O movimento militar iniciado em 25 de abril de 1974 em terras portuguesas marcou o fim do período em que Portugal vivenciou o regime salazarista, uma das mais duradouras ditaduras de que se tem notícia no mundo ocidental. Além de reinserir o país no mapa geopolítico mundial, aquela que ficou conhecida como Revolução dos Cravos estabeleceu um ambiente efetivamente democrático e delineou um novo futuro para o povo português.
É graduado em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense/UFF e em Engenharia Civil pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro/UEG (atual UERJ). Foi bolsista da Fundação Calouste Gulbenkian, no Laboratório Nacional de Engenharia Civil/LNEC/Portugal. Realizou mestrado em Engenharia de Produção pela COPPE, Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ, sendo bolsista CAPES na Universidade de Coimbra (Portugal) e doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo/USP. Desde 1979, é professor do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal Fluminense.
O ideal de uma república, "o verdadeiro Peru", fiel a valores igualitários desrespeitados desde a emancipação ante a Coroa espanhola, foi sistematicamente abraçado pelas correntes libertárias peruanas, de Mariátegui e González Prada à atuação do Sendero Luminoso; um país que reconhecesse não apenas a impressionante herança histórica e cultural dos incas, mas que se emancipasse do elitismo crioulo, responsável pela marginalização da esmagadora maioria da população, particularmente de seus segmentos rural e indígena. Praticamente sem hiatos, a luta pela concretização desse sonho atravessa a história peruana, da independência, em 1821, até nossos dias. A Revolução Peruana traça justamente essa trajetória, expondo o que há nela de peculiar e o que a aproxima das tensões e dos dramas presentes em todo o subcontinente.
A Revolução Chinesa, em 1949, ampliou o bloco socialista e forneceu novos modelos para revolucionários em várias partes do mundo. Com a participação da China em instituições até recentemente controladas pelos países capitalistas, talvez seja possível dar início a uma reavaliação mais serena dos acontecimentos. Essa Revolução que intriga o Ocidente e as reformas promovidas pelo regime a partir de fins do século XX impõem a tarefa sempre renovada de esclarecer o perfil e os rumos dessa epopeia ainda não terminada.
A Coreia do Norte é comumente retratada no Ocidente de forma caricatural. Difunde-se a imagem de um regime fechado, à beira do colapso, irracional, que oprime um povo faminto enquanto investe fortunas em um projeto nuclear megalomaníaco. Perdem-se, nessas representações caricatas e eivadas de objetivos políticos, tanto o contato com a real configuração do regime norte-coreano, de impressionantes conquistas socioeconômicas, quanto as complexidades que caracterizaram todo o processo revolucionário e continuam a tensionar o sudeste asiático.
Sexto volume da Coleção As Revoluções do Século XX, dirigida pela profa. Emilia Viotti da Costa, A revolução icaragüense foi escrito por Matilde Zimmermann, profa. dra. de História Latino-americana da Faculdade Sarah Lawrence, em Nova York. O livro aborda a ascensão e queda da Revolução Nicaragüense, que derrotou em definitivo, em 19 de julho de 1979, o governo de Anastazio Somoza, a mais longa ditadura vigente na América Latina. Lastreada em ampla organização popular -- uma revolução social genuína, segundo a autora --, foi organizada e dirigida por Carlos Fonseca, comandande da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), neutralizou o aparato repressivo do Estado e chegou ao poder, enfrentando em seguida a oposição da Guarda Nacional e de setores da burguesia que se aliaram aos Estados Unidos para a contra-ofensiva.
Em uma região conturbasda desde tempos imemoriais, o Irã da segunda metade do século XX honra a tradição e abriga situação explosiva: uma monarquia, autointitulada herdeira dos vetustos imperadores persas, debate-se, espremida entre a autocracia, a corrupção e os anseios modernizadores. Completando o quadro dramático, a presença crescente do fundamentalismo islâmico e a não disfarçada intervenção das potências ocidentais – sempre obcecadas pelas enormes reservas petrolíferas do país – acarretam a tensão geopolítica prenunciadora de típicos cenários contemporâneos. A "revolução dos aiatolás" é, assim, exemplar. Mais do que conflito localizado, é fruto das variáveis definidoras de nossa época e expõe os perigos e os desafios que enfrentamos.