De que maneira os grupos criminosos se articulam com as transformações de um mundo globalizado? Novas tendências da criminalidade transnacional mafiosa é um esforço de reflexão multidisciplinar sobre as peculiaridades das organizações criminosas e suas ramificações com os poderes políticos e econômicos. Organizados por dois especialistas no tema – Alessandra Dino e Wálter Fanganiello Maierovitch –, os textos reunidos neste volume procuram aliar diversas competências e culturas a fim de compreender esse novo mapa da criminalidade que cada vez mais confunde-se com o sistema legal.
Alessandra Dino ensina Sociologia Jurídica e Sociologia do Desvio na Universidade de Palermo. Ela é membro do Comitê Científico do Narcomafie, dos conselhos editoriais da revista Meridiana e da revista Historia Magistra. Entre suas publicações mais recentes, estão: La violenza tollerata: mafia, poteri, disobbedienza (2006); Pentiti: i collaboratori di giustizia, le istituzioni, l’opinione pubblica (2006); Symbolic Domination and Active Power: Female Roles in Criminal Organizations (2007); Sistemi criminali e metodo mafioso (con L. Pepino, 2008); Criminalità dei potenti e metodo mafioso (2009) e Novas tendências da criminalidade transnacional (organização, com Wálter Maierovitch. Editora Unesp, 2010).
Wálter Fanganiello Maierovitch é jurista e professor de direito processual e direito penal. Foi desembargador no Tribunal de Justiça de São Paulo. Fundador do Instituto Brasileiro Giovanni Falcone de Ciências Criminais, teve sempre entre seus principais focos de atenção a criminalidade organizada e seus impactos na sociedade. Tem dupla cidadania, brasileira e italiana, e recebeu do presidente da República italiana, pelo empenho na luta antimáfias, o título de Cavalieri della Repubblica.Foi observador da ONU na Conferência de Palermo sobre Crime Transnacional, participante como especialista de assembleias da ONU sobre o tema drogas proibidas e primeiro secretário nacional para o fenômeno das drogas proibidas, no governo Fernando Henrique. Pela Editora Unesp, organizou, em parceria com Alessandra Dino, o volume Novas tendências da criminalidade transnacional mafiosa, em 2010.
Alessandra Dino investiga pela primeira vez os acontecimentos relacionados com essa luta pelo poder. Descreve uma máfia que visa ao estreitamento de relações com o mundo da política e da própria economia, produzindo, para isso, novos modelos organizacionais e novos estilos de comando. Dino define os perfis dos protagonistas desse processo e desenha uma biografia inédita da provável próxima líder.
Gaspare Spatuzza conviveu e compartilhou durante muito tempo com a lógica impiedosa e não raro cruel da Cosa Nostra, tornando-se chefe no mundo mafioso e ocupando papel significativo nos massacres da década de 1990. Preso em 1997, desde 2008 se declara arrependido e passa a ser um resoluto colaborador da justiça. Em seu testemunho direto e pulsante, coletado pela autora em local secreto, Spatuzza conta a história do jovem do subúrbio de Palermo atraído e cooptado pela máfia, e permite um mergulho nas complexidades envolvidas nesse percurso junto ao crime.
Há mais de cem anos, a violência gerada pela ação do crime organizado deixa seu rastro de sangue pelo mundo. A máfia siciliana, a chamada Cosa Nostra, além de expandir seus negócios pelo mundo, fez escola: novas organizações criminosas, algumas delas transnacionais, tomaram corpo durante o século xx. Ousadas, elas aterrorizam regiões inteiras e a cada ano incrementam suas práticas, buscando escapar à vigilância e ampliar seus lucros. Com ramificações em todas as esferas da sociedade, inclusive na política, tornam-se muito difíceis de derrotar. Como fazer frente a esse fenômeno? Fruto de décadas de vivência do autor, que sempre esteve debruçado e atuando sobre o tema, este livro oferece ao leitor um precioso testemunho sobre o universo obscuro do crime organizado, mas também sobre o vigor daqueles que trabalham e se arriscam para enfraquecer e, esperançosamente, derrotar essas organizações.
As universidades brasileiras, institutos de pesquisa e mesmo os movimentos camponeses de nosso país têm pouca informação sobre as muitas e diferentes formas de organização de agricultores e de camponeses em escala internacional. Os autores deste livro realizam uma radiografia cuidadosa de praticamente toda as articulações internacionais dos mais variados setores sociais que atuam no campo, analisando sua composição regional, de classe e ideológica, suas relações com ONGs e instituições internacionais e como eles enfrentaram o neoliberalismo global.
O autor vem preencher uma lacuna que ele próprio classifica de surpreendente: a ausência de estudos sobre o grande número de imigrantes não-europeus no Brasil. Trata-se de buscar as formas pelas quais esses imigrantes tentaram definir seu lugar dentro da identidade nacional brasileira e as relações a essas tentativas. Lesser examina o discurso das elites sobre a etnicidade não-européia no século XIX, as maneiras como os imigrantes sírios e libaneses manipularam esses discursos e, por fim, enfocando a imigração japonesa em massa no século XX, como a etnicidade e a economia de uniram para redefinir o que significava ser brasileiro.