O desconhecido socialismo Zuche
A Coreia do Norte é comumente retratada no Ocidente de forma caricatural. Difunde-se a imagem de um regime fechado, à beira do colapso, irracional, que oprime um povo faminto enquanto investe fortunas em um projeto nuclear megalomaníaco. Perdem-se, nessas representações caricatas e eivadas de objetivos políticos, tanto o contato com a real configuração do regime norte-coreano, de impressionantes conquistas socioeconômicas, quanto as complexidades que caracterizaram todo o processo revolucionário e continuam a tensionar o sudeste asiático.
Paulo Fagundes Visentini tem pós-doutorado em Relações Internacionais pela London School of Economics, doutorado em História Econômica pela USP e mestrado em Ciência Política pela UFRGS. É autor dos livros A revolução vietnamita (2008) e As revoluções africanas (2012).
Autor de 2 livros disponíveis em nosso catálogo.
Helena Hoppen Melchionna tem mestrado em Estudos Estratégicos Internacionais pela UFRG e graduação em Relações Internacionais pela mesma instituição. É uma das autoras de A revoluçao coreana - O desconhecido socialismo de Zuche.
O pequeno país heroico que derrotou a maior das potências militares – este título transformou-se em lugar comum e, embora honroso, tende a reduzir o Vietnã a mero coadjuvante em uma peça em que os verdadeiros protagonistas são os titãs da Guerra Fria. A trajetória vietnamita, entretanto, é muito mais ampla, seja em sua extensão temporal, seja em seus significados político e histórico. A revolução vivida no Sudeste asiático espelha as tensões e anseios de uma nação que desde sua origem milenar adquiriu com sangue o direito de existir e ainda busca um futuro justo para seus filhos.
Diversas revoluções ocorreram nos anos 1970 no Terceiro Mundo. A descolonização tardia dos territórios portugueses no continente africano permitiu que movimentos de libertação abrissem caminho para revoluções nacionais democráticas e até socializantes, de forte impacto internacional. A esses eventos somou-se a derrubada do milenar império etíope, o que ocasionou a implantação de um regime socialista que provocou profundas mudanças sociais naquele país. Diversas outras ex-colônias também viveram experiências semelhantes no mesmo período. Este livro analisa as revoluções africanas mais marcantes dessa época – angolana, moçambicana e etíope –, que, do ponto de vista histórico, fazem parte de uma conjuntura única e possuem características políticas comuns, e examina as árduas lutas decorrentes desses processos revolucionários, os quais tiveram de enfrentar poderosas forças conservadoras, nacionais e estrangeiras, para se manter.
O controle exclusivo sobre as riquezas da África do Sul, base do poder político da minoria branca, e o regime do apartheid caracterizam a longa história de desigualdade desse país. A revolução sul-africana foi uma resposta a esse governo de minoria que, apoiado em um sistema de discriminação único e brutal, fundou uma estrutura socioeconômica com alicerces assentados na discriminação racial. Esta obra busca contribuir para o debate sobre esse movimento de libertação que tem suas raízes em condições históricas peculiares e que caracterizaram a contradição entre classe e raça.
O ideal de uma república, "o verdadeiro Peru", fiel a valores igualitários desrespeitados desde a emancipação ante a Coroa espanhola, foi sistematicamente abraçado pelas correntes libertárias peruanas, de Mariátegui e González Prada à atuação do Sendero Luminoso; um país que reconhecesse não apenas a impressionante herança histórica e cultural dos incas, mas que se emancipasse do elitismo crioulo, responsável pela marginalização da esmagadora maioria da população, particularmente de seus segmentos rural e indígena. Praticamente sem hiatos, a luta pela concretização desse sonho atravessa a história peruana, da independência, em 1821, até nossos dias. A Revolução Peruana traça justamente essa trajetória, expondo o que há nela de peculiar e o que a aproxima das tensões e dos dramas presentes em todo o subcontinente.
Por mais de cinquenta anos, a trajetoria da experiência revolucionária em Cuba abrigou personalidades marcantes, como Che Guevara, e acontecimentos dramáticos, como a Crise dos Mísseis. Todos esses icones históricos do século XX entrecruzam-se com a profunda reestruturação interna da economia e sociedade cubanas e o associado desafio à antes incontrastada hegemonia dos Estados Unidos sobre a América Latina. A complexidade desses elementos não deve ser menosprezada e, em si, é uma explicação para as paixões e a batalha interpretativa ainda hoje evocadas por essa evolução caribenha.