Uma literatura de vida e como vida
A escritora Clarice Lispector sempre desafiou a crítica. Sua obra permanece cercada em mistério, geralmente estigmatizada como de difícil acesso e compreensão. Este estudo revela audácia científica e poder de investigação ao estabelecer pontes entre o processo criativo da autora e o zen-budismo. São estabelecidos elos entre o processo de individuação da artista e a experiência zen, em um processo que consagra a qualidade expressiva da escritora e motiva novas e instigantes interpretações.
Igor Rossoni é arquiteto, mestre em Teoria da Literatura e doutor em Literatura Brasileira pela Unesp São José do Rio Preto (SP). Atualmente, é professor nos cursos de graduação e pós-graduação da FCL-Unesp, câmpus de Assis (SP). Publicou Pátio (1981) e Vértebra (1983).
Nos ensaios que compõem este livro, Chartier – dialogando com autores como Braudel, Febvre, Ricouer e Freud – analisa esses processos, abordando as continuidades e rupturas em relação ao tratamento que é dado aos livros nas editoras dos dias atuais. O cuidadoso exame de palavras, sentenças, pontuação e traduções emoldura o quadro da produção do livro através do tempo. Estão em foco os autores que vêm se dedicando ao exame minucioso dessas camadas de sedimentos textuais, em busca dos rastros que o processo editorial deixou depositados sobre os textos no decorrer da História. Tomando as obras de Cervantes e Shakespeare como exemplo dos efeitos e variações “impressos” pelo processo editorial, Chartier investiga também a constituição do cânone literário e a noção de autoria nos séculos passados.
Que ninguém hesite em se dedicar à filosofia enquanto jovem, nem se canse de fazê-lo depois de velho, porque ninguém jamais é demasiado jovem ou demasiado velho para alcançar a saúde do espírito. Quem afirma que a hora de dedicar-se à filosofia ainda não chegou, ou que ela já passou, é como se dissesse que ainda não chegou ou que já passou a hora de ser feliz.
Este livro reùne pela primeira vez um estudo e uma antologia abordando as concepções poéticas dos autores do Brasil colonial. Os primórdios de nossa poesia são aqui analisados do ponto de vista de um especialista em poética clássica, que mostra o quanto aqueles autores obedeciam a princípios cristalizados desde gregos e latinos. Roberto de Oliveira Brandão expõe ainda as poéticas específicas de Bento Teixeira, Gregório de Matos, Manuel Botelho de Oliveira, Silva Alvarenga, Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga. Esses autores fazem parte, juntamente com Frei Manuel de Santa Maria Itaparica, Santa Rita Durão, Basilio da Gama e Alvarenga Peixoto, da antologia abrangente e profusamente anotada de poemas, prefácios, prólogos e dedicatórias que permite uma visão bastante detalhada do que pensavam os poetas da colônia a respeito da poesia.
A autora põe em evidência a epopéia em prosa como gênero misto, como o mais misto dos gêneros, ainda assim gênero, que se distingue do romance, tanto do que a precede, o de cavalaria, quanto do que a sucede, o da generalidade que cavalga esse nosso século XIX.
Este livro investiga a atividade editorial de Monteiro Lobato entre 1918 e 1925 a partir do levantamento e a análise de documentos até agora inéditos entre os pesquisadores que se debruçaram sobre o projeto intelectual lobatiano. A investigação do material numa perspectiva histórica permitiu à autora revisar a prática editorial de Lobato e definir com mais precisão quando ela foi e não foi revolucionária, reavaliando criticamente os estudos que habitualmente retratam o trabalho editorial de Lobato como absolutamente inovador. Além disso, Cilza Bignotto demonstra como a atividade editorial lobatiana permitiu a construção de redes extensas de sociabilidade entre vários intelectuais, o que contribuiu sobremaneira para a construção de sua própria figura de autor, além de sua inserção e consolidação no campo literário paulista e nacional da época.