Leituras de teatro moderno em Portugal
Quando, no fim do século 19, a forma dramática baseada no diálogo e nas ações decorrentes de relações intersubjetivas entra em crise pela incapacidade de expressar a situação do sujeito no contexto social, o foco da dramaturgia volta-se para o sujeito isolado e introvertido. Essa forma de representação viria a caracterizar não apenas o teatro, mas a arte moderna em geral. Esse sujeito, transformado em “coisa”, peça da engrenagem industrial, ao poucos vai perdendo a capacidade de diálogo e vê sua vontade de agir cerceada pelo sistema socioeconômico decorrente do avanço do capitalismo industrial. Com a rarefação do diálogo o drama sobreviveria transformando-se. Daí, o teatro moderno ser povoado de personagens introvertidas e autocentradas, mais afeitas ao monólogo. Neste livro aautora busca entender o teatro moderno a partir de personagens que carregam essas características – o protagonista do drama homônimo de Auguste Villiers de l’Isle-Adam (1838–1889), o misantropo radical Axel, que renuncia à vida para não ver frustrados os seus sonhos; e o ícone do homem atual, ou seja, o homem solitário e oprimido pelo mundo circundante, figurado em O grito (1893), quadro do pintor norueguês Edvard Munch (1863–1944). No decorrer da obra ela aborda criações que compõem a história do moderno teatro português entre o fim do século 19 e as primeiras décadas do 20. Entre os autores analisados, estão Eugénio de Castro, Manuel Teixeira-Gomes, Mário de Sá-Carneiro, Fernando Pessoa, António Patrício, Raul Brandão e Branquinho da Fonseca.
Departamento de literatura da Faculdade de Ciências e Letras Unesp, câmpus de Araraquara (SP).
Coletânea de 24 estudos acerca de obras de língua portuguesa que se situam na área fronteiriça entre história e literatura. Assumindo este foco, as discussões empreendidas cobrem um período que vai da Idade Média até nossos dias, envolvendo, assim, um riquíssimo elenco de autores: de Camões a Vieira, Herculano e Antero de Quental, entre outros.
A escrita de Florbela faz parte de um movimento de renovação que teve lugar no Portugal dos anos 20 e 30, e quem vem na (con)seqüência do alto Modernismo de 1913-1917 com o seu epicentro no Orpheu de Fernando Pessoa e Sá-Carneiro. Mas não tem parecido assim. Esta série de análises apaixonadas e sistemáticas de Renata Soares Junqueira traz essa contribuição preciosa para a reavaliação e releitura de uma das vozes mais intensas do moderno lirismo em português. Fernando Cabral Martins. Universidade Nova de Lisboa.
Os textos que compõem Línguas e jargões estudam as línguas semiprivadas, dialetos ou jargões desenvolvidos por diferentes grupos sociais, analisando suas funções e mudanças através do tempo. Em seu conjunto, estes ensaios constituem contribuição definitiva à história da linguagem e à sociolingüística.
O que se sabe sobre as origens de Roma, a cidade que se tornaria um dos maiores e mais sólidos impérios que o mundo jamais conheceu? Essa questão permanece no âmago da cultura ocidental há vários séculos. Entre o estudo da vasta e rica literatura antiga sobre os princípios da Urbe e a análise das descobertas arqueológicas das últimas décadas, este livro demonstra o que de realmente histórico destaca-se nas lendas. É um convite à compreensão do fenômeno primordial que foi, para a história e o pensamento europeus, o nascimento da cidade.
Os elos entre a filosofia e a história são o tema deste estudo. A base teórica é o pensamento do historiador Paul Veyne, que reflete sobre a sua prática de um ponto de vista que leva em conta questionamentos de cunho filosófico. A partir daí, são apontadas questões filosóficas que o historiador deve levar em conta em suas pesquisas. Ao longo do livro são definidos e encadeados elementos constitutivos da tarefa narrativa do historiador e da sua construção teórica. Temas que dizem respeito ao objeto da história e à causalidade histórica, assim como relações entre conceito, acontecimento e totalidade histórica, são enfocados, como também as diferentes concepções filosóficas da ligação entre o ato de narrar em si mesmo e o de construir filosoficamente essa narrativa.