Classe ou raça, revolução social ou libertação nacional?
O controle exclusivo sobre as riquezas da África do Sul, base do poder político da minoria branca, e o regime do apartheid caracterizam a longa história de desigualdade desse país. A revolução sul-africana foi uma resposta a esse governo de minoria que, apoiado em um sistema de discriminação único e brutal, fundou uma estrutura socioeconômica com alicerces assentados na discriminação racial. Esta obra busca contribuir para o debate sobre esse movimento de libertação que tem suas raízes em condições históricas peculiares e que caracterizaram a contradição entre classe e raça.
Autor de 2 livros disponíveis em nosso catálogo.
A Coreia do Norte é comumente retratada no Ocidente de forma caricatural. Difunde-se a imagem de um regime fechado, à beira do colapso, irracional, que oprime um povo faminto enquanto investe fortunas em um projeto nuclear megalomaníaco. Perdem-se, nessas representações caricatas e eivadas de objetivos políticos, tanto o contato com a real configuração do regime norte-coreano, de impressionantes conquistas socioeconômicas, quanto as complexidades que caracterizaram todo o processo revolucionário e continuam a tensionar o sudeste asiático.
A Revolução no México e suas figuras exponenciais, como Emiliano Zapata, têm destaque no imaginário popular. Sua longevidade e a popularidade de seus ideais expõem circunstâncias históricas distintivas que definem a trajetória do país desde finais do século XIX. Mas a pujança dos anseios igualitários que se entrelaçavam com esses movimentos transcende fronteiras e ainda hoje inspira o mundo. Tão viva quanto a memória revolucionária mexicana é o reconhecimento de sua relevância e complexidade e a intensa disputa interpretativa que enseja.
As peculiaridades da Revolução Boliviana são marcantes e refletem as características específicas – étnicas, econômicas e políticas – que distinguiram a dinâmica do país desde os tempos da colonização espanhola. Seria por isso simplista inseri-la despreocupadamente na mesma classe de conflitos e movimentos sociais que agitaram as nações vizinhas durante o mesmo período. A compreensão das particularidades da insurreição de massas de 1952 na Bolívia não apenas permite fazer justiça a facetas importantes da história do subcontinente americano, mas fornece elementos cruciais para explicar a tensão endêmica que se arrasta até os dias de hoje e se reflete no critico panorama político e social enfrentado pelo governo de Evo Morales.
A sangrenta Guerra dos Mil Dias (1899-1902), confronto entre liberais e conservadores colombianos, enseja os contornos de lutas ferozes que se estendem, quase sem hiato, até os nossos dias. Esse precedente trágico e único moldou a história posterior do país. Os anseios libertários, seu contraponto com a presença de cartéis de drogas e a intervenção norte-americana, conformam uma situação explosiva e peculiar, dificilmente inteligível no exterior. Por isso mesmo, a Colômbia é vítima frequente de estereótipos simplistas que obscurecem o significado das tensões e dos endêmicos conflitos armados que assolam a região.
Em uma região conturbasda desde tempos imemoriais, o Irã da segunda metade do século XX honra a tradição e abriga situação explosiva: uma monarquia, autointitulada herdeira dos vetustos imperadores persas, debate-se, espremida entre a autocracia, a corrupção e os anseios modernizadores. Completando o quadro dramático, a presença crescente do fundamentalismo islâmico e a não disfarçada intervenção das potências ocidentais – sempre obcecadas pelas enormes reservas petrolíferas do país – acarretam a tensão geopolítica prenunciadora de típicos cenários contemporâneos. A "revolução dos aiatolás" é, assim, exemplar. Mais do que conflito localizado, é fruto das variáveis definidoras de nossa época e expõe os perigos e os desafios que enfrentamos.