Cativeiro e criminalidade num ambiente rural (1830-1888)
Este livro realiza a interpretação da criminalidade envolvendo escravos que viveram no município paulista de Franca, de modo a avançar no conhecimento de suas estratégias de sobrevivência e prática, entre 1830 e 1888. As fontes utilizadas são os processos criminais (documentação serial e normatriva da justiça crmininal), as quais privilegiam versões do cotidiano dos cativos, em seus momentos de conflito e nas soluções violentas. Também são examinados os relatórios dos presidentes da província de São Paulo, em que há referências a essas ações.
Ricardo Alexandre Ferreira é doutor em História pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). Publicou, no Brasil e no exterior, estudos a respeito da relação entre a escravidão, a liberdade e a justiça criminal no Brasil oitocentista. Sua dissertação de mestrado foi contemplada com o prêmio "Melhores Teses ou Dissertações na Área de Humanas" da Unesp, que resultou no livro Senhores de poucos escravos, publicado pela Editora Unesp, em 2005. É professor do Departamento de História da Unesp, no câmpus de Franca.
Nesta pesquisa realizada por Ricardo Alexandre Ferreira são investigadas as histórias do crime e do direito, focando, mais especificamente, no período da escravidão no Brasil. Aqui, através de uma vasta pesquisa documental, o autor analisa como o escravismo aparece referenciado no código penal do Império e as diferenças de punição entre homens livres e cativos. A grande importância deste estudo se encontra na revelação deste aspecto da vida jurídica do Brasil imperial. Por meio de processos e penas redigidas na época, e de relatórios feitos pelas autoridades reportando sua preocupação com a segurança pública, Ricardo Alexandre Ferreira leva o leitor a descobrir as implicâncias sociais e judiciais da separação entre escravos e homens livres.
“Pode um cristão ser comerciante e senhor de escravos?” Neste livro, publicado em 1758, o padre Manuel Ribeiro Rocha, lusitano radicado em Salvador, procura indicar a “maneira cristã de tratar os escravos”, desde sua compra até sua libertação. Tentava, com a obra, encontrar um caminho conciliatório entre prática ignominiosa da escravidão, sustentáculo da economia colonial, e a pacificação da consciência daqueles que comercializavam e mantinham os cativos.
Cada linha das narrativas deste livro é um trilho que vai sendo posto na estrada que nos liga, hoje, ao passado vivido pelos trabalhadores e alunos do Curso de Ferroviários da Companhia Paulista de Estradas de Ferro. Suas palavras trazem não só as marcas do processo social implementado a partir da organização racional do trabalho, como também revelam as contradições engendradas por essas mesmas ideias, quando encontravam a vida concreta diante de si. Impossível passar despercebido o relato sobre as caixas de ferramentas produzidas por aluno: contempladas hoje, revelam a obsolescência do mundo do qual falam os velhos em suas narrativas e nos lembram que é preciso, para além de um tempo do fazer, um tempo do cuidar e um tempo do contemplar, para que a rememoração, a imaginação e o ócio assumam seu papel, político sobretudo, de discordar dos processos hegemônicos, encontrando argumentos e utopias nas marcas deixadas pelos excessos produzidos e não consumidos no movimento do mundo e de suas incontáveis vidas.
A obra de Lima Barreto e a visão do escritor sobre a mulher e o negro; o amor, da perspectiva do personagem Riobaldo, de Guimarães Rosa; o livro Cadeiras proibidas, de Ignácio de Loyola Brandão, segundo um conceito literário surgido ainda na antiguidade; a letra da música Feijão maravilha, de Gonzaguinha, à luz do processo dialético da aprendizagem. Estes são alguns dos vários temas de que Carlos Erivany Fantinati se ocupa nesta obra, sintetizando sua longa carreira acadêmica.
As conferências e os comentários reunidos neste volume se concentram nas obras de filósofos e cientistas sociais que estão marcados de um modo particular por seus contextos históricos. As duas últimas contribuições tematizam os próprios contextos.