra esta coletânea, percebemos como se deu essa transformação, ou seja, de que maneira o autor foi encontrando caminhos para refinar seu olhar sobre a história brasileira; integrar a defesa dos direitos das pessoas dissidentes das normas hegemônicas de sexo e gênero às demais pautas da esquerda; articular sua identidade pessoal, seu ativismo político e sua produção intelectual; e defender políticas democráticas e inclusivas para o Brasil.”

Ao longo do livro, que reúne textos revisitados e artigos inéditos, o autor analisa o surgimento do movimento LGBTQIA+ no Brasil nos anos finais da ditadura, a tensão nas relações entre esses ativistas e a esquerda, as relações entre Brasil e Estados Unidos durante o regime ditatorial brasileiro, a importância de arquivos para pesquisas históricas, o ativismo político contemporâneo e as mudanças e permanências no Brasil atual, fortemente ligadas ao passado do país.   Nessas idas e vindas entre o presente e o passado, bem como nos paralelos que traça entre o momento atual e as décadas da ditadura, Escritos de um viado vermelho vai deixando evidente como as escolhas pessoais são pautadas pelo contexto social, histórico, político e cultural em que o indivíduo está inserido e, ao mesmo tempo, como elas ajudam a moldar esse contexto – confirmando que o âmbito privado é perpassado, impactado e, muitas vezes, orientado pelo contexto sociopolítico.

Sobre o autor 

James Naylor Green é professor de História Moderna da América Latina e foi diretor da Iniciativa Brasil na Brown University, EUA. Especialista em estudos latino-americanos, Green é brasilianista, tendo vivido no Brasil entre 1976 e 1982, e sua trajetória esteve sempre ligada ao ativismo pelos direitos LGBTQIA+ e à defesa da democracia no Brasil. Pela Editora Unesp, publicou Além do Carnaval (2000, com 3ª edição revista e ampliada em 2022).

Título: Escritos de um viado vermelho: política, sexualidade e solidariedade
Autor: James N. Green
Número de páginas: 576  
Formato: 16 x 23 cm
Preço: R$ 98
ISBN: 978-65-5711-228-1

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