Os alcoóis e a embriaguez na cidade de São Paulo no final do século XIX e começo do XX
O livro faz uma exuberante reconstituição da boemia paulistana entre os anos de 1860 e 1920, quando São Paulo teve a sua primeira fase de crescimento explosivo e a população saltou de pouco mais de 30 mil habitantes para algo em torno de 200 mil, graças à chegada em massa de imigrantes, principalmente italianos desencantados com a lavoura, e de estudantes de outros estados do país, a maioria deles para estudar na Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Inspirado pelo trabalho do pensador alemão Walter Benjamin (1892-1940), que avaliou os gostos e costumes da Paris da Belle Époque, a autora retrata como eram as tabernas da época e como se comportavam os seus frequentadores, reconstituindo, assim, as relações sociais e pessoais que permeavam o consumo de álcool na São Paulo daquela época. Também faz um minucioso mapeamento da produção e do consumo de bebidas alcoólicas na cidade durante o período. A pesquisa ainda desvela, como pano de fundo, os gestos e sensibilidades do cotidiano da cidade nesse momento anterior à industrialização, captando costumes e modos de vida e pondo à mostra toda uma cultura gestual, material e historicamente construída, que logo acabaria por se transformar inteiramente.
Daisy de Camargo possui graduação e mestrado em História pela PUC de São Paulo e doutorado em História pela Unesp de Assis. Tem experiência na área de Patrimônio, Arquivos, Iconografia e História.
Ao realizar uma abordagem histórico-cultural de três literaturas de viagens europeias ao Brasil, o autor evita a biografia laudatória, a explicação economicista ou a crítica literária, enfatizando permanências e mudanças, explícitas ou sutis, em diferentes formas de descrição do país. Obras do calvinista Jean de Léry, fascinado pela língua tupi-guarani; do padre jesuíta André João Antonil, pragmático em sua análise das riquezas nacionais; e do aventureiro Richard Francis Burton, com uma inesgotável energia para compreender e classificar tudo o que via no Novo Mundo, são analisadas como autênticas e complexas percepções da realidade, que abarcam do século XVI ao XIX.
Escrever cartas revela o desejo de registrar acontecimentos, racional e afetivamente, para não esquecê-los, para estabelecer uma memória de si e dos outros. Nesse sentido, Simón Bolívar lidou com sua correspondência de forma dedicada e delicada porque esteve entre seus objetivos oferecer à posteridade um personagem: o homem público irretocável, desprovido de vida privada. Neste livro, Fabiana de Souza Fredrigo empreende a releitura desse epistolário e propõe múltiplos sentidos narrativos constitutivos do que denomina "memória da indispensabilidade". No interior dessa memória, Fredrigo constata a presença do ressentimento e da solidão de Bolívar, transformados em elementos retóricos que, por sua vez, permitiram à autora demonstrar os limites em compreender a conformação de uma nova cena histórica e o apego ao ideal da liberdade desse ator histórico que venezuelanos e colombianos alcunham el Libertador.
Peter Burke debruça-se sobre um tema que, de tempos em tempos, torna-se especialmente candente: a migração humana. A história da humanidade confunde-se com a história das diásporas, catapultadas pela escassez, pela guerra e pela ambição. Afora os grandes movimentos migratórios, o deslocamento individual, ou de células familiares, permanece ativo diuturnamente no planeta. Em resposta, encontramos frequentes tentativas de se lacrar fronteiras, ao passo que, em outros momentos, fomenta-se a recepção. Entretanto, com os corpos humanos, migram as histórias e migram os intelectos; e o foco principal deste livro é justamente o impacto desses movimentos para a história do conhecimento.
Os textos que compõem Línguas e jargões estudam as línguas semiprivadas, dialetos ou jargões desenvolvidos por diferentes grupos sociais, analisando suas funções e mudanças através do tempo. Em seu conjunto, estes ensaios constituem contribuição definitiva à história da linguagem e à sociolingüística.
A Era Vargas reúne ensaios que procuram retratar o contexto e o significado histórico do projeto varguista. Em comum, os textos compartilham a perspectiva de que, se é verdade que a ação pessoal não é o motor da história, em certas ocasiões, sobretudo em momentos de crise de modelo, a ação política assume papel crucial para encaminhar soluções emergenciais e rotas estratégicas para o desenvolvimento nacional.